Os satélites Sentinel 6, que fazem parte do programa europeu Copernicus, conseguiram detectar os primeiros sinais que indicam a chegada do El Niño, o fenômeno climático que ocorre em períodos entre três e sete anos e provoca o aquecimento das águas do Oceano Pacífico ao longo da América do Sul. Com a chegada do fenômeno, há um aumento nas ondas de calor e seca com consequências para diversas partes do mundo.
Os sinais analisados ocorreram no período entre o início de março e fim de abril. Foram as chamadas ondas de Kelvin, tipos particulares de fenômenos que se formam no Pacífico Equatorial e que se propagam a partir dali, levando calor para outras áreas.
Segundo os especialistas do Jet Propulsion Laboratory da Nasa, que fornecerem três dos instrumentos usados pelo satélite europeu, essas ondas em plena primavera são consideradas "precursores claros" do El Niño. Além disso, houve detecção do enfraquecimento dos ventos alísios, que sopram de leste para oeste na região equatorial. Se os alísios estão mais fracos, podem-se verificar condições mais frescas e úmidas no sudoeste dos Estados Unidos e estiagens nos países do Pacífico Ocidental, como Indonésia e Austrália.
Com o radar altímetro, o Sentinel 6 verificou que as ondas de Kelvin tiveram altura entre 5 e 10 centímetros e larguras de centenas de quilômetros, que se movimentaram de oeste para leste através do Pacífico Equatorial em direção à costa ocidental da América do Sul. No dia 24 de abril, foram registradas zonas de acúmulo de calor nas costas do Peru, Equador e Colômbia.
Recentemente, os especialistas do Copernicus - programa da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Comissão Europeia - haviam previsto que o El Niño chegaria na segunda metade de 2023, previsão semelhante feita pelos profissionais da Organização Meteorológica Mundial, da ONU. As estimativas apontam que será um período de temperaturas recordes e secas intensas.