Grande sucesso a campanha reciclar cápsulas de café em casa em Portugal
Tem cápsulas de café em casa? Saiba que as borras podem ser recicladas e transformadas em fertilizante para terrenos de cultivo. Em dez anos, em Portugal, já foram doadas 600 toneladas de arroz ao Banco Alimentar através da campanha "Reciclar é Alimentar". No ano passado, a iniciativa atingiu o recorde de 100 toneladas.
O Banco Alimentar uniu-se à marca de cafés Nespresso, em 2010, que criou a campanha "Reciclar é Alimentar". A iniciativa já ajudou 2400 instituições de solidariedade social, com 12 milhões de refeições.
O processo é simples: os consumidores da marca de cafés guardam as cápsulas usadas num saco reciclável, feito de plástico verde a partir de cana de açúcar, que lhes é entregue na altura da compra das cápsulas. Quando cheio, o saco pode ser devolvido no momento da entrega de uma encomenda online, num dos cerca de 200 pontos de reciclagem da marca ou nas lojas Nespresso. A reciclagem das cápsulas acontece em Loures e o alumínio segue para Viana do Castelo, onde também é reciclado.
"A Nespresso queria ter um projeto que fosse sobretudo ambiental. Surgiu a ideia de se aproveitarem as borras do café e não só reciclar o alumínio, pelo que se decidiu fazer adubo das borras para produzir arroz. Como o arroz não podia ser comercializado, foi escolhida uma entidade, neste caso o Banco Alimentar, responsável por distribuir o arroz pelas instituições", revelou Isabel Jonet, presidente da federação portuguesa dos bancos alimentares, esta quarta-feira, num almoço solidário de balanço da iniciativa. "O projeto gera muito impacto social e ambiental. Temos tido reflexos bastantes positivos e por isso prevê-se que a mesma continue", acrescentou.
O arroz é produzido na Herdade das Figueiras, em Santa Margarida do Sado, única plantação para onde é escoado o fertilizante.
Sandra Conceição, responsável da área da sustentabilidade da Nespresso conta que não são só as borras que são recicladas. O alumínio, que é infinitamente reciclável, é encaminhado para as fileiras normais de reciclagem, permitindo assim devolver ao circuito outros objetos feitos desse material como canetas, máquinas fotográficas, canivetes e bicicletas.
No futuro, a marca pretende tornar-se ainda mais sustentável. "Aumentar a taxa de reciclagem, que atualmente se situa nos 23%, mas que tem vindo a crescer. Quanto mais reciclarmos, mais vamos poder ajudar", afirmou a responsável. "Este tipo de iniciativa leva a que os consumidores façam mais reciclagem", sublinhou
Para celebrar os 10 anos de campanha, a associação Ajuda de Mãe acolheu um almoço solidário, onde estiveram presentes mães que beneficiam deste arroz. Maria Flor Mendonça, uma das diretoras do centro, conta que a associação apoia cerca de 200 mães por mês. A iniciativa ajuda tanto as mães a quem a associação fornece cabazes personalizados, após avaliação de serviço social, como também alimenta mães alojadas nas três residências da associação.
O sucesso da iniciativa foi tanto que já foi replicada pela marca em Espanha e Itália, onde está a ser cultivado arroz em solos adubados com borras de café que é depois distribuídos a instituições sociais.