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Folha prova café em cápsula: Metade das marcas é azeda ou amarga demais


Quem compra café em cápsulas nos mercados encontra opções de sabor razoável, mas também se depara com produtos amargos demais.

É o que aponta a mais recente degustação do Folha Prova, seção que oferece ao leitor um guia de compras e que já avaliou produtos como vinho branco, azeites, creme de avelã, pão de queijo congelado e ketchup.

Para o teste às cegas dos expressos em cápsula, a reportagem selecionou dez marcas encontradas com facilidade em supermercados, empórios e lojas online e as submeteu a um júri de especialistas e leigos. O resultado não é um ranking, mas uma lista que avalia pontos fortes e fracos.

Participaram da degustação os jornalistas da Folha Gabriela Bonin, Mariana Agunzi e David Lucena, que assina o blog Café na Prensa. Completaram o time Giuliana Bastos, autora do livro "Dicionário Gastronômico - Café com suas Receitas", e Tiago de Mello, mestre cafeeiro do restaurante Pato Rei.

Ao provar os produtos, servidos em copos de papelão, o grupo notou diferenças na qualidade dos cafés. Houve cápsulas que, mesmo sem ser consideradas ótimas, cumpriram o papel de um expresso, enquanto outras apresentaram adstringência —sensação de boca amarrada.

É bom conhecer cada uma para não levar gato por lebre, afirma Tiago de Mello, do Pato Rei. Falhas no aroma, na crema [espuma que se forma] e sabor fornecem essas coordenadas, segundo ele.

"As falhas no produto", afirma a jornalista especializada Giuliana Bastos, "não só podem afastar o consumidor, mas também torná-los detratores da marca".

Baggio
 Do interior de São Paulo, as cápsulas de estilo extra intenso receberam avaliação positiