Climatempo: Como acontece o El Niño e seu impacto econômico
Por Jeu Enderson Santos Silva Do Carmo & Bruna Larissa Aires De Oliveira Centro Acadêmico de Meteorologia da UEA
O fenômeno El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Pacífico Equatorial. Mas como se forma o El Niño e quais são as implicações disto para o Brasil?
Como o El Niño se forma
O El Niño ocorre devido ao enfraquecimento e posterior inversão na direção dos ventos alísios, que permitem novamente o aquecimento das águas do Pacífico central e leste (Philander, 1985).
Em condições normais, os ventos alísios transportam as águas superficiais em direção ao oeste. O ar aquecido acima dessas águas, leve e úmido, ao alcançar uma determinada altitude, se condensa formando nuvens e gotículas de água que ocasionam chuvas na região da Oceania.
Ao longo da costa da América do Sul (região da onde as águas superficiais foram retiradas), as águas mais frias do fundo são “puxadas” para a superfície em um movimento conhecido como ressurgência.
A água fria trazida pela ressurgência é rica em nutrientes, o que atrai muitos peixes. A ressurgência ocorre na costa do Peru e a pesca é uma importante atividade econômica deste país.
O que muda quando ocorre o El Niño
O El Niño altera esse equilíbrio, com o enfraquecimento dos ventos alísios. A água aquecida, que antes era transportada para o oeste, se desloca para a América do Sul fazendo com que as chuvas também se aproximem do continente (Figura 1).
Figura 1: alteração dos ventos alísios e o El Niño (Fonte: Brasil escola)
No Brasil, o El Niño costuma ter diferentes efeitos sobre as Regiões do país (Figura 2). O ar aquecido que se eleva sobre o Pacífico Equatorial desce sobre o pate do Norte e o Nordeste do Brasil, em um movimento intenso de subsidência do ar.
Este movimento do ar que vem de cima para baixo inibe o desenvolvimento de nuvens nestas regiões, diminuindo as chuvas, provocando secas e facilitando a ocorrência de queimadas. Na Região Sul do país as chuvas tendem a se intensificar.
Alterações na circulação atmosférica quando ocorre o El Niño (Arte: Climatempo)
O que esperar do El Niño 2023
Neste ano de 2023 temos confirmação de El Niño, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), órgão do governos dos Estados Unidos.
A NOOA relatou sobre como esse fenômeno poderá acontecer:
84% de possibilidade da versão moderada do El Niño 56% de probabilidade de um El Niño intenso 12% de chance para ocorrência de um El Niño fraco 7% de chances do El Niño não ocorrer
O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) destacou que o fenômeno deve durar até pelo menos o final do ano de 2023 e esta ocorrência será a 11ª do fenômeno desde 1950.
Impactos na economia global
De acordo com cientistas, as atividades econômicas globais dos anos seguintes ao fenômeno El Niño têm uma particularidade comum: o crescimento econômico desacelerado que se prolonga por mais de cinco anos.
Um estudo executado por Cristopher Callahan e Justing Mankin, da Universidade de Dartmouth, que foi publicado na revista “Science”, averiguou o custo gerado a longo prazo pelo El Niño, desde seu primeiro registro. O resultado apresentado foi um custo médio de cerca de US$ 3,4 trilhões (cerca de R$ 16,8 trilhões).
Para 2023, a projeção é de que o fenômeno El Niño gere perdas de US$ 3 trilhões (14,8 trilhões) na economia universal até 2029. Fonte: Climatempo
Figura 2: Impactos comuns do El Niño no Brasil (Arte: Climatempo)