Mudanças das regras na ICE fazem Brasil ultrapassar Honduras nos certificados
Por José Roberto Marques da Costa
Depois da forte pressão dos traders, em setembro do ano passado, que culminou com mudanças de algumas regras feitas pela ICE Futures de Nova Iorque sobre o grau de qualidade do café dos estoques certificados, o café brasileiro, pela primeira vez na história, vai superar o café hondurenho nos armazéns dessa bolsa de produtos. Isso deve se dar já na próxima semana.
A cada dia que passa essa diferença diminui: atualmente, o café brasileiro representa 41,7% do total (715.781 sacas ) e o grão originário de Honduras 46,7% (800.903 sacas). Nesta semana, o estoque do café brasileiro teve alta de 71.825 sacas e o hondurenho somente subiu 4.499 sacas. Hoje, os estoques certificados em Nova Iorque tiveram alta de 9.226 sacas, subindo para 1.715.781 sacas.
Em setembro do ano passado, antes da reclassificação, que para Agnocafé foi uma "mudança escandalosa" das regras para beneficiar os grandes traders, o Brasil tinha 975 sacas de café armazenadas na ICE, o que representa somente 0,05% e Honduras predominava, com 1,486 milhão de sacas, cerca de 70% do total dos estoques na bolsa nova-iorquina.
Caso não existisse esta "mudança escandalosa" na regra, hoje os estoques certificados da ICE Futures estariam bem abaixo de 1 milhão de sacas, o que mudaria completamente a performance do mercado. Na época dessa mudança, não apareceu nenhuma liderança dos produtores para criticar. Somente a Agnocafé protestou com o artigo "Mudanças de regras no meio do jogo"
É como estar jogando uma partida de futebol e, durante o jogo, um time faz um gol com jogador impedido, mas o juiz confirma o gol, justificando que a regra foi "abrandada" e, a partir daquele momento, gol impedido vale. É isto o que ocorreu com o café na ICE Futures. O café que era reprovado para entrar nos estoques certificados, de um dia para o outro, passou a ser aceito.