Escândalo político no Brasil reflete na ICE e café tem forte retração
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US voltaram a despencar nesta quinta-feira. Mas as quedas do dia não estiveram atreladas a fatores técnicos. Um escândalo de proporções imensas atingiu a política brasileira, acertando em cheio a cúpula do governo federal e um dos partidos aliados, o que fez com que o país amanhecesse em um clima de total desorientação. E essa desorientação teve um reflexo direto nos mercados. A Bovespa, principal bolsa de valores local, teve um circuit break logo pela manhã e fechou o dia com enormes perdas. Já o dólar chegou a ter avanço de 10% ante o real e fechou a quinta-feira com incremento de 8,15%. Diante disso, os brasileiros se mostraram bem mais ativos no mercados internacional, vendendo em moeda norte-americana e aferindo lucros em real. Tal procedimento, evidentemente, teve efeitos no terminal nova-iorquino, que registrou perdas consideráveis. O julho chegou a romper a referência psicológica de 130,00 centavos. No físico brasileiro, a quinta foi totalmente travada, com os compradores se mostrando de lado. A ideia de preço para bons cafés no sul de Minas Gerais variou no patamar de 475 reais, no nominal.
De acordo com analistas internacionais, a sessão do dia foi caracterizada pela atenção ao que ocorria no Brasil. A notícia sobre um amplo sistema de corrupção que atinge diretamente até o presidente do país foi apresentada no começo da noite de quarta-feira e, assim, os seus efeitos bombásticos só foram sentidos nesta quinta nos mercados. E esse nervosismo também foi transferido para o café, que experimentou perdas substanciais ao longo de todo o pregão. A abertura das atividades se deu com pequena retração, mas, tão logo o câmbio brasileiro começou a mostrar suas "garras", perdas mais efetivas foram identificadas. A máxima da sessão, em 133,20 centavos, foi também o nível de abertura. As perdas se mostraram progressivas e o nível de 130,00 centavos foi vencido, com o fechamento também se dando abaixo desse referencial. A mínima do pregão atingiu os 129,30 centavos.
"O Brasil viveu um tsunami político em questão de poucas horas e isso afetou fortemente o segmento de café. Os participantes estiveram praticamente o dia todo focados no que ocorria no país e as possíveis reverberações que essa crise vai trazer para a economia. É possível que o dólar continue a subir nos próximos dias, principalmente ante a percepção de que o presidente do país já não tem mais sustentação, mas, ainda assim, se recusou a renunciar ao cargo", disse um trader.
Ainda nesta quinta, o governo dos Estados Unidos divulgou que o número de pedidos de auxílio desemprego no país caiu, contrariando as expectativas do mercado. O número de norte-americanos com esse tipo de ajuda é o menor em 28 anos e meio. O volume de seguros caiu 4 mil, indo para 232 mil, ao passo que o mercado trabalhava com uma projeção de que tais solicitações chegariam a 240 mil.
No mercado externo nesta quinta, as bolsas de valores nos Estados Unidos apresentaram altas modestas, ao passo que as commodities softs tiveram ganhos para o cacau e retração para café, algodão, suco de laranja e açúcar.
As exportações brasileiras no mês de maio, até o dia 16, totalizaram 782.854 sacas de café, queda de 0,93% em relação às 790.263 sacas do mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na ICE Futures US tiveram alta de 1.123 sacas, indo para 1.444.314 sacas.
Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem resistência em 133,20, 135,35, 135,50, 135,65, 136,00, 136,50, 137,00, 137,35, 137,50-137,55, 137,75, 138,00, 138,50, 139,00, 139,50 e 140,00 centavos de dólar, com o suporte em 129,30, 129,00, 128,65, 128,50, 128,00, 127,50, 127,00, 126,50, 126,00, 125,50, 125,10-125,00 e 124,50 centavos.
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