Cafeteria promove formação de barista para jovens de baixa renda
Depois de morar dois anos na Nova Zelândia e ter contato com os chamados cafés especiais, Diego Gonzales, 39, fundou a primeira unidade do Sofá Café, em 2011. Um dos destaques da cafeteria é a torra dos grãos de café, que é feita na unidade Pinheiros, a primeira aberta pelo empresário. Além da venda dos produtos de fabricação própria, a Sofá Café também oferece cursos, consultoria e o projeto social Fazedores de Café.
Gonzales conta que a ideia do programa surgiu quando ele se perguntou como poderia promover a transformação através da bebida. O empreendedor teve a ideia de criar um curso gratuito para dar uma chance a jovens acima de 17 anos com dificuldades em ingressar no mercado de trabalho, ainda mais no nicho das cafeterias que carece de bons profissionais. Entre eles estão os de baixa renda e em situação de risco, como a comunidade LGBT, refugiados e imigrantes.
Ele iniciou o projeto em 2014. Entre os parceiros – que já são mais de 40 – estão as ONGs e assistentes sociais que fazem a captação desses jovens e os acompanham e prestam apoio durante todo o processo. Durante 2 meses e meio, com aulas de três horas de duração por dia, os alunos recebem treinamentos que englobam desde a produção do café, gestão de um negócio e até normas da vigilância sanitária.
Tudo é bancado pelo Sofá Café: material didático, alimentação, transporte e camiseta do programa. Além disso, o Fazedores de Café é apoiado por nomes da indústria, como a Leitíssimo, que oferece o leite utilizado durante o treinamento, e a Revista Espresso, especialista no ramo do café. Além das empresas, o projeto é aberto à participação voluntária daqueles que se interessarem em ajudar de alguma forma.
Ao término do curso, os novos profissionais têm a oportunidade de participar de um estágio supervisionado durante 15 dias nas cafeterias parceiras. Entre elas, já estiveram nomes como a Octávio Café, Suplicy, King of the Fork e Urbe Café. O aproveitamento dos recém formados no mercado chega a 92%.
Atualmente, o Fazedores de Café se prepara para receber sua nona turma. “A gente vê mudança na vida desses jovens”, afirma Diego. O fundador relembra casos de jovens de saíram do tráfico cumprindo medidas socioeducativas e participaram do programa e outros que se utilizaram da experiência para bancar a faculdade. Hoje o curso é coordenado por um ex-aluno da primeira turma do Fazedores de Café.
Com o projeto social, o Sofá Café ganhou o selo Transcendemos de Empresa de Respeito por inclusão e diversidade. Além disso, o programa foi levado para o interior. Os fundadores e apoiadores realizaram o curso durante 8 meses no Espírito Santo, capacitando os filhos de produtores do campo. Neste ano, pretendem levar o Fazedores de Café à Bahia.
Rede já tem unidade no exterior
Sandra Regina Somin Quevedo, 56, foi a primeira franqueada da marca em 2014 e em 2017 tornou-se sócia de Diego. Ela conta que no início das atividades, muitas pessoas procuravam o Sofá Café em busca de orientações sobre o que dizia respeito a cafeterias. Foi então que o fundador suturou um plano de business de cafeterias.
Os cafés especiais comercializados pela rede consistem naqueles que recebem uma pontuação de acordo com a pureza. Os grãos são escolhidos a partir de uma seleção obtida através de fazendas homologadas e o chamado “cupping” é feito, levando em consideração aspectos como acidez e doçura do café. Quanto maior a nota, mais puro é o café. A Sofá Café dá preferência àqueles a partir de 82 pontos e aos grãos de colheita manual.
A rede conta com cursos de baristas que variam em relação a custo e duração. Os mais simples, como o “Café para quem quer saber mais” tem duração de 6 horas e demanda investimento de R$ 290. Os mais complexos, como os de barista, são divididos em dois dias de curso totalizando 12 horas e os interessados devem desembolsar R$ 720 reais.
Já a consultoria trata de assuntos como a elaboração de blends de café, treinamento de equipes e auxílio a abertura de uma cafeteria. Os valores variam de acordo com as necessidades do cliente e o tipo de consultoria escolhida.
Hoje, as franquias do Sofá Café estão presentes em quatro endereços de São Paulo e um do Rio de Janeiro. O faturamento mensal das unidades é variável, mantendo uma média de R$ 100 mil. A marca conta também com uma loja própria na cidade de Framingham, em Massachusetts, nos Estados Unidos.