Produção da Colômbia em 2023 deve ficar abaixo de 10 milhões de sacas

Por José Roberto Marquesa da Costa

Semana de fortemente volátil  nos contratos de café arábica em NY chegando a 13,45 cents ( 7,2% ) pressionada por resultados mais fracos que o esperado de balanços de empresas americanas do primeiro trimestre e por sinais de que a economia americana está desacelerando ao mesmo tempo que autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) indicam que mais altas nos juros estão a caminho.

Até quarta-feira o mercado operou em  alta diante da preocupação com a escassez de café, com queda de produção dos principais produtores de café arábica no Brasil e Colômbia e conilon devido a quebra de 15% da safra do Vietnã com a migração dos cafeicultores para outras culturas e de 9% da Indonésia devido a clima.

Os  dados divulgados na quinta-feira indicaram uma desaceleração da atividade econômica e com dirigentes do Fed reafirmando que ainda há trabalho a fazer e os juros vão subir mais, todos a comomdities foram atingidas, os contratos em NY mudaram a tendência no curto prazo.  Analistas afirmam que as quedas são pautadas ainda pelo sentimento de recessão na economia, após aumento da inflação na Inglaterra, e possibilidade de manutenção da alta dos juros nos Estados Unidos.

Os fundamentos  de mercado continuam positivos com a continuidade do grande desequilibro entre produção e consumo, com grande possibilidade de recuperar as perdas de quinta e sexta-feira, baseados nas quedas de exportações brasileiras e colombianas, as entradas das massas polares nas regiões de café. Outro fundamento bem positivo foi a informação desta sexta-feira da CFTC  de que os grandes fundos aumentaram em 85,8% suas posições líquidas comprada, maior nível dos últimos 6 meses.  

Com baixo volume de 23.807 lotes em NY e continuação da influência externa negativa que começou no meio da semana, julho desvalorizou 2,45 cents fechando a 191,45 cents, variando de 190,10 cents a 14,80 cents rompendo dois suportes do dia em 192,33 cents e 190,77 cents, perdendo 11,60 cents e volatilidade de 13,45 cents nos últimos três pregões. Na terça-feira máxima chegou a 204,90 cents e hoje a mínima foi 190,10 cents. Na semana teve alta de 0,05 cents e no mês 21,75 cents

Com influencia externo negativa para o café, fica difícil fazer análise técnica de tendência de mercado, mas os fundamentos continuam positivos com  forte escassez no curto e médio prazo, O café conilon variou de US$ 2.358/t a US$ 2.384/t, com o mercado continuando a se consolidar logo abaixo da alta da semana passada de US$  2.401/t.  Apesar das queda nos últimos pregões, a quebra da safra e condições climáticas secas e altas temperaturas no Vietnã estão impulsionando os futuros em Londres. Na segunda-feira, os suportes estão em 189,43 cents, 187,42 cents e 184,73 cents e as resistência em 194,13 cents,196,82 cents e 198,83 cents

O relatório da CFTC divulgado hoje, referente a 18 de abril, mostra  que os grandes fundos aumentaram suas posições líquidas compradas no maior nível dos últimos 6 meses. Pelos dados referente ao dia 18 de abril, mostra que os grandes fundos aumentaram em 9.255 lotes ( 85,8% ) suas posições liquidas compradas. Eles passaram para 20.262 posições líquidas compradas, sendo 36.785 posições compradas e 16.532 posições vendidas, aumentaram 8.638 compradas e dimiuíram em 708 lotes suas posições vendidas. 

Revendedores citaram que os  preços do café caíram devido à preocupação de que a piora do sentimento econômico possa prejudicar a demanda por café e somado a realização de lucro após o recente aumento apoiado pelos baixos níveis de estoques. Os estoques de certificados caíram abaixo de 700 mil sacas na quinta-feira pela primeira vez neste ano. Também indicando uma oferta apertada de curto prazo, quase toda a curva do mercado futuro é retroativa, com contratos de curto prazo sendo negociados com prêmio em relação aos de prazo mais longo.

Segundo informações de Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), nos mês de abril, até dia 20 foram embarcadas 1.349.779 sacas de café, alta de 7% em relação ao mês de março e emissão de certificados de origem chegaram a 1.553.866 sacas, queda  16,5%. Estimativa de emissão de certificado projeta exportação de 2,330 milhões de sacas em abril, queda de 24,3%. " As exportações de café conilon do Brasil devem ser maiores este ano, mas, por enquanto, os diferenciais permanecem proibitivamente caros", disse o Rabobank.

Nesta semana teve continuidade da " briga" da estimativa de safra com  diferença da Rabobank e Conab em 11 milhões de sacas, 1 milhão de sacas a mais que produção da Colômbia nos próximos 12 meses. A safra de café do Brasil na temporada 2023/24 foi estimada em 66 milhões de sacas, com um corte de 1,1 milhão de sacas ante a previsão anterior, após expectativa de menores produtividades em áreas de arábica de Minas Gerais, afirmou o Rabobank nesta quinta-feira (20). A safra de arábica deve ficar em 42,7 milhões de sacas, redução de 1,3 milhões de sacas frente a última estimativa. Por outro lado, a safra de café do conilon deve ser ligeiramente melhor, projetada em 23,3 milhões de sacas.

Produção da Colômbia deve ficar abaixo de 10 milhões de sacas, para o menor nível em 10 anos

O Efeito La Niña que já dura 36 meses está gerando enorme prejuizo aos cafeicultores da Colômbia com a queda constante nos últimos 3 anos da produção devido ao prologmento da  estação chuvosa. A entrada do La Ninã teve um efeito catrastrófico nos últimos três anos na infraestrura no território colombiano com centenas mortes, imundações, aumento dos níveis do rios, deslizamento de terras, estradas rurais intransitáveis que dificulta a mobilidade dos produtores. 

Antes da entrada do La Ninã, no ano 2020, a Colômbia estava produzindo 13,9 milhões de sacas e não precisava importar café para honrar os seus compromissos com o mercado interno e extereno. No ano de 2021 produção cai 12,6 milhões de sacas e precisou importar café do Brasil, Peru e Honduras, somente do Brasil foram mais de 800 mil  sacas do café. Em 2022 a produção caiu 11,08 milhões de sacas e teve que importar 1,9 milhões de sacas e o Brasil exportou 1,382 milhão de sacas, com os colombianos ocupando a sexta posição no ranking.

Nesta semana a Agnocafé alertou sobre o terceiro ano consecutivo da queda da produção da Colômbia  com prologamento da estação de chuva. Como aconteceu nos anos anteriores, o clima chuvoso gerou baixa luminosidade nos cafezais  impactando negativamente mais um vez na safra devido ao baixo afloramento. Devido a baixa produtividade,os produtores estão diminuindo as contratações de coletores de café para diminuir seus custos. 

Pelas últimas informações, tudo indica que nos próximos 12 meses deverá ficar abaixo de 10 milhões de sacas, a mais baixa deste o ano de 2013 quando chegou a 10,6 milhões de sacas. Para honrar seus compromissos no mercdo interno que consume 2,2 milhões de sacas e no mercado externo de 12 milhões de sacas, a Colômbia terá que importar mais café do Brasil, Peru e Honduras podendo passar de sexta para quinta posição no ranking de exportação brasileira.

Veja com os números são conflitantes, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a safra de café 2022/23 da Colômbia, segundo maior produtor mundial do tipo arábica, foi estimada em 13 milhões de sacas, o que corresponde ao mesmo nível da produção 2021/22, uma diferença de 1,92 milhões de sacas ante  aos últimos dados da Fedecafé .

 Dúvida: Porque a  Colômbia vai precisar importar mais de 3 milhões de sacas em 2023 com um produção de 13 milhões de sacas? 

Com base nas atualizações do canal WeChat da empresa (um aplicativo de mensagens de mídia social chinês), a Luckin Coffee, a marca chinesa está passando por uma das jornadas de crescimento mais rápidas da história dos restaurantes, estreou 1.167 novas lojas  durante o primeiro trimestre, colocando-a em quase 9.400 unidades em todo o sistema, de acordo com KGR Ventures, analista da empresa de serviços financeiros Seeking Alpha.  Isso é uma média de 13 aberturas de unidades por dia - um recorde.

 Somente em março, uma rede de 581 locais foi aberta. Para uma perspectiva, Luckin teve uma média de 6,4 aberturas por dia em 2022 e estreou uma rede de 2.190 restaurantes.  Se a Luckin mantiver o ritmo atual de 2023, ultrapassará 10.000 lojas no segundo trimestre após abrir sua primeira loja em outubro de 2017.

Indicador da Agnocafé teve queda de R$ 60,00 nos últimos 3 dias

O  indicador de café do arábica bruto da Agnocafé com 15% cata fica em R$ 1.210,00, queda de 0,82% ( - R$ 10,00 ) nesta sexta-feira ( 21/04 ) e o indicador livre a R$ 1.190,00,, queda de R$ 60,00 nos últimos 3 dias. No mês fica com alta de R$ 60,00, durante o ano 2023, alta acumulada de R$ 110,00 e em dólar fica em US$ 239,22.

Peneira 17/18 pronto para embarque R$ 1.270,00, cereja a R$ 1.250,00, café certificado a R$ 1.230,00. O indicador para café com 10% a R$ 1.220,00, 20% a R$ 1.200,00, com 25% a R$ 1.190,00 com 30% a R$ 1.180,00.

Para os café de baixa qualidade Duro/riado R$ 1.090,00, duro/riado/rio, R$ 1.070,00, rio a R$ 1.020,00 com 30%. Café duro para consumo a R$ 990,00 repasse de beneficiamento a R$ 960,00  e riado a R$ 930,00, grinder R$ 1.0o0,00, e escolha fica em R$ 15,00 o quilo de aproveitamento

Ótimo final de semana a todos

Comentarios

Inserir Comentário