Cepea: Preços do arábica e robusta registraram ligeiras altas em agosto
Os preços domésticos dos cafés arábica e robusta registraram ligeiras altas em agosto. No entanto, apesar das leves valorizações, a liquidez seguiu baixa, tanto no mercado doméstico quanto para exportação, visto que os agentes estiveram bastante retraídos para a realização de negócios. Na média de agosto, o preço do arábica fechou a R$ 826,89 por saca de 60 kg, elevação de 0,9% frente ao de julho. Para o robusta, o valor médio ficou 0,6% acima do de julho, a R$ 653,22/sc. Diante desse cenário, o ritmo de comercialização foi lento no mês. Isso porque, para o arábica, os valores oferecidos não têm agradado aos vendedores; já para o robusta, o principal problema é a oferta bastante limitada, o que tem feito produtores segurarem o produto, aguardando por altas mais significativas para então ofertar maiores volumes.
O mercado lento e com valores abaixo de R$ 1.000/sc tem sido uma constante desde o início da colheita da safra 2023/24 de arábica. Com a confirmação de uma boa temporada para um ano de bienalidade baixa, a queda dos valores da variedade foi bem mais intensa que a do robusta, que vem apresentando expressiva quebra na produtividade nesta temporada. Segundo colaboradores do Cepea, a produtividade das lavouras de robusta no Espírito Santo diminuiu cerca de 30%, em média, frente à da temporada passada. Esse contexto tem forte influência no comportamento dos preços, principalmente nos momentos de queda. Em agosto de 2022, a média de preços do arábica foi de aproximadamente R$ 1.300/sc, enquanto em agosto de 2023, a média foi de R$ 826,89/sc, queda de 475 Reais/sc (- 36,5%), em termos nominais. Já para o robusta, os valores tiveram médias de R$ 733,12/sc em 2022 e de R$ 653,22/sc em 2023, queda de 79,9 Reais/sc (-10,8%) no mesmo comparativo. Com isso, nos dois primeiros meses de comercialização da safra 2023/24, a diferença entre os preços do arábica e do robusta no mercado brasileiro voltou a se estreitar bastante quando comparada à dos meses anteriores. Na média de agosto, o arábica esteve apenas 173,66 Reais/sc mais caro que o robusta, diferença bastante próxima da registrada no mês de julho (170,32 Reais/sc), porém, expressivamente inferior à de agosto de 2022, que foi de quase 570 Reais/sc. Ressalta-se que as diferenças observadas em julho e em agosto deste ano são as mais estreitas desde novembro de 2020.
Esse cenário pode levar torrefadoras a aumentar novamente o percentual de arábica nos blends, uma vez que, com a oferta mais limitada da variedade nos últimos anos, as marcas passaram a utilizar um percentual maior de robusta nos blends, visando baratear o produto vendido nos supermercados. Com as quedas dos preços de ambas as variedades, as negociações tendem a permanecer estagnadas, já que boa parte dos produtores já fez caixa com algumas vendas recentes e pretende realizar negócios apenas em momentos de alta, para o pagamento de contas.