Geadas: Precisamos aguardar para termos um quadro mais nítido das perdas
Escritório Carvalhaes
A semana foi marcada pela passagem de uma forte massa de ar frio, de origem polar, com centro de alta pressão com 1031 milibares, trazendo um acentuado declínio da temperatura em grande parte do país. As regiões de café no Brasil foram atingidas com mais força nas madrugadas de terça, quarta e quinta-feira. A massa de ar polar trouxe temperaturas baixas e geadas pontuais, que queimaram folhas e ponteiros, em diversas áreas produtoras de café do Paraná, São Paulo e sul de Minas Gerais. Os relatos são de um número não desprezível de cafezais atingidos. Circularam muitas fotos e depoimentos pela internet, mas ainda não se tem um relatório confiável da extensão dos danos. É preciso aguardar o levantamento dos agrônomos para termos a extensão dos estragos nos cafezais pela massa de ar polar.
Com certeza houve perdas para a safra 2022 nas propriedades atingidas. A passagem da massa de ar polar é mais um desgaste para os cafezais brasileiros, já debilitados pela seca do segundo semestre do ano passado e do primeiro semestre deste ano. Nossos cafezais entraram no período de seca deste ano acumulando déficit hídrico e agora precisamos aguardar para termos um quadro mais nítido das perdas para a próxima safra 2022. A frente fria, logo no início dos meses de inverno, deixou os cafeicultores ainda mais preocupados e resistentes em vender nas bases de preço atualmente praticadas no mercado brasileiro.
Apesar da massa de ar polar, os contratos de café negociados na ICE Futures US em Nova Iorque apresentaram uma semana de queda. Abriram o pregão na segunda-feira em alta, que se acentuou ao longo do dia. Os contratos para setembro próximo fecharam o dia com ganhos de 490 pontos. Nos demais dias da semana fecharam no negativo. No balanço da semana caíram 475 pontos e fecharam a semana valendo US$ 1,5305. Na semana passada subiram 585 pontos e encerraram a sexta-feira valendo US$ 1,5780.
Em nossa opinião, a queda em Nova Iorque reflete interesses de curto prazo de operadores e especuladores, mais preocupados em não deixar os preços do café escaparem do controle em plena entrada da safra, de ciclo baixo, do maior produtor de café do mundo. Os fundamentos de alta do mercado continuam robustos, os mesmos que levaram à escalada dos preços nos últimos meses, e apontando para um ano-safra 2021/2022 com dificuldades para o abastecimento do mercado mundial de café. Os estoques brasileiros e mundiais de café são baixos, e apesar da pandemia do Covid 19, o consumo global cresceu 1,9% no ano safra 2020/2021. Nesta semana, com a passagem da massa de ar polar sobre os cafezais brasileiros, cresceu a preocupação com o tamanho da próxima safra brasileira de café 2022.
O dólar comercial subiu forte esta semana, 2,35% frente ao real. Hoje subiu 0,16% e encerrou a sexta-feira valendo R$ 5,0530. Sexta-feira passada encerrou o dia valendo R$ 4,9370. A alta refletiu a combinação de preocupações do mercado com o clima político em Brasília e com a proposta de reforma tributária do governo federal. A alta de 2,35% no dólar atenuou a queda dos preços do café em reais.
Em reais por saca, os contratos para setembro fecharam valendo R$ 1023,00. Ontem fecharam a R$ 1043,70. Encerraram a sexta-feira passada a R$ 1030,54.
Com Nova Iorque trabalhando em queda no decorrer da semana, em plena passagem de uma forte frente fria sobre os cafezais do Paraná, São Paulo e sul de Minas, o mercado físico brasileiro permaneceu sem vendedores. Continuou o interesse comprador, mas o valor das ofertas recuou, afugentando os cafeicultores. Os negócios no físico estão travados. Os produtores de café estão em plena colheita e sabem, melhor do que ninguém, a realidade sobre a quebra da safra. A comunicação em rede mudou radicalmente a qualidade e a rapidez da informação no campo. Eles se falam, trocam mensagens, opiniões e fotos ao longo dos dias nos incontáveis grupos de WhatsApp e informativos na internet. Recebem informações praticamente instantâneas em qualquer lugar através de seus celulares. Os sinais de internet há muito deixaram de ser privilégio das cidades. Não parecem dispostos a aceitar essas baixas especulativas.
Os reservatórios de usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste devem atingir níveis inferiores aos de 2001, ano em que houve racionamento de energia, até o fim de julho. A projeção do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em nota técnica obtida pelo jornal Valor Econômico, indica que eles vão chegar ao dia 31 deste mês com apenas 26,6% de sua capacidade máxima.
Até dia 1, os embarques de junho estavam em 2.118.340 sacas de café arábica, 230.000 sacas de café conillon, mais 170.638 sacas de café solúvel, totalizando 2.518.978 sacas embarcadas, contra 1.925.470 sacas no mesmo dia de maio. Até o mesmo dia 1 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 3.083.304 sacas, contra 3.279.630 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 25, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 2, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo 475 pontos ou US$ 6,28 (R$31,75) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 25 a R$ 1030,54 por saca, e hoje dia 2 a R$ 1023,00. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 335 pontos.
Data: 03/07/2021 10:17 Nome do Usuário: Francisco Comentário: 2021 ano de safra baixa. Em nossa região a colheita começou em maio. A coop recebeu até 30/06 apenas 6% do café q chegou em toda a safra de 2020. (Arábica).