Fundamentos sólidos levam as cotações do café a patamares mais altos
Escritório Carvalhaes
O mercado de café não se alterou nesta semana. Os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque continuaram oscilando forte. Hoje, os com vencimento em dezembro próximo bateram em US$ 2,0950 na máxima do dia e em US$ 2,0230 na mínima. Fecharam em queda de 505 pontos a US$ 2,0355 por libra peso. No balanço da semana caíram 40 pontos. Na semana passada subiram 410 pontos e fecharam a sexta-feira passada a US$ 2,0395. Todos os demais meses de vencimento fecharam hoje acima de US$ 2,06 por libra peso.
Apesar das fortes oscilações no dia a dia, reflexo dos interesses de curto prazo de operadores e especuladores, os fundamentos do mercado continuam sólidos e vão levando as cotações do café para patamares mais altos. Os problemas e incertezas climáticas são globais e afetam a produção de café nos principais países produtores. A Colômbia, segundo maior produtor de arábica do mundo, diminuiu sua estimativa de produção para 2021/2022, devido ao excesso de chuvas que derrubou a produtividade de seus cafezais.
Os caminhoneiros autônomos no Porto de Santos, por onde embarcamos aproximadamente 80 % das exportações brasileiras de café (os embarques de arábica são ainda mais concentrados em Santos), passaram a semana em greve. Uma reunião hoje entre lideranças marcou o final da paralisação para as 19 horas desta sexta-feira. Foram 5 dias sem transporte de contêineres dos terminais para o costado dos navios, atrasando ainda mais o fluxo dos cafés brasileiros para os mercados consumidores.
Duas notícias divulgadas esta semana tornaram o cenário futuro mais turvo. A Reuters divulgou, como matéria exclusiva, que tradings estão processando centenas de cafeicultores brasileiros pelo não cumprimento de contratos de vendas pré-acordadas. A outra notícia é que depois da China, agora a Rússia informou que irá limitar suas exportações de fertilizantes.
Nesta semana, entrou no radar dos operadores a rolagem para março dos contratos de café com vencimento em dezembro próximo na ICE em Nova Iorque.
Se avolumam as informações sobre quebra importante na safra 2022 de café arábica na zona da mata de Minas Gerais. Os analistas esperavam menos problemas de quebra nessa região, que não foi atingida com forte intensidade pelas três frentes frias do último mês de julho.
Hoje o dólar trabalhou em queda frente ao real. Fechou com perdas de 1,50 % a R$ 5,5220. Na sexta-feira da semana passada fechou valendo R$ 5,6460. Na semana, a moeda americana acumulou queda de 2,27 % frente à nossa moeda, revertendo parcialmente a alta de 3,71 % registrada no decorrer do mês de outubro.
Em reais por saca, os contratos de café para dezembro próximo na ICE em Nova Iorque fecharam hoje valendo R$ 1.486,83. Ontem fecharam a R$ 1.546,90. Na sexta-feira passada encerraram a semana valendo R$ 1.523,21. No mercado físico brasileiro, com Nova Iorque e dólar em queda acentuada nesta sexta-feira, os compradores diminuíram o valor de suas ofertas em relação ao ofertado nos demais dias da semana, e o mercado que já era de poucos negócios, travou de vez. Semana após semana, o cafeicultor brasileiro vende apenas o necessário para fazer “caixa” e cumprir os compromissos mais próximos.
Continuamos com a mesma opinião. Os fundamentos não mudaram, permanecem os mesmos e não devem se alterar tão cedo. As chuvas que começaram a partir do início de outubro, caem em muito bom volume, são essenciais para evitar uma quebra ainda maior, mas não estancarão instantaneamente o ciclo de perdas, e muito menos recuperarão o que já foi perdido para a safra do próximo ano. Nosso parque cafeeiro está enfraquecido e em condições difíceis. Cresce a cada semana que passa o volume de informações sobre perda significativa de flores que abriram nas floradas de outubro último.
Continua a escassez de lotes de café arábica destinados ao consumo interno brasileiro. O mercado físico brasileiro do conilon está firme, comprador. Com ofertas mais baixas, diminuiu ainda mais o número de vendedores.
Em nossa opinião a chegada das chuvas não mudou o comportamento dos cafeicultores no mercado de café. Todos os fatores que temos repetido semana após semana permanecem sem mudanças.
O inverno no hemisfério norte, estação em que o consumo de café cresce forte, se aproxima, e a pressão por mais matéria prima deve aumentar.
Até dia 5, os embarques de outubro estavam em 2.631.678 sacas de café arábica, 215.462 sacas de café conillon, mais 282.997 sacas de café solúvel, totalizando 3.130.137 sacas embarcadas, contra 2.892.698 sacas no mesmo dia de setembro. Até o mesmo dia 5 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 3.313.040 sacas, contra 3.008.299 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Até dia 5, os embarques de novembro estavam em 77.489 sacas de café arábica, 7.730 sacas de café conillon, mais 9.286 sacas de café solúvel, totalizando 94.505 sacas embarcadas, contra 70.482 sacas no mesmo dia de outubro. Até o mesmo dia 5 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em novembro totalizavam 428.743 sacas, contra 413.240 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 29, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 5, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 40 pontos ou US$ 0,53 (R$ 2,92) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 29 a R$ 1.523,21 por saca, e hoje dia 5 a R$ 1.486,83. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 505 pontos.