Operadores estão revendo seus posicionamentos nas bolsas de futuro
Santos, sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023
O crescimento do consumo de café no hemisfério norte, apesar dos problemas na economia global e da guerra no leste europeu, as sucessivas quebras na produção mundial de café, e a falta de estoques em praticamente todos os países produtores de arábica, estão levando operadores de mercado a reverem seus posicionamentos nas bolsas de futuro.
Os números que chegaram ao mercado nas últimas semanas indicam que o aperto na oferta de café deve continuar:
“O saldo global de oferta de café na temporada 2023/24 deve ficar quase equilibrado entre produção e consumo, já que a safra brasileira crescerá apenas ligeiramente este ano, informou o Rabobank em relatório nesta quarta-feira. O banco holandês agora vê um superávit de apenas 1,6 milhão de sacas de 60 kg no balanço global de oferta de café em 2023/24, abaixo da estimativa anterior de 4 milhões de sacas” (fonte: Agência Reuters).
A quantidade total de café exportado no mundo caiu 7,7% em dezembro na comparação com o mesmo mês do ano anterior, para 9,81 milhões de sacas, principalmente devido a menores embarques do tipo arábica, informou a OIC - Organização Internacional do Café nesta quinta-feira.
A Volcafé - Trader suíça com longa vivência no mercado brasileiro – informou no início desta semana, que, devido ao fraco florescimento das flores nos cafeeiros na região cafeeira de Minas Gerais, reduziu sua estimativa de produção de café arábica no Brasil 2023/24 para 40,5 milhões de sacas, de uma previsão de julho de 49,8 milhões de sacas. No caso do conilon, a Volcafé prevê um déficit recorde de 5,6 milhões de sacas.
A Indonésia, o terceiro maior produtor mundial de robusta, deve ver sua produção de café conilon 2023/24 cair para 9,1 milhões de sacas, a menor colheita de robusta em 10 anos devido a danos causados por chuvas excessivas em suas regiões de cultivo", acrescenta a análise.
Os cafés brasileiros de boa qualidade a finos estão sendo vendidos para o exterior com bons ágios frente às cotações na ICE Futures US. Hoje, com o dólar subindo forte frente ao real – após desastrosas declarações do presidente Lula com críticas ao Banco Central e ao nível das metas de inflação, dizendo que pode rever a autonomia do Banco Central - as cotações do café em Nova Iorque trabalharam em queda acentuada.
Os contratos de café para março próximo na ICE apresentaram forte baixa por todo o pregão. Fecharam em queda de 510 pontos a US$ 1,7280 por libra peso. Ontem fecharam em alta de 200 pontos. Na quarta-feira recuaram 585 pontos, em um pregão de ajustes e realização de lucros, depois de oito pregões consecutivos em alta, com uma disparada nas cotações na terça-feira, o oitavo dia de alta. Terminaram a terça-feira com ganhos de 1 135 pontos, a US$ 1,8175 por libra peso. No balanço da semana esses contratos subiram 290 pontos, fechando a terceira semana seguida com os contratos de café em alta. Na semana passada subiram 1 510 pontos e na anterior 310 pontos. Foram 2 110 pontos de alta em três semanas. Esses contratos encerraram 2022 valendo US$ 1,6730 por libra peso.
Em reais por saca, os contratos para março próximo na ICE em Nova Iorque fecharam hoje valendo R$ 1176,73. Ontem terminaram o pregão a R$ 1187,22. Na sexta-feira passada encerraram a semana valendo R$ 1148,89. Encerraram o último pregão de 2022 valendo R$ 1168,49.
No mercado físico brasileiro, os compradores subiram e desceram suas ofertas acompanhando o sobe e desce das cotações do café na ICE e do dólar frente ao real. O volume de negócios cresceu um pouco, mas permanece bem abaixo do usual. A resistência dos cafeicultores continua. O mercado é comprador, mas os cafeicultores vendem pouco café nas bases de preços oferecidas.
Cresce a cada semana o questionamento sobre o volume dos estoques de café ainda em mãos de produtores. A dúvida é se esses estoques não são menores do que o mercado imagina. Um volume menor de sacas em mãos de cafeicultores, torna mais lógica a forte resistência em venderem nas bases de preço atuais.
Até dia 3, os embarques de janeiro estavam em 2.246.435 sacas de café arábica, 65.348 sacas de café conilon, mais 310.628 sacas de café solúvel, totalizando. 2.622.411 sacas embarcadas, contra 2.860.930 sacas no mesmo dia de dezembro. Até o mesmo dia 3 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em janeiro totalizavam 2.998.748 sacas, contra 3.223.531 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Até dia 3, os embarques de fevereiro estavam em 56.295 sacas de café arábica, mais 5.894 sacas de café solúvel, totalizando. 62.189 sacas embarcadas, contra 48.276 sacas no mesmo dia de janeiro. Até o mesmo dia 3 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em fevereiro totalizavam 160.488 sacas, contra 250.395 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 27, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 3, subiu nos contratos para entrega em março próximo 290 pontos ou US$ 3,83 (R$ 19,71) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 27 a R$ 1148,89 por saca, e hoje sexta-feira dia 3 a R$ 1176,73. Hoje, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 510 pontos.