Estimativa de safra não pode ser exercício de alienação
Leia, na sequência, artigo de autoria de José Roberto Marques da Costa é diretor geral do site Agnocafé.
É recorrente e neste ano não seria diferente. Basta avizinhar uma safra de bianualidade baixa que aparecem os alienados ou os amotinados em salas de escritório (muitas delas já no frio do hemisfério norte) a apresentar longas considerações sobre a safra brasileira de café. Nada de presença in loco ou um contato maior com a realidade de zonas tão distintas, como o sul de Minas e sua estiagem, o cerrado mineiro e sua viabilidade de irrigação, o interior paulista e seu calor claudicante ou o centro cafeeiro capixaba com suas chuvas irregulares. Basta montar uma planilha, importar o logo da empresa e tentar influenciar o mercado.
Entretanto, o café brasileiro está longe das salas acarpetadas de instituições abarrotadas de engravatados.
A realidade das algumas das principais zonas produtoras de café do Brasil é muito mais complexa. A falta de chuvas em meses chave para o grão, como setembro e outubro, fez com que um desiquilíbrio considerável fosse processado.
As floradas atrasaram ou apareceram em períodos diferenciados, o que fará com que o desenvolvimento dos frutos seja irregular. O sul de Minas Gerais, hoje a principal zona cafeeira do país, reporta problemas gravíssimos, com algumas lavouras já tendo a previsão de que a safra será zero. Ao passo que outras sofreram com floradas em momentos díspares e outros problemas mais sérios. A Cocatrel, por meio do seu departamento técnico, reportou isso de forma muito séria, indo conferir o que está realmente ocorrendo com as lavouras, conforme é mostrado no vídeo que pode ser acessado no endereço https://youtu.be/3NbcLU0-pNQ.
Na semana passada, uma empresa, com até boa circulação entre o segmento cafeeiro, apresentou uma projeção de que a safra de 2021 do Brasil teria uma retração de 10% em relação a 2020. Esse percentual já seria natural apenas com a bianualidade da cultura. Mas, para piorar, ainda avaliou que, a partir de maio de 2021, os cafeicultores brasileiros iriam colher quase 61 milhões de sacas. Ou seja, praticamente o mesmo volume aferido pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ao longo de 2020, naquela que tende a ser a segunda maior safra da história do país.
Lamentavelmente, são números como que jogados ao vento, com o objetivo apenas de tentar fazer uma contrapartida a um cenário preocupante, no qual o clima tem um papel bastante relevante na formação de preços. Afinal, a estiagem e a irregularidade das chuvas vão fazer com que a produção do próximo ano, notadamente dos arábicas, seja bastante comprometida.
Agnocafé vem mantendo contato constante ao longo de anos e anos com produtores, exportadores, comerciantes e outros participantes do mercado em busca de ter informações sobre o segmento e também para aferir questões de relevância, como é o caso da produção brasileira. Nesse cenário, com a opinião de agrônomos, técnicos, produtores e outras pessoas que vivem o dia a dia das lavouras, o site trabalha com uma perspectiva de safra para o próximo ano em torno de 52 milhões de sacas, com a produção de arábica variando entre 32 e 36 milhões de sacas, ao passo que a de robusta entre 16 e 20 milhões de sacas.
Que as opiniões alienadas sejam posicionadas no lugar que merecem, apenas no contrapé de um mercado que é sério demais e que movimenta tantos recursos. São esforços demais despendidos por vários players de mercado para que apenas uma especulação baixista seja levada tão a sério.
Data: 03/12/2020 14:36 Nome do Usuário: Manoel Rabelo Piedade Comentário: a bel prazer e de acordo com suas necessidades de tumultuar o mercado e dando prejuizo para o produtor. Previões feitas sem critério e sem metodologia não podem valer.
Data: 03/12/2020 14:35 Nome do Usuário: Manoel Rabelo Piedade Comentário: sr. José Roberto, agradeço a sua opinião a respeito da safra futura. Precisamos de veículos e notícias responsáveis. Não podemos ficar a mercê de determinados grupos que fazem previsões de safra a be