Os meeiros que trabalham nas fazendas do Espírito Santo tiveram prejuízo com a seca que afeta o estado. A meeira Alice Eque Nass, de 51 anos, que mora em Colatina, no Noroeste do estado, conseguiu produzir apenas uma saca e meia de café conilon em 2016. Com a baixa produção, ela precisou conciliar a produção de café com outras atividades para conseguir se manter.
Alice foi uma das pessoas que sofreram nas últimas duas colheitas, devido aos danos decorrentes do tempo seco e da falta de chuvas, que fizeram com que produtores e meeiros amargassem grandes prejuízos no estado. Para conseguir sobreviver sem o dinheiro do café, a meeira mudou um pouco a produção e passou a plantar, por exemplo, milho, feijão e aipim.
“Não dá para recuperar ainda, e estamos colhendo outros alimentos para conseguir sobreviver. Tem o tíquete-alimentação do meu filho e também vendemos algumas sacas que estavam guardadas. Ficaria difícil se não fosse por isso. O café ainda não dá para contar neste ano, apesar da expectativa de colheita ser maior”, lamenta.
Dívidas
Muitos meeiros também chegaram a ficar endividados como os produtores e, até hoje, sentem os efeitos da crise hídrica, como o meeiro Ademar Hommer, de 51 anos, também de Colatina. Na propriedade, são 10 mil pés de café, mas em 2016 não conseguiu produzir nada.
“Estamos com dívidas para pagar, como com o adubo, e não tem como honrar o compromisso porque não deu café. Todo mundo vai se virando. Tem a aposentadoria da família que ajuda a comprar comida, mas tem dois anos que não compro uma calça e uma camisa”, reclama.
Ele explica que toda a família precisou se adequar à nova realidade e conciliar o serviço do campo com outros afazeres. O filho é músico e a mulher faz faxinas para ter uma renda extra dentro de casa. “Está tendo o esvaziamento da roça que é absurda. O pessoal está indo atrás de emprego na cidade.”