A cada semana que passa os fundamentos de alta se mostram mais robustos
Escritório Carvalhaes
O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, divulgou esta semana o balanço das exportações brasileiras de café no ano-safra 2020/2021 (julho de 2020 a junho de 2021). Elas totalizaram 45,6 milhões de sacas, um novo recorde histórico. O último recorde, de 41,4 milhões, foi conseguido no ano-safra 2018/2019. Para se ter uma ideia do crescimento do consumo mundial e da produção brasileira de café nas duas primeiras décadas deste século, no início do século 21, exportações brasileiras anuais ao redor de 20 milhões de sacas eram consideradas um excelente resultado (somos produtores e exportadores de café desde a primeira metade do século 18 e os maiores produtores e exportadores mundiais de café a partir de meados do século 19).
Nossa safra 2020/2021 também foi recorde e com o acelerado crescimento do consumo mundial de café neste início do século 21, chegamos a ela, em junho de 2020, praticamente sem estoques remanescentes de safras anteriores. Se somarmos o volume exportado por nós no ano-safra terminado em junho último, 45,6 milhões de sacas, ao total de café consumido em nosso mercado interno, 22 milhões de sacas (estamos sendo conservadores, deve ter ficado um pouco acima desse número), chegaremos a 67,6 milhões de sacas desaparecidas neste ano-safra.
Fica claro que não sobrou novamente estoque de passagem para ajudar nas exportações e no consumo interno no novo ano-safra 2021/2022, iniciado neste mês de julho. Safra de ciclo baixo na produção de arábica, e com quebra ainda maior devido aos sérios problemas climáticos que enfrentamos no segundo semestre do ano passado e no primeiro semestre deste ano. As informações que chegam sobre a nova safra brasileira de conilon apontam também para um volume final abaixo das expectativas do mercado no início dos trabalhos de colheita.
Com certeza não conseguiremos repetir a partir de agora, o mesmo desempenho nas exportações de café que tivemos no ciclo encerrado em junho último. Nossa safra 2021/2022 não produziu café suficiente para tanto. E o consumo mundial tende a acelerar com o avanço da vacinação contra a Covid 19. Para turvar ainda mais o cenário, nossos agrônomos já apontam para problemas, decorrentes da seríssima seca que enfrentamos, na próxima safra 2022/2023. Hoje, o respeitado engenheiro agrônomo José Braz Matiello, deu uma entrevista ao site “Notícias Agrícolas”, indicando os possíveis danos e problemas para 2022.
Como temos repetido dia após dia, a cada semana que passa os fundamentos de alta do mercado se mostram mais robustos, apontando para um ano-safra 2021/2022 com dificuldades para o abastecimento do mercado brasileiro e mundial de café. As ondas de frio que chegam sobre os cafezais brasileiros, como a da próxima semana, também trazem apreensão aos operadores com seu potencial para agravar um quadro já muito sério e preocupante. Distúrbios e problemas climáticos se sucedem, mês após mês, em todo o mundo. Não há por que termos confiança em um clima ideal nas regiões produtoras de café no Brasil até a chegada de nossa próxima safra em 2022.
Ontem foram divulgados os estoques de café verde no final de junho último nos EUA, maior consumidor de café do mundo. Eles recuaram 35,6 mil sacas se aproximando do menor estoque americano de café em seis anos. Em plena entrada de verão, época de crescimento de estoques no hemisfério norte (eles procuram acumular estoques nesta época, preparando-se para o inverno quando o consumo cresce substancialmente), esses estoques caíram, apesar do Brasil, maior exportador de café do mundo e maior fornecedor de café verde para os EUA, ter batido neste último ano-safra, terminado em junho, seu recorde histórico de exportação.
Hoje os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque trabalharam em forte alta por todo o pregão. Os para entrega em setembro próximo fecharam com ganhos de 430 pontos, a US$ 1,6135 por libra peso. Ontem fecharam com alta de 45 pontos e anteontem subiram 435 pontos. No balanço da semana esses contratos subiram 985 pontos, mais de 4%.
No mercado cambial brasileiro, o dólar passou o dia oscilando entre pequenas baixas e altas. Acabou fechando com ganhos de 0,02% a R$ 5,1150. Encerrou a sexta-feira passada a R$ 5,2390. A queda na semana foi de 2,27%.
Em reais por saca, os contratos para setembro fecharam hoje valendo R$ 1091,71. Ontem fecharam a R$ 1062,41. Encerraram a sexta-feira passada a R$ 1049,92. O forte recuo do dólar frente ao real esta semana, impediu uma alta mais significativa em reais.
Hoje, no mercado físico brasileiro, com Nova Iorque trabalhando em alta forte e o dólar oscilando próximo à estabilidade frente ao real, as ofertas subiram e cafeicultores que precisavam fazer caixa aproveitaram para vender um pouco de café. O mercado manteve o forte interesse comprador por toda a semana, mas o valor das ofertas continuou não estimulando os produtores a vender volumes maiores de café. Saíram negócios todos os dias, mas o volume foi baixo para um início de ano-safra. Os cafeicultores estão colhendo a nova safra e sabem, melhor do que ninguém, o tamanho da quebra na produção deste ano e os problemas já existentes para a produção de 2022. Vendem apenas o necessário para cumprir os compromissos mais próximos.
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 5.779.461 em 30 de junho de 2021. Uma baixa de 35.677 sacas em relação às 5.815.138 sacas existentes em 30 de maio de 2021. Até dia 15, os embarques de julho estavam em 517.973 sacas de café arábica, 45.346 sacas de café conillon, mais 58.685 sacas de café solúvel, totalizando 622.004 sacas embarcadas, contra 828.328 sacas no mesmo dia de junho. Até o mesmo dia 15 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 1.258.928 sacas, contra 1.305.268 sacas no mesmo dia do mês anterior.
O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil informou que no último mês de junho foram embarcadas 3.012.499 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 2,1% (63.118 sacas) menos que no mesmo mês de 2020 e 13% (350.483 sacas) mais que no último mês de maio. Foram 2.342.365 sacas de café arábica e 387.239 sacas de café conilon, totalizando 2.729.604 sacas de café verde, que somadas a 280.277 sacas de solúvel e 2.618 sacas de torrado, totalizaram 3.012.499 sacas exportadas em junho último.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 9, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 16, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo 985 pontos ou US$ 13,03 (R$ 66,65) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 9 a R$ 1049,92 por saca, e hoje dia 16 a R$ 1091,71. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 430 pontos.
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