Carvalhaes: físico brasileiro permanece o mesmo, calmo e quase paralisado
Leia, na sequência, comentário semanal apresentado pelo Escritório Carvalhaes, de Santos.
Com o término da rolagem para setembro dos contratos de café com vencimento em julho próximo na ICE Futures US, as cotações do café em Nova Iorque esta semana oscilaram bastante no dia a dia, mas apontando para uma retomada nos preços. Até o fechamento de ontem, quinta-feira, o balanço da semana para os contratos com vencimento em setembro próximo já acumulava alta de 145 pontos. Hoje, a informação da subida na próxima semana da primeira frente fria deste inverno - e com potencial para ameaçar os cafezais do sudeste brasileiro - levou a uma correção maior dos preços na ICE. Os contratos para setembro próximo subiram nesta sexta-feira mais 440 pontos, encerrando a semana com ganhos de 585 pontos. Na semana passada esses contratos recuaram 735 pontos.
Reforçaram o cenário de alta na ICE, novas informações do USDA, o departamento de agricultura dos EUA, sobre a safra mundial de café 2021/2022 e o fortalecimento do real frente ao dólar ao longo da semana.
Os fundamentos de alta do mercado ficaram ainda mais robustos esta semana com a divulgação da estimativa do USDA para a produção mundial de café 2021/2022. Para o USDA a produção mundial ficará em 164,84 milhões de sacas de 60 kg., com queda de 6,2% sobre a safra 2020/2021, estimada por eles em 175,81 milhões de sacas. Para o USDA, nossa safra 2021/2022 será de 56,3 milhões de sacas, contra 69,9 milhões de sacas em 2020/2021. As demais notícias a respeito dos fundamentos, que levaram à escalada dos preços nos últimos meses, continuam sólidas e apontando para um ano safra 2021/2022 com dificuldades para o abastecimento do mercado mundial, que apesar da pandemia do Covid 19 cresceu 1,9% no ano safra 2020/2021.
Depois de mais de um ano acima de R$ 5, o dólar perdeu fôlego e deu espaço a uma valorização do real, que nesta semana se tornou a divisa de melhor desempenho contra a moeda americana no ano. Diversos analistas já projetam níveis abaixo dos atuais R$ 4,90 para a moeda americana devido a uma conjunção de fatores, como o rali das commodities, a elevação da taxa básica de juros e as perspectivas mais fortes de crescimento econômico (fonte: jornal Valor Econômico).
Em reais por saca, os contratos para setembro fecharam hoje valendo R$ 1030,54. Ontem fecharam a R$ 995,11. Encerraram a sexta-feira passada a R$ 1004,92.
O mercado físico brasileiro permaneceu o mesmo, calmo praticamente paralisado. Repete esse comportamento nas três últimas semanas. Continuou hoje o interesse comprador, mas o valor das ofertas, apesar de subirem hoje com a alta em NY e no dólar, continuaram afugentando grande parte dos cafeicultores, que ficam fora do mercado aguardando preços mais altos. Hoje saíram alguns negócios, mas foram poucos para uma entrada de safra nova. Os negócios continuam travados no mercado físico brasileiro.
As indústrias que abastecem o mercado interno brasileiro de café, o segundo maior do mundo, continuam enfrentando fortes dificuldades para conseguirem o volume de café necessário para atender suas necessidades. Os relatos são de, que por necessidade, estão aumentando a participação de café conilon em seus blends. A produção brasileira de café 2021/2022 será intensamente disputada entre as indústrias que abastecem o consumo interno, as indústrias de café solúvel e os exportadores responsáveis pelas exportações brasileiras de café, a maior do mundo.
Até dia 24, os embarques de junho estavam em 1.703.982 sacas de café arábica, 145.814 sacas de café conillon, mais 147.111 sacas de café solúvel, totalizando 1.996.907 sacas embarcadas, contra 1.352.788 sacas no mesmo dia de maio. Até o mesmo dia 24 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 2.523.244 sacas, contra 2.711.764 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 18, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 25, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo 585 pontos ou US$ 7,74 (R$ 38,21) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 18 a R$ 1018,67 por saca, e hoje dia 25 a R$ 1030,54. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 440 pontos.