Investidores de peso começam a retomar a mercado depois de 90 dias
Por José Roberto Marques da Costa
Os contratos futuros de café arábica fecharam em alta em NY pelo segundo dia impondo a segunda derrota consecutiva dos vendidos, que tiveram muito esforço na quinta-feira para manter abaixo de 155,00 cents, mas no pregão de ontem praticamente "jogaram a toalha" com a retorno de investidores de peso depois de 90 dias com início de proteção a "aversão a risco" devido ao clima ( chuva abaixo da média com temperaturas acima da média) nas regiões de café
Com bom volume com bom 44.855 lotes, 6.400 lotes a mais que que quinta-feira, dezembro teve alta de 5,15 cents fechando a 159,15 cents, maior nível dos últimos 36 dias, variando 7,15 cents, de 153,35 cents a 160,50 cents, ultrapassando a primeira resistência do dia em 156,10 cents, o importante nível de 157,50 cents, a segunda resistência em 158,20 cents e entrando a entrada do canal tecnicamente de alta em 160,30 cents durante after hours. Na semana acumula alta de 10,50 cents, varia 13,20 cents, de 147,30 cents na segunda-feira a 160,50 cents no pregão desta sexta-feira. Os estoques de certificados aumentaram 3.365 sacas para 445.913 sacas, sendo 302.164 sacas de café de Honduras e 120.457 sacas de cfé do Brasil.
Na quinta-feira, foi a primeira vez depois de vários meses que duas notícias durante o pregão influenciaram a performance do pregão dando muito trabalho aos vendidos. A primeira foi a menor estimativa de safra brasileira feita pelo IBGE dando uma safra de arábica de 35 milhões de sacas e a principal foi uma péssima informação para os produtores mundiais de café arábica, principalmente do Brasil, Colômbia e países da América Central com 95% possibilidade do El Niño influenciar o clima até março do próximo ano.
O pregão desta sexta-feira foi uma continuidade do anterior resultando a segunda derrota consecutiva dos vendidos. Os participantes sabem que pelos fortes fundamentos positivos, no médio prazo e longo prazo, os níveis de preços estarão bem acima dos atuais, os vendidos estavam empurrando os contratos de café arábica com a "barriga" tentando manter na zona de conforto entre 150 cents a 155 cents, mas cometeram um erro tecnico estratégico no pregão de segunda-feira quando tentaram pela terceira vez buscar de novo piso abaixo de 147,50 cents, provocando a entrada de grandes investidores que estavam aguardo o momento certo para começo das recompras, aqueles participantes indesejáveis pelos vendidos.
Este investidores que usam o fator clima com "aversão ao risco" começaram a liquidar suas posições compradas a cerca de 90 dias atrás, quando os contratos de café arábica operavam ao redor de 180,00 cents, depois que uma possivel geada foi totalmente descartada. Naquela época, os fundos possuíam 16.051 posições líquidas compradas, sendo 33.311 posições compradas e 17.260 posições vendidas. Com mercado encontrando um forte piso e comos novos fundamentos de informações climáticas, com a continuidade do El Niño até março acompanhado com estressez climático nos próximos meses, eles retormaram novamente ao mercado no começo do clima "aversão ao risco".
O relatório da CFTC divulgado hoje, referente a 12 de setembro, mostra leve alta nas posições compradas e leve queda nas posições vendidas dos grandes fundos , neste período a variação de dezembro passou de 153,45 cents a 152,00 cents, queda de 1,45 cents. Os dados mostram que os fundos diminuíram em 835 suas posições líquidas vendidas ( 3,2% ), os grandes fundos possuíam 25.034 posições líquidas vendidas (30.817 posições compradas e 55.851 posições vendidas), alta de 835 lotes comprados e queda de 68 lotes vendidos.
Segundo Eduardo Carvalhaes, " a previsão de tempo seco e muito quente no decorrer da próxima semana sobre as regiões produtoras de café do sudeste brasileiro, com o calor novamente se intensificando, e as temperaturas máximas devendo ultrapassar 35 °C no período da tarde em diversas regiões, criando condições para a perda de parte das floradas, que abriram cedo demais este ano, em consequência de chuvas não esperadas para esta época do ano, levou a uma forte alta das cotações do café nesta semana".
