Déficit mundial de café pode ultrapassar a 10 milhões de sacas
Por José Roberto Marques da Costa
Em dia de vencimentos da opções de março, os contratos futuros de café fecharam em alta na bolsa de NY com operadores procupados com tamanho da safra de café do Brasil este ano continua sendo um foco principal e com estoque remanescente praticamente zerado.
Em semana recorde em volume de negócios em NY atingindo 74.468 lotes por pregão, nesta sexta-feira foram 74.468 lotes, março valorizou 1,05 cents fechando a 174,90 cents, variando de 174,00 cents a 177,20 cents, ultrapassando a primeira resistência do dia em 176,42 cents. Na semana valorizou 1,90 cents e variando de 171,85 cents a 177,60 cents. Os estoques de certificados caíram 6.068 sacas para 874.654 sacas sendo o terceiro pregão consecutivo com tendência de mais quedas no curto prazo sem mais café pendente de classificação.
Além da forte "briga" pelo vencimentos das opções e no nível de 175,00 cents, o forte piso em 172,50 cents se manteve tudo indica e pode começar a opera acima de 180,00 cents no curto prazo. No final no ano passado, aconteceu a mesma performance quando foi testado o suporte de 142,50 cents, depois reagiu com compras levando paulatinamente acima de 175,00 cents chegando a máxima de 184,20 cents. Com o mercado está preocupado com a escassez, os contratos em NY podem começar a valorizar na busca do nível de 190,00 cents.
A Fitch Solutions disse em nota que a oferta durante o resto de 2023 deve ser mais apertada do que o previsto anteriormente devido a uma perspectiva menor para a produção no Brasil este ano e demanda resiliente. O Brasil embarcou 2,52 milhões de sacas de café verde para o exterior em janeiro, 18,5% a menos que no mesmo mês do ano anterior, informou a Cecafé nesta quinta-feira.
Só para lembrar a todos que a quatro meses atrás foi o começo da queda acentuada dos contratos futuros de café em NY. quando o preços em NY estavam em torno de 220,00 cents provocada pela informação da Cecafé da exportação de 3,6 milhões de sacas no mês de setembro, provocou um forte reviravolta nos posicionamento dos grandes fundos de investimentos de 25 mil lotes liquidos comprados para 25 mil lotes liquídos vendidos.
Nesta semana a Cecafé informou que no mês de janeiro a queda de 18,5% nos embarcadas de café verde e com tendência de queda constante nos próximo meses até a entrada da nova safra. Esta informação pode provocar uma nova reviravota nos posicionamentos dos grandes fundos, passando de saldos liquídos negativos para positivos. Em mercado soberano, a grande dúvida de todos, qual é tamanho do volume estocado de café arábica no Brasil.
O presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, afirmou que o clima tem sido favorável para o desenvolvimento da safra deste ano, mas parte do cafezal ainda sofre efeitos da seca e geadas de 2021, que afetaram as últimas temporadas. “Esta safra que vem deverá ser maior do que foi em 2021 e 2022, porém não é aquilo que nós desejávamos. Esperávamos que, passados dois anos de safras baixas, fosse uma safra bem maior do que vamos ter. Almejávamos sim até talvez uma safra recorde, mas infelizmente, diante de fatores climáticos, não vamos chegar lá”, disse Melo.
Agora está sendo jogada na midia as estimativas de safra brasileira por várias fontes, naturamente cada um defendendo seus interesses tentado influenciar o mercado internacional co mos trders e agentes financeiras projetando acima de 67 milhões de sacas. Na realidade tudo indica produção em torno de 55 a 58 milhões de sacas, que deve provocar um grande déficit mundial até a entrada da safra do próximo ano, mas antes de chegar "muita agua vai passar debaixo da ponte".
Focando a produção de café arábica, a média entre as projeção está na produção 40 milhões de sacas e no ano passado ficou em torno de 30 milhões de sacas. Com estoques reamnescente praticamente zerado em 2023 e produção de 70 milhões de sacas do ano passado e deste ano, tudo indica que vai faltar muito café para abastecer o consumo mundial de 170 milhões de sacas e com crescemento em 2% por ano. O déficit mundial não será somente de 3 a 4 milhões de sacas, será bem maior podendo superar 10 milhões de sacas.
Das estimativas sobre a safra brasileira de café divulgadas nas últimas semanas, a maior de todas foi a do Grupo Montesanto Tavares, que avalia que o volume da safra 2023/2024 deve ficar em 67,56 milhões de sacas, sendo a safra de café arábica em 45,67 milhões de sacas e de conillon em 21,89 milhões de sacas. A segunda maior estimativa foi feita pelo pelo Rabobank em 44 milhões de sacas de arábica e 23,10 milhões de sacas de conillon, totalizando uma safra de 67,10 milhões de sacas.
A produção brasileira de café foi estimada em 55,3 milhões de sacas, aumento de 5,7% em relação a 2022, de acordo com projeção divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção de café arábica foi projetada em 38,6 milhões de sacas, já a safra de café conillon foi prevista em 16,8 milhões de sacas, declínio de 8,9% em relação ao ano anterior.
Ao longo dos últimos meses, a Comexim vem reduzindo gradativamente sua previsão de produção da safra, avaliada nesta semana em 58,05 milhões de sacas para a safra atual, divididas em 35,65 milhões de café arábica e 22,40 milhões de conillon. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aponta para uma produção de 54,94 milhões, com expectativa de produção neste primeiro levantamento de 37,43 milhões de sacas de café arábica beneficiado e de 17,51 milhões de sacas de café conilon beneficiado.