Produtividade das lavouras de café arábica teve uma queda inesperada
Por José Roberto Marques da Costa
Com performance baseadas em questões gráficas, o volume de negócios em NY atingiram 31.314 lotes, com os contratos futuros de café arábica fechando em queda em pregão dominado pelos "vendidos" que conseguiram levar abaixo do nível 160,00 cents pela primeira vez nos últimos sete dias. O setembro teve queda de 3,55 cents fechando a 157,90 cents, variando de 157,35 cents a 161,90 cents, rompendo o primeiro suporte em 159,37 cents, mas não tendo força para buscar o segundo e 157,28 cents. Os estoques de café arábica certificado caíram 3.771 sacas para 528.752 sacas, mínimo dos últimos 8 meses, sendo que 64% são de Honduras, 28% do Brasil e 8% de outras origens.
Segundo Eduardo Carvalhães, apesar do quadro preocupante descrito pelo 5º Fórum da Cooxupé, dos problemas com a produção apresentados em praticamente todos os principais países produtores de café, e dos baixíssimos estoques mundiais, operadores de mercado, fundos e especuladores, continuam apostando que a nova safra brasileira 2023 será suficiente para abastecer o mercado mundial de café
O relatório da CFTC divulgado hoje, referente a 25 de julho, mostra queda das posições líquidas compradas e queda das posições vendidas dos grandes fundos neste período a variação de julho passou de 155,50 cents a 161,85 cents, alta de 6,35 cents. Os fundos diminuíram em 1.404 suas posições líquidas vendidas ( 8,6% ) para 14.870 posições líquidas vendidas sendo 23.788 posições compradas e 38.658 posições vendidas. No relatório anterior, referente a 18 de julho, eles tinham 16.274 posições líquidas compradas, sendo 24.067 posições compradas e 40.341 posições vendidas.
Segundo informações de Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), nos mês de julho, até dia 28 foram embarcadas 2.376.046 sacas de café, alta de 2,1% em relação ao mês de junho. Do total, 1.867.316 sacas foram de arábica, 362.054 sacas de conillon e 197.853 sacas de solúvel. Neste período, a emissão de certificados de origem chegaram a 2.499.060 sacas, alta de 0,8%, ante ao mesmo período do mês anterior. Foram emitidas 1.867.316 sacas de arábica, 374.938 sacas conillon e 256.806 sacas de solúvel.
O mercado de café leva muito em consideração informações de vários setores, como da USDA sobre produção e consumo e declarações de personalidades como do presidente de entidades como Do Ha Nam, vice-presidente da Vietnam Coffee and Cocoa Association quando informou do dia 8 de março deste ano que a produção de café do Vietnã deve cair 15% e a reportagem publicada pela mídia vietnamita foi uma supresa para os investidores, na época o robusta estava sendo cotado em Londres a US$ 2.000 a tonelada e depois de confirmado pelos investidores a veracidade das informações, os contratos começaram a valorizar em Londres e depois de 90 dias chegou a ser negocido acima de 2.800 a tonelada, alta de 40%.
A Cooxupe é outra entidade que o mercado respeita e ontem seu presidente e seu vice fisseram declarações surpreendente reconhecendo a preocupação com queda brusca na produtividade que foi reportada pelo site Notícias Agrícola. Este tópico foi completamente ignorada por grande parte da mídia focando somente em partes das palestras deixando de lado informações sobre a queda brusta de produtividade do café arábica e o momento ainda é de muita incerteza e dificuldade para o produtor em plena colheita.
Depois de analisar as declarações do presidente e vice presidente da Cooxupé lebrei da fala do Do Ha Nam sobre a safra do Vietnã a quatro meses atrás e se pode associar o impacto da fala do vice-presidente da Vietnam Coffee and Cocoa Association com a fala de ontem sobre a produtividade e o clima neste segundo semestre. Pelo andar da carruagem, nos próximos 90 dias, a performance do café arábica em NY será idendita a do café robusca depois de março.
Segundo matéria da Notícias Agrícolas, desde a safra 20 - última de bienalidade positiva para o Brasil e que não teve interferências climáticas, o cafeicultor teve que aprender a lidar com um mercado de intensa volatilidade, quebra na produção e margens apertadas. Segundo Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé, no auge da safra 23 o momento ainda é de muita incerteza e dificuldade para o produtor.
Durante o 5º Fórum Café e Clima Cooxupé, promovido pela cooperativa na tarde da quinta-feira, sem citar números, o presidente reconheceu que a produtividade das lavouras na áreas de arábica teve uma queda brusca. "A produtividade no âmbito geral, nos últimos três anos, nós sentimos uma queda muito brusca. É necessário que tenhamos mais cuidado na gestão das propriedades, buscando inovação e tecnologia, que é o que está no nosso poder", afirmou Carlos Augusto.