A meses atrás, tendo com base de informação de um conceituado climatologista, a Agnocafé vem alertando sobre o estresses climáticos nas regiões de café no segundo semestre de 2023, ontem a MetSul Meteorologia emitiu alerta preocupante para as regiões de café com segunda quinzena do mês de setembro excepcionalmente com temperaturas muitísismo acima da média desta época do ano. O que se avizinha no estado de São Paulo em termos de temperatura é semelhante ao que ocorreu entre setembro e outubro de 2020 ( temperaturas chegou a 43ºC em algumas áreas do interior do estado ) quando uma bolha de calor se instalou na região sob um padrão de bloqueio atmosférico com vários dias de calor extremo. A tendência é que uma bolha de calor avance para a Região Sudeste entre o final da terceira semana de setembro e o começo da última semana do mês, elevando ainda mais as temperaturas que já vão estar altas com possibilidade até de marcas recordes para o mês de setembro.
Segundo os dados da Cecafé, até dia 15 de setembro, os embarques totalizaram 1.285.247 sacas (+ 31,7%), sendo 1.005.843 sacas de café arábica, 181.439 sacas de café conillon, e 97.963 sacas de café solúvel e pela projeção da média diária dos dados, indicam que os embarque em setembro deveram ficar 3 milhões de sacas, queda 18% ante ao mês de agosto.
Os investidores estão jogando todas as suas fichas na estimativa da Departamento de Agricultura dos EUA, não há nem como se imaginar como o mercado deve reagir se o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística estiver correta. A diferença entre as duas passa de 13 milhões de sacas, o que é uma exportação brasileira de quatro meses. O que chamou a atenção foi a estimativa de 35 milhões de sacas de café arábica, bem abaixo dos outras estimativas elaboradas por traders, a diferença está entre 7 a 10 milhões de sacas.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou nesta quinta-feira que produção brasileira de café deve ficar em 3,2 milhões de toneladas ( 53,334 milhões de sacas ) sendo 2,1 milhões de toneladas ( 35 milhões de sacas ) de café, 2,93 milhões de sacas a menos ante a 37,96 milhões de sacas estimada pela Conab. Para o instituto a produção do robusta será de 1,1 milhão de toneladas ( 18,334 milhões de sacas ), 1,524 milhões de sacas a mais do que às 16,81 milhões de sacas estimado pela Conab. Com relação a estimativa da USDA, a diferença chega a 13,066 milhões de sacas, sendo 9,7 milhões de arábica e 3,366 milhões de robusta. Para a USDA a produção brasileira deve chegar a 66,4 milhões de sacas, sendo de 44,7 milhões de sacas de arábica e 21,7 milhões de robusta
Há mais de 95% de chance de que o padrão climático El Niño continue durante o inverno do Hemisfério Norte, de janeiro a março de 2024, trazendo condições mais extremas, disse um centro de meteorologista do governo norte-americano nesta quinta-feira. "Em agosto, as temperaturas da superfície do mar estavam acima da média em todo o oceano Pacífico equatorial, com fortalecimento no Pacífico central e centro-leste", disse o Centro de Previsão Climática (CPC).
Mais um dia se passa e a Colômbia não divulga as produção e exportação de agosto
O mercado está aguardando dos números de produção e exportação da Colômbia relativos ao mês passado. Novamente a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia não deu indicações de apresentar esses números, que são relevantes para a avaliação da oferta principalmente dos suaves.
No mês de julho a Colômbia produziu 947 mil sacas, nos últimos 12 meses registrou queda de 11% para 10,6 milhões de sacas para a menor produção desde 2013. Exportou 846 mil sacas, 17% a menos quando comparado com o mesmo período no ano passado e no acumulado dos últimos 12 meses exportou 10,3 milhões de sacas. Acúmulo de más notícias piora a situação dos cafeicultores colombianos e pelos últimos acontecimento relatados pela midia colombiana e internacional tudo leva a uma queda de produção e exportação bem acentuada com produção ficando abaixo de 10 milhões de sacas nos últimos 12 meses e provável aumento das importações para honrar seus contratos nos próximos meses.
O analista colombino Juan Manuel López fez um artigo na quarta-feira mostrando a verdadeira crise que os cafeicultores daquele país que estão tendo enorme prejuízo nos últimos 90 dias com preço em NY a 155,00 cents e os custos de produção a 180,00 cents. Os contratos em NY começaram a cai de 180,00 cents na segunda quizena de junho e hoje estão entre 150,00 cents a 155,00 cents. Segundo ele, os cafeicultores vive em situação de crise iminente no setor.
