O Coffee Lab, uma das cafeterias mais premiadas do Brasil, lançou uma série de encontros on-line que formarão o curso História do Café. A estratégia visa garantir a sobrevivência do negócio enquanto forem necessárias as medidas de combate à proliferação do coronavírus, que incluem o fechamento de restaurantes e cafeterias na capital paulista.
O primeiro encontro trata da relação entre a bebida e os árabes. Para a instrutora do curso, Cristiana Couto, a escolha se deu pelo pioneirismo deles quando o fruto ainda estava sendo transformado em bebida. “Os registros escritos mais antigos de que se tem notícia são dos árabes, que foram os primeiros, até onde se sabe, a trabalhar a bebida. Por exemplo, os primeiros registros sobre torra de café, por volta do século XII, foram feitos por eles. É preciso lembrar que, até o século XIX, o café era concebido como medicamento, e os árabes foram grandes médicos naqueles tempos!”, declarou Couto, que é pós-doutoranda em História da Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde estuda as relações entre ciência e alimentação no Brasil do século 19 por meio dos livros de receitas.
Couto é também jornalista especializada em gastronomia, com passagens por sites e jornais, como Folha de S.Paulo, e revistas como a Prazeres da Mesa, Menu e Revista Espresso. Embora foque no Brasil em seus estudos, ela analisa que o pioneirismo árabe influenciou em toda a história do café. “A importância [dos árabes] foi enorme: eles dominaram as técnicas de cultivo, infusão e, mais tarde, de torrefação do café. Também deixaram textos médicos sobre a bebida”, apontou a pós-doutoranda.
Segundo Couto, a aula passa pela participação do café através de países como o Iêmen, que teve o primeiro porto do mundo a transportar o grão, o porto de Mokha. O curso, porém, não define a evolução da história por país e sim pela cultura árabe todo um todo, “que se expandiu por territórios da Europa sob seu domínio. Então, o tratamento na aula é da cultura árabe, não propriamente sediada em um ou outro país”, explicou.
Outro tópico do primeiro encontro são ‘as primeiras cafeterias no Oriente Médio’, em que a professora destaca a cidade de Istambul como um polo desse primeiro momento voltado ao consumidor.
O curso começa no dia 7 de abril e o último módulo acontece em 16 de abril. As aulas incluem, ainda, outros três encontros sobre a história da bebida no mundo, passando por Etiópia, Europa, Américas e regiões dentro do Brasil.