“Acabou a era dos baristas hipsters”, diz Leo Moço
O barista Leo Moço, por três vezes considerado o melhor do Brasil, conquistou sua melhor pontuação no World Barista Championship, o concurso mundial de baristas. O proprietário do Barista Coffee Bar ficou na 31ª posição do concurso, com um café espresso avaliado com 4.5 pontos. “É uma nota altíssima no espresso para o Brasil”, afirma Moço. A competição contou com 58 baristas e foi realizada entre os dias 9 e 12 de novembro na Coreia do Sul.
Leo Moço ficou na 31ª colocação na competição mundial realizada na Coreia do Sul. Foto: Divulgação.
O único representante brasileiro na competição é carioca radicado em Curitiba. Em agosto, ele conquistou pela terceira vez o título de melhor barista do Brasil na 16ª edição do Campeonato Brasileiro de Baristas. As outras vitórias de Leo Moço foram nos anos de 2013 e 2015.
Confira a entrevista exclusiva de Leo Moço
Como foi participar do World Barista Championship?
Foi o maior evento de café que já vi: grande, tecnológico e muito profissional. A minha apresentação foi ótima. Acabei ultrapassando o tempo de 15 minutos em 15 segundos, e perdi 15 pontos, o que acaba sendo bastante para o alto nível da competição. Fiquei em 31º lugar, foi minha melhor colocação. Saí de lá muito feliz porque melhorei bastante meu nível. Ao mesmo tempo, saio daqui com a sensação que o mercado do Brasil precisa evoluir mais rápido para o lado profissional da coisa, com maiores investimentos.
Você comentou em um post do Instagram que começa uma nova era profissional para os baristas. O que você quis dizer com “o fim da era hipster”?
Postagem que Leo Moço fez no Instagram sobre a final do World Barista Championship. Foto: Reprodução/Instagram.
A maioria dos finalistas não é mais de baristas descolados, mas homens e mulheres do negócio do café. O movimento de abrir um negócio com baixo investimento, com pegada “descolada” acabou pelo mundo. Estamos no ápice do café especial: os baristas usam cafés que valem mais de US$ 300 o quilo.
E você pretende mudar alguma coisa nos seus planos por conta dessa percepção?
A torrefação do Café do Moço e a loja Barista Coffee Bar já vão antecipar essa tendência. As pessoas entenderam que, para sobreviver nesse mercado, você precisa vender muito, ter produtos. Nunca vi tantos produtos para cafés como nessa feira, como filtros de cerâmica para coar café sem papel.
Para se destacar, é preciso usar produtos tão caros?
Sim. Na loja, vamos oferecer outros produtos mais caros sim. Vamos continuar oferecendo as opções normais, mas com a possibilidade do ultra especial. Por exemplo, o nitrogênio líquido, que eu usei na minha apresentação e os seis finalistas usaram também. Ele serve para congelar os grãos de café e a extração melhorar. É para estar na loja já em dezembro. E, assim que eu voltar [da viagem], vamos começar a degustação dos cafés do mundial.
O café brasileiro se destacou na competição?
O espresso brasileiro de Leo Moço atingiu 4.5 pontos, uma nota alta para um café brasileiro segundo ele. Foto: Reprodução/Instagram.
Sim. O produtor do café que eu usei [Luiz Paulo, do CarmoCoffees] foi muito procurado. Ele recebeu o feedback de que, finalmente, o café do Brasil concorre de igual para igual.
O que você vai trazer na bagagem de maior aprendizado?
Precisamos movimentar o mercado no Brasil. Atrair investimento para que os produtores vendam mais internamente, e que a população tenha mais acesso a produtos de qualidade. Isso vai fazer o barista brasileiro concorrer de igual para igual. O café não pode mais ser visto como algo simples, mas especial, como o vinho. Isso gira a economia, desenvolve as cidades.