Cafeteria em SP investe em modelo de negócio com impacto social
Você já ouviu falar em empreendedorismo social? O PEGN conversou com um consultor para explicar esse conceito.
Segundo Mauricio Vidor, consultor de negócios, ele é a junção de negócios com impacto social. “Ele busca alinhar tanto a questão de intenção de transformar o mundo, como também ganhar dinheiro e mostrar que as duas coisas são possíveis”, conta.
Em São Paulo, um café, que também é um coworking, investiu num modelo de negócio de impacto social. O grande diferencial dele para todos os outros é que ali, todos os funcionários foram indicados por ONGs que atuam na periferia da capital ou em cidades da Grande São Paulo.
Para Carolina Lisboa, subgerente do hotel, eles não queriam apenas ganhar dinheiro, queriam ter um propósito social e estão conseguindo.
Carolina foi convidada pelos investidores do hotel a montar o café num espaço ocioso no térrea. Logo após, ela contratou João Clímaco para ser gerente. Juntos tiveram a ideia de focar num negócio com impacto social.
"A gente fez contato com ONGs parceiras que faziam algum tipo de trabalho social de inserção dessas pessoas no mercado de trabalho, então ONGs com inserção de refugiados, que ajudavam pessoas de regiões carentes da cidade de São Paulo e que ajudavam jovens em busca do primeiro emprego. Foi nessas ONGs que a gente chegou para poder buscar as pessoas que a gente precisava para tocar esse negócio", conta Clímaco.
Para começar, ninguém mandou currículo, todos os indicados pelas ONGs enviaram vídeos de um minuto falando sobre sua própria vida e sonhos. Carolina conta que eles buscavam pessoas que trouxessem para eles o que tinham de vida, a história da pessoa, o brilho no olho e a vontade de dar certo.
A cozinheira Mônica estava desempregada e foi indicada pela ONG Afro Business. “Tem muitas pessoas precisando de uma oportunidade dessa, e é o que a gente precisa: ser acolhido como uma família, como nós somos aqui", comenta.
Setenta por cento dos itens oferecidos pelo café são preparados por nano fornecedores, geralmente MEIs familiares. Carolina conta que eles colocam placas de identificação em todos os produtos, mostrando para os clientes quem produz, e caso a pessoa se interesse, ela pode comprar diretamente do fornecedor.
Impacto social
Uma das receitas de sucesso do negócio é feita num conjunto de casas na periferia de São Paulo. Márcia prepara e fornece bolo indiano pelo menos uma vez por semana, desde a inauguração da cafeteria ano passado.
Ela já tinha feito curso de culinária na ONG Empregue Afro e foi indicada por eles para fornecer os bolos para o café do hotel. Ela recebeu apoio para se profissionalizar.
“Para fornecer bolo para grandes empresas, tive que padronizar a etiqueta nutricional e ter logomarca”, conta.
O modelo de gestão inclusiva está presente em cada detalhe do negócio. Tanto funcionário quanto cliente pode usar o mini estúdio para gravar vídeo e divulgar produtos e serviços. O investimento inicial para montar o café foi de R$ 450 mil. A previsão era de 2 anos para retorno desse capital e EM 11 meses isso já foi possível.
Alma do Negócio
Deu vontade de investir num negócio que cause impacto social ou ambiental? Segundo um levantamento feito em 2017 com 579 negócios com esse perfil em todo o Brasil, 70% já estão formalizados, 40% foram criados há menos de 3 anos, 63% se concentram no Sudeste e, deste total, 43% estão no estado de São Paulo.
O consultor Mauricio Vitor diz que para montar esse tipo de negócio é preciso ter, em primeiro lugar, "a intencionalidade, tem que nascer para resolver problema socioambiental e ter modelo de negócio viável".
O mapeamento foi feito pela plataforma Pipe Social, criada para fomentar o ecossistema de negócios de impacto no Brasil.
A maior parte dos negócios com impacto socioambiental foca a área de educação, depois tecnologias verdes e, por fim, cidadania e saúde.