Melhores cafés de Minas Gerais: conhecidos os grãos finalistas
Com todos os cuidados recomendados para evitar a disseminação da pandemia do novo coronavírus, e as regras municipais para realização de eventos, foi concluída nessa quinta-feira, 3 de dezembro, a 17ª edição do Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais. O local escolhido tem muito a ver com qualidade de café e produtos exclusivos: a loja do supermercado Verdemar, na avenida Nossa Senhora do Carmo, no bairro São Pedro.
O concurso é promovido pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com a Universidade Federal de Lavras, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas e a Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Faepe).
Prestigiado por empresários, especialistas e autoridades, como o vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, e o presidente da Emater-MG, Gustavo Laterza, oito jurados provaram os cafés finalistas, das 7h30 às 12h. “Nós procuramos eleger os melhores cafés. E quais são os melhores? São aqueles de características e sabores diferentes. Por exemplo, um café para o lado cítrico, de laranja, limão, abacaxi, como também podemos encontrar para o lado achocolatado ou o lado amendoado”, explica o coordenador da equipe de provadores de café, Jorge José de Menezes de Assis.
Segundo ele, nesses 17 anos do concurso, o produtor tem procurado melhorar o sistema de preparo e isso tem melhorado muito a qualidade dos cafés. “Nós temos uma diversificação muito grande, muito favorável em nível Brasil”, disse. Tudo aquilo que o produtor busca evoluir em qualidade lá no campo mostra seus resultados na hora da prova. E isso vem elevando as notas nas avaliações. “As médias têm nos surpreendido com relação à pontuação”, avalia Assis.
O que se considera um café de “excelência” em qualidade é aquele com pontuação acima de 90 pontos e, disse Assis, nesse concurso haverá muitos cafés acima de 90 pontos de média. “Ele tem que ser um café completo, tem que ter corpo, sabor, doçura, acidez, infinitas características”, ilustra
Para o presidente da Emater-MG, Gustavo Laterza, o concurso é uma oportunidade para reconhecer o trabalho em prol do desenvolvimento da cafeicultura e do café de qualidade, mas vai além. “É importante lembrar que tem um papel de divulgação e fortalecimento dos cafés especiais, que é outro objetivo do concurso”, informa. “Outro aspecto é o caráter educativo, porque existe um trabalho do extensionista da Emater com as famílias dos cafeicultores visando à melhoria continuada da qualidade dos cafés, compartilhando conhecimento e apoiando o trabalho dos cafeicultores”.
Outro aspecto citado por Laterza é que faz uma aproximação dos produtores de café de qualidade com o mercado, que tem a exigência de cafés especiais. “Tivemos também a participação do Verdemar, que venceu o edital de chamamento público para viabilizar o julgamento dessa etapa final da classificação das 40 amostras finalistas”.
Ele destaca também o papel da Emater no apoio ao produtor no campo para o desenvolvimento de um produto que possa conquistar o espaço nas gôndolas dos supermercados. “A Emater tem um orgulho muito grande de poder desenvolver esse projeto, conjuntamente com as parcerias e o governo do estado de Minas visando criar oportunidades aos produtores e também divulgar esse nobre produto que é o café de qualidade”, analisa.
O diretor Comercial do Verdemar, Alexandre Poni, que é também presidente da Associação Mineira de Supermercados (AMIS) destacou o trabalho “tão sério” da Emater, o esforço dos produtores para produzir um café de qualidade. “Eu acho que todo o contexto desse concurso está mostrando para aonde vai a cafeicultura de Minas Gerais, o café, está indo e a importância que ele vai transformando em nossas vidas” avaliou e ilustrou a mudança na escolha do café por parte dos consumidores. “Nós aprendemos a tomar o café preto. Hoje o café já não é mais preto, é marrom. E por que marrom? São essas qualidades, que você pode beber o café sem açúcar e sentir o gosto, a qualidade do fruto do café”.
Poni disse ainda que o mineiros e o brasileiro têm que aprender a beber café de qualidade. Não mais café queimado, mas que seja um produto gostoso, que possa se sentir o sabor do fruto. “Acho que a importância é essa”.
Ele destacou a parceria com a Emater para se realizar essa prova final na loja do Verdemar para mostrar e valorizar ainda mais a cafeicultura mineira. “Acho que isso é o mais legal, o mais bacana dessa história de estar aqui. Acho que é um aprendizado. Os melhores cafés de Minas Gerais estão aqui.”
A prova se dá por números e lotes sem que se possa saber a região origem nem o produtor durante a avaliação que vai apresentar o campeão do estado. O certo é que os melhores já têm destino certo. “Esse grande campeão eu espero que esteja na gôndola ano que vem. O do ano passado, está na gôndola até hoje, foi de Espera Feliz, revela Poni. “E a emoção é ver que foi um pequeno, um micro produtor, que ganhou como o melhor café de Minas. Aí a gente começa a ver a dedicação, o amor que esses produtores têm pelo cultivo do café”.
Em 2019, o campeão estadual foi o cafeicultor Paulo Gomes, do município de Espera Feliz, região das Matas de Minas.
Este é o terceiro ano em que o Verdemar participa desses concursos do café, e disse Poni, cada vez mais valorizar o café e trazer isso para o consumidor. “Criar valor agregado, criar sentimento, de certa forma, em cima do café”.
É também o supermercado servindo de canal para distribuição dos produtos mineiros. “Essa iniciativa que o Verdemar está fazendo, não é para o Verdemar, é para o setor cafeeiro. E penso que a gente vai valorizando o que é de Minas” avalia o diretor do Verdemar. “O grande desafio é fazer o consumidor provar. Às vezes não provar só uma vez, um café especial, ele tem que provar mais, até cinco, seis vezes que aí ele começa a sentir a diferença”, conclui.
O coordenador técnico estadual de Cafeicultura da Emater-MG, Bernardino Cangussu Guimarães, avalia que o estado produz café de variados sabores e nuances e estão em regiões que muitas vezes não são exploradas pelos mercados de qualidade, principalmente, quando se trata do pequeno cafeicultor.
“A Emater promove esses concursos na busca de garimpar e trazer os melhores cafés que nós não sabemos onde estão e mostrá-los aos consumidores, como nesse caso com importantes parceiros que são os supermercados” ressalta. “Esse concurso busca posicionar o estado de Minas Gerais como referência da produção de cafés de qualidade e exótico”.
Ele lembra ainda que o concurso inclui produtores de diversas regiões de estado o que amplia ainda mais a sua importância. “Temos regiões que produzem cafés de montanha, em regiões mais baixas, café no cerrado, na chapada cada característica dessas regiões produz um café diferente, apreciado no mundo inteiro. Essa diversidade de características regionais produz cafés cada vez mais exóticos” ressalta.
Queijos - Os mineiros se orgulham de produzir os melhores cafés do Brasil. Quando se fala de queijo, não é diferente. Enquanto provadores testavam os 40 lotes de cafés para eleger os três melhores do estado, em queijos, esse resultado já era conhecido. Durante o evento, foi apresentado os três melhores queijos mineiros eleitos em concurso semelhante. As amostras foram oferecidas para degustação e, num dos melhores dilemas, quem experimentava arriscava seu palpite entre os três. Na verdade, já estavam eleitos de primeiro ao terceiro lugar, porém não revelado o produtor, nem a região.
Segundo o coordenador técnico estadual de queijo artesanal da Emater-MG, Milton Nunes, foram convidados todos os produtores cadastrados e registrados no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) para participar de uma etapa única, já que, devido à pandemia, não foi possível realizar as etapas municipais regionais.
No dia 25 de novembro, 185 produtores tiveram os queijos julgados e passaram por uma segunda etapa que classificou 20 queijos. Desses 20, saíram o campeão, o vice e do terceiro ao quinto lugares. “Nós trouxemos hoje o campeão, o vice-campeão e o ganhador do júri popular para apresentar aqui no Verdemar, aproveitando essa oportunidade do concurso do café”, disse Nunes.
Os resultados de quais são os produtores e de que região são serão conhecidos no dia 9 de dezembro, quando vão ser revelados também os vencedores nos cafés.
Segundo Nunes, essa integração de produtores e o supermercados “é a junção perfeita”, já que envolve supermercadistas que têm essa visão de ter um produto diferenciado, e do produtor rural. “Ele entende que pode mais, ele não precisa ficar sempre vendendo da mesma forma, ele pode agregar valor ao seu produto. E a única forma é você expandir as fronteira e pensar para fora da porteira”, relata. “Inclusive, ouso dizer que o supermercado Verdemar é um exemplo. O que ele já faz é a forma que nós temos de transformar a vida das famílias rurais”.