Cafeicultor melhor do que ninguém, sabe o que está acontecendo com a produção

Escritório Carvalhaes

Semana conturbada para os negócios de café. Na segunda-feira, a ICE Futures US não trabalhou com o feriado dedicado ao dia da Independência nos EUA (domingo, 4 de julho, foi o dia da Independência nos EUA). Sem a referência das cotações em Nova Iorque, o mercado de café praticamente não abriu. Na terça-feira, em um dia de quedas expressivas das principais commodities nas bolsas americanas - caíram forte as cotações da soja (6,72%), do milho (6,9%), do trigo (4,1%) e do petróleo (3,4%) – os contratos de café para setembro próximo na ICE recuaram 495 pontos (3,23%). Recuperaram boa parte das perdas nos pregões de quarta e quinta-feira, e hoje trabalharam em queda moderada. Esses contratos encerraram a sexta-feira a US$ 1,5150. No balanço da semana caíram 155 pontos. Fecharam a sexta-feira passada a US$ 1,5305.

 Toda a movimentação nos contratos de café na ICE em Nova Iorque foi também influenciada pelo mercado cambial brasileiro, que encerrou mais uma semana de muita oscilação e fortes altas. A moeda americana subiu com força por toda a semana e ontem, no oitavo pregão seguido com o dólar fechando em alta frente ao real, chegou a bater em R$ 5,3090 - obrigando o Banco Central do Brasil a intervir no câmbio pela primeira vez desde março. Nesse período de oito pregões o dólar subiu 6,62% frente ao real. Hoje, com o feriado em São Paulo, maior centro financeiro do país, o dólar oscilou pouco e fechou em queda de 0,29%, a R$ 5,2390. Na semana passada também de alta forte, o dólar fechou a sexta-feira valendo R$ 5,0530.

 Em reais por saca, os contratos de café para setembro na ICE fecharam valendo R$ 1049,92. Ontem fecharam a R$ 1058,14. Encerraram a sexta-feira passada a R$ 1023,00.

 No mercado físico brasileiro, com Nova Iorque e dólar oscilando bastante no decorrer da semana, foi difícil a formação de preços em reais. O feriado nos EUA na segunda-feira, a forte queda das comodities agrícolas e do petróleo nas bolsas americanas na terça-feira e o feriado hoje no Estado de São Paulo, maior centro financeiro brasileiro, também dificultaram os negócios. O mercado mostrou sempre interesse comprador, mas o valor das ofertas não estimulou os vendedores. Saíram negócios, porém o volume foi baixo para um início de ano-safra.

 Após a passagem da frente fria sobre os cafezais do Brasil, em ano de seca histórica e safra baixa, os cafeicultores estão cautelosos e aguardam bases de preço mais altas. Em plena colheita, eles sabem melhor do que ninguém o que está acontecendo com a produção brasileira de café deste ano. Também sabem que os estoques de passagem são baixíssimos, estão praticamente zerados.

 As informações que chegam sobre a nova safra brasileira de conilon apontam para um volume final abaixo das expectativas do mercado no início dos trabalhos de colheita. Os fundamentos de alta do mercado continuam robustos, os mesmos que levaram à escalada dos preços nos últimos meses, e apontando para um ano safra 2021/2022 com dificuldades para o abastecimento do mercado brasileiro e mundial de café.

 A safra de café do Brasil que está sendo colhida parece ser ainda menor do que avaliações apontaram no início do ano, com o impacto de uma severa seca nos cafezais, e há preocupações com a próxima temporada, devido a problemas no desenvolvimento das lavouras, disse a especialista em soft commodities Judith Ganes. Após passar os últimos dias por lavouras nas principais regiões produtoras de arábica, como Sul de Minas, Cerrado Mineiro e Mogiana, Ganes está se deslocando para o Espírito Santo, maior produtor de grãos conilon. Essa é a terceira viagem de Ganes ao Brasil para verificar a safra atual, que ela considerou ter sido "devastada" pela seca e as altas temperaturas. Antes esteve no maior produtor e exportador do mundo em dezembro e fevereiro (fonte: Reuters).

 Até dia 8, os embarques de julho estavam em 212.586 sacas de café arábica, 11.788 sacas de café conillon, mais 29.039 sacas de café solúvel, totalizando 253.413 sacas embarcadas, contra 206.413 sacas no mesmo dia de junho. Até o mesmo dia 8 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 669.819 sacas, contra 542.612 sacas no mesmo dia do mês anterior.

 A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 2, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 9, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo 155 pontos ou US$ 2,05 (R$ 10,74) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 2 a R$ 1023,00 por saca, e hoje dia 9 a R$ 1049,92. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 75 pontos.

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