Expectativa de novos cortes da Selic derruba taxa de juro real a zero
Em um movimento quase inimaginável há alguns anos, a taxa de juro real do Brasil recuou praticamente a zero nos últimos dias, algo que, em tempos normais, sinalizaria uma política monetária bastante estimulativa. No entanto, diante de um choque sem precedentes na atividade em todo o mundo, a percepção de boa parte dos agentes é a de que o Banco Central efetuará cortes adicionais na Selic para tentar dar impulso à recuperação da economia mais à frente.
É justamente a expectativa por novas rodadas de afrouxamento monetário que tem derrubado as taxas futuras de juros na B3, num movimento que resulta em novas mínimas históricas do juro real de curto prazo. Cálculo do Valor Data a partir do contrato de swap de juro de 360 dias, descontada a projeção de inflação Boletim Focus para um ano, apontou na quarta-feira uma taxa de juro real de 0,08%, o nível mais baixo em toda a série histórica, iniciada em 2002.
A queda do juro real ajuda a dar uma dimensão da preocupação do mercado com o tamanho do contração econômica que está por vir. Nos últimos dias, bancos como J.P. Morgan e Barclays passaram a contemplar em seus cenários uma redução de 0,50 ponto percentual na Selic, apesar do discurso adotado pelo Banco Central de que o juro em 3,75% está em um nível adequado.