Indígenas peruanos produzem café de alta qualidade sem desmatar florestas
Dezessete comunidades indígenas das regiões de Cusco, Junín, Pasco e San Martín cultivam café sem desmatamento e melhoram sua renda familiar, com o apoio do Programa Nacional de Conservação de Florestas para Mitigação das Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente.
Essas comunidades amazônicas fazem parte das 274 comunidades indígenas, em todo o país, que firmaram acordos de conservação com o Programa Bosques para ter acesso a incentivos econômicos que lhes permitem desenvolver atividades produtivas sustentáveis e fortalecer o monitoramento de seu patrimônio florestal.
O maior número de comunidades membros do referido programa que cultivam café sem desmatamento está localizado em Pasco, província de Satipo. São nove no total, entre eles a Mencoriari, parceira do programa desde 2014, cuja produção de café nativa, apesar da pandemia covid-19, foi exportada recentemente para Alemanha e Estados Unidos.
Como estratégia de conservação, essa comunidade, assim como os demais integrantes do programa, implantam um sistema de café à sombra, ou seja, sem derrubar as matas, mas adaptando o plantio e a colheita do produto, entre os espaços deixados pelas árvores.
Com os recursos do incentivo, a comunidade pôde adquirir ferramentas e fertilizantes, além de receber treinamento. Da mesma forma, a partir de uma melhor gestão comunitária, tem conseguido articular-se com outros atores-chave como o Serfor e a CAF para fortalecer a comercialização de seus produtos.
Atualmente, Mencoriari (que significa "nuvem" na língua nomatsigenga) formou a Associação de Produtores Anchatosi e desenvolveu a marca "Café Sinchiri" (café à sombra), produzindo em média 840 sacas de café por ano, o que equivale a aproximadamente 50.400 quilos desse valorizado produto da floresta.
Este ano, apesar da pandemia, a comunidade conseguiu completar sua produção anual e enviar metade, cumprindo todos os protocolos de saúde, para uma cooperativa aliada que era responsável pela exportação. O resto da produção é colocado no mercado local e regional.
“Agradecemos ao Programa Bosques por esses cinco anos de acordo de conservação e todo o apoio recebido para melhorar nossa produção de café e cuidar das florestas”, disse o chefe da comunidade Mencoriari, Wilmer Mahuanca.
Na região de Cusco, as comunidades parceiras de Chakopishiato e Shima (distrito de Echarati) e Chirumbia, distrito de Quellouno, também produzem café sem desmatamento. O mesmo ocorre em Pasco, com as comunidades de Santo Domingo de Alto Azupizú e São Francisco de Alto Azupizú, localizadas no distrito de Puerto Bermúdez, província de Oxapampa.
Na região de San Martín, as comunidades de Yarau e De Shimpiyacu, província e distrito de Moyobamba, e Kachipampa, província de El Dorado, distrito de Tabalosos, também desenvolvem o mesmo produto sem afetar a floresta.