Com relação ao mercado, que continua apresentando volatilidade, mas que permanece sendo de muita pressão com a colheita andando no Brasil, o presidente ressaltou que o momento é de dificuldades. Além disso, as negociações seguem travadas, mas ele afirma que o consumo está em alta e que am algum momento as negociações voltam acontecer. "Momento como esse de mercado vai passar, a mensagem que posso deixar é de cautela, porque isso nunca é demais", ressaltou.
Também participou da abertura do Fórum, Osvaldo Bachião Filho, vice-presidente da Cooxupé. Ainda mais enfático sobre os problemas com produtividade, ressaltou a importância dos produtores estarem abertos para novas tecnologias e inovação, para então buscar a recuperação. "Todo mundo sabe o que aconteceu com a cafeicultura brasileira nesse tempo. Nós perdemos produtividade e tomara que a gente não perdido mercado", disse.
Bachião mencionou ainda o espaço que os robustas vêm conquistando no blend internacional. Além da produtividade, a matéria-prima mais barata foi uma solução encontrada pelo mercado diante dos problemas econômicos enfrentados em importantes polos consumidores de café. "A gente precisa enquanto cafeicultor prestar atenção nisso e lutar de todas as formas possíveis para voltar com a produtividade que nós vínhamos tendo. Na minha visão, produtividade é o que paga a conta e para isso a gente precisa cada vez mais trazer a academia para perto de nós, entender o que está sendo estudado e conseguir aplicar na prática pra que isso faça com que nossas lavouras sejam de novo lavouras produtivas", disse.
Acrescentou ainda que só com a retomada da produtividade o produtor voltará a ter segurança na hora de fazer negócio. "A gente tem que ter a inteligência de vender café quando o mercado quer comprar e não quando precisa de dinheiro. É um erro clássico do agricultor brasileiro deixar para vender quando precisa de dinheiro, isso pressiona mercado, derruba preço e nem sempre traz para nós produtores as melhores médias que podemos fazer", ressaltou.
Em matéria do Globo Rural sobre o Forum, o calor, seca, chuva, nuvens, granizo, frio fora de época e geada abrangente. São esses os sete 'cavalheiros do apocalipse' que atingem o café no final da colheita desta safra 2022/23 e devem tirar o sono dos produtores para o próximo ciclo (2023/24). Esses efeitos pós La Niña e do atual El Niño acentuam a queda na produtividade e impactam na qualidade do grão, segundo especialistas.
Com o recorde de calor no mundo e a alta amplitude térmica no Brasil, há mudanças do ciclo de crescimento da planta do café e o estágio da florada pode ser o mais atingido, impactando na hora de colher os grãos devido a um estresse térmico, que resulta no surgimento de várias floradas. Embora bonitas e aromáticas, as muitas floradas não garantem uma granulação padronizada e o produtor se atrapalha na hora de colher, podendo atrasar o trabalho.
"As várias floradas de setembro evidenciam que a safra de 2024 pode ser super irregular e comprometida por causa da fase do florescimento e frutificação que ocorrem nos próximos meses", explica o professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), José Donizeti Alves.
O especialista em clima e ciclo de desenvolvimento da planta detalha que o próximo ciclo ainda é uma incógnita e que o cafeicultor terá de se desprender do calendário físico e monitorar o comportamento da planta. Há chances, inclusive, da próxima safra se comportar da mesma forma que a de 2022/23. "São três anos de safras mais baixas e será que podemos esperar um ano melhor? Isso nos faria pensar que a bienalidade do café também está mudando. Com clima adverso, o café vai ter que tolerar aos estresses hídrico e térmico, o que requer um custo e atenção altas", avalia ele.
Alerta do IGAM: a vazão dos rios de MG pode baixar bem mais até dezembro
O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) divulgou um relatório que serve de alerta para a população para os próximos meses. O órgão realizou um estudo sobre o início do período seco deste ano e mostrou que a vazão dos rios em Minas Gerais tende a baixar ainda mais até dezembro. Segundo o Igam, o estado recebe quase a totalidade das chuvas anuais durante os meses de outubro a março. Neste último período, entre 2022 e 2023, o relatório apontou que elas ficaram abaixo do previsto pela climatologia.
Os meses de novembro, dezembro e janeiro até registraram chuvas acima da média, mas em fevereiro ocorreu uma redução significativa, com distribuição irregular, resultando em precipitação abaixo do normal. O cenário piorou em março, quando as chuvas também foram irregulares e escassas. Segundo o diretor-geral do Igam, Marcelo da Fonseca, diante do resultado pode-se considerar que, na maioria das regiões, o período chuvoso teve seu fim antecipado em dois meses.
Outro agravante destacado pelo Igam é o fenômeno El Niño, que deverá deixar o clima mais seco e quente no Brasil e em Minas Gerais neste ano. A partir deste relatório, o instituto espera dar subsídios aos órgãos públicos para o planejamento integrado e articulado de ações para o enfrentamento desse período de estiagem, que vai até setembro. É fundamental o acompanhamento da situação dos corpos de água e a conscientização sobre o uso racional deste recurso por parte de toda sociedade.
El Niño deve provocar estragos intensos no Corredor Seco da América Central
O fenômeno climático El Niño pode reduzir a produção de café, alertou Rubén Gallozi, diretor do Programa de Café da iniciativa Maximizando Oportunidades em Café e Cacau nas Américas (MOCCA). Em declarações ao jornal salvadorenho La Prensa Gráfica, o especialista assegurou que esse fenômeno climático pode afetar os cafezais com uma redução esperada das chuvas e uma seca muito mais intensa do que o esperado. “Embora seja impossível determinar como se sentirá em cada país da América Central, é previsível que no chamado Corredor Seco os estragos sejam maiores”, disse Gallozi.
O especialista destacou que a falta de chuva e as altas temperaturas vão gerar estresse hídrico nos cafeeiros e a seca afetará a polinização e a produção. “Se vamos ter falta de chuva, a sombra vai manter a umidade do solo, vai evitar o sol direto na lavoura, pelo menos vai ter algum nível de proteção, também é vai criar microclimas, vai gerar folhas e galhos, que são matéria orgânica que servem de cobertura morta para o solo”, destacou o profissional. Ele indicou que os cafeicultores devem estar atentos a pragas como a ferrugem e determinar o momento adequado para aplicar fungicidas.
A história por trás do lote de café robusta do Brasil importado pela Colômbia que significou perdas para a Federação em cerca de US$ 14,3 bilhões.
Tudo começou entre junho e outubro do ano passado, mas os alertas só dispararam em março deste 2023. O lote era misturado com café robusta do Brasil, um tipo de grão de baixíssima qualidade que nem é cultivado na Colômbia. Nas últimas horas, foi conhecida a saída de três diretores da Federação Nacional dos Cafeicultores (FNC): Octavio Castilla, gerente geral da Almacafé, e os gerentes regionais dos departamentos de Huila e Caldas. A razão? A compra de cerca de 7.000 sacas de café que não eram 100% colombiano.
O escândalo foi descoberto depois que a Buencafé, fábrica de café liofilizado da Federação, rejeitou um lote comprado pela Almacafé do comerciante de Huíla, Guillermo Pineda, por US$ 14,3 bilhões, porque estava misturado com café estrangeiro robusto, um tipo de grão de altíssima qualidade .baixa qualidade que nem é produzida na Colômbia. Mas como é que este café estrangeiro conseguiu camuflar-se e passar pelos estritos controlos que são obrigados a fazer pela Almacafé, a debulhadora que se encarrega de adquirir o grão e abastecer a guilda?
Uma fonte da FNC revelou ao EL COLOMBIANO que tudo começou entre junho e outubro do ano passado; no entanto, os alertas só foram ativados em março deste 2023.
“No ano passado, o preço da carga de café chegou a US$ 2,5 milhões, marcando preços históricos. E ele era mais bem pago do que no Equador e no Brasil. Isso foi muito tentador para esses países e eles começaram a enviar café para a Colômbia. É preciso lembrar que o Equador produz o café arábica, igual ao produzido na Colômbia, embora não tenha a mesma qualidade que aqui. Porém, se eles se misturarem, principalmente quando o café é exposto a torra alta, buscando 'queimar os defeitos' do grão, ele agache com muita facilidade. Pelo contrário, o Brasil produz principalmente a variedade robusta, que não é cultivada aqui, mas é muito utilizada para misturas e solúveis”, explicou a fonte.
O cerne da questão é que os cafés do tipo robusto são identificados "à vista", já que uma de suas características é serem bem mais circulares, amarelados e, principalmente, a linha do centro ser reta, não curva como no caso de árabe. “Um café arábica de outro país, por exemplo, não é tão fácil de distinguir. Se eles trazem e misturam com os nossos é muito difícil perceber. Aí nós temos um risco. Mas a variedade robusta é removida a olho nu, não são necessários especialistas ou máquinas para detectá-la. Por isso, quando o enviaram para Buendía, fazendo-se passar por 100% colombiano, e lá fizeram as provas da copa (as mesmas que se fazem no Almacafé), tudo foi descoberto”, comentou a fonte.
E acrescentou que isso é grave, já que a promessa de valor da Buendía é que seu café seja 100% produzido em solo colombiano. “Ali o que está sendo investigado é até onde não vimos e até onde não queríamos ver, porque a corrupção não ocorre só nos governos, mas também nas empresas privadas. Houve alguém na cadeia que não podia ser comprado e foi esse que levantou a mão (...) As perguntas que ficam são, o que aconteceu aos controlos rígidos do Almacafé? Como aquele café passou por aqueles filtros sem incidentes? Devemos responder pelo ruído que foi gerado, porque embora este não seja um café que não se consuma, nós da Federação não podemos trabalhar nele devido à nossa promessa de valor”, disse a fonte a este jornal.
Data: 28/07/2023 22:06 Nome do Usuário: Wellington Comentário: A realidade da safra brasileira de arábica logo vai chegar, esta notícia de mistura do Conilon no blend da Colômbia já é um grande sinal de uma safra bem abaixo de 55 milhões de sacas este ano...???