Os cafeicultores de Risaralda garantiram que até o momento neste mês os pedidos que manifestaram no último direito de petição enviado ao Governo, após a mobilização de 17 de agosto, não foram atendidos. Da mesma forma, denunciaram que as importações precisam ser regulamentadas e que tanto o ACI quanto a Federação Nacional dos Cafeicultores devem estar atentos ao que entra no país. Soma-se a isso outra descoberta, relativa a 52,8 mil quilos de sementes de café robusta importadas, cujo plantio está proibido no país. Segundo lider dos cafeicultores “ Colômbia está importando sementes de café, o que nos coloca numa situação mais delicada porque é legal importar café, mas importar sementes de café robusta é ilegal porque produzimos café arábica, os únicos que poderiam importar essas sementes seriam centros de pesquisa".
O diretor Sprudge Media Network Zac Cadwalader escreveu um artigo sobre o setor de café da Colômbia que a produção enfrenta problemas por todos os lados com clima imprevisível e uma economia global turbulenta e multifacetada estão a causar grandes problemas à produção de café da Colômbia, deixando muitos agricultores à procura de respostas. Ele relata os desafios que a Colômbia enfrenta atualmente são familiares. Padrões climáticos adversos estão limitando a produção total de café do país. Em particular, as secas prolongadas causadas pelo El Niño não permitem o amadurecimento das cerejas. Juntamente com estações chuvosas mais intensas que fazem com que as cerejas caiam da árvore antes de estarem maduras, o clima é apenas um dos muitos fatores que levaram a produção anual de café da Colômbia a cair para 11 milhões de sacas, da média de 14 milhões de sacas.
Em artigo de Yuko Kawaasak vinculado ao site The Asahi Shimkun, que os compradores japoneses começam a reclamar da qualidade do café colombiano e que Yu Shimada, avaliador de café que trabalha para a Manrakuan, com sede em Nagoya, é responsável pela qualidade dos grãos importados da Colômbia estavam “menos aromáticos do que antes” quando visitou uma fazenda lá no outono passado. Os cafeicutores disseram a ele que estavam a usando menos fertilizantes com queda das importações de fertilizantes e os preços subiram. O fertilizante nitrogenado estimula o crescimento das folhas do café. Rendimentos mais baixos e qualidade reduzida do café resultam quando menos fertilizante é usado. Os agricultores queixaram-se de que já não tinham dinheiro para comprar fertilizantes porque os preços tinham triplicado
Londres feha no maior nível dos últimos 50 dias
Com volume 15.264 lotes em Londres, os contratos de café robusta tiveram alta de US$ 61 a tonelada com novembro variando de US$ 2.486/t a US$ 2.560/t (maior nível dos últimos 50 dias) e fechando a semana com alta de US$ 149 (6,2%). Segundo comerciante, o mercado interno no Vietnã continua monótono porque não sobrou nenhum café para venda enquanto novos grãos ainda chegaram e as chuvas foram registradas em algumas partes das Terras Altas Centrais, mas não prejudicam as árvores neste momento.
Os grãos de café robusta Sumatra da Indonésia foram oferecidos com um prêmio de US$ 500 em relação ao contrato de novembro esta semana, inalterado em relação à semana passada, disse um trader, acrescentando que os preços estavam estáveis. Outro trader disse que os preços desta semana estavam 20 pontos mais baixos, com um prêmio de US$ 500 esta semana em relação ao contrato de outubro, em meio ao preço mais alto de Londres nos últimos dias.
Mercado interno
O indicador de café do arábica da safra 22/23 da Agnocafé com 15% cata fica em R$ 880,00, alta de 2,32% ( + R$ 20,00 ) nesta sexta-feira ( 15/09 ) e café livre a R$ 860,00. No mês teve alta de R$ 15,00, durante o ano 2023 teve queda de R$ 200,00 e em dólar fica em US$ 180,73. Peneira 17/18 pronto para embarque R$ 920,00, cereja a R$ 910,00, café certificado a R$ 900,00. O indicador para café com 10% a R$ 890,00, 20% a R$ 870,00, com 25% a R$ 860,00 com 30% a R$ 850,00. Para os café de baixa qualidade Duro/riado R$ 800,00, duro/riado/rio, R$ 780,00, rio a R$ 730,00 com 30%. Café duro para consumo a R$ 750,00 repasse de beneficiamento a R$ 770,00 e riado a R$ 710,00 e escolha fica em R$ 10,80 o quilo de aproveitamento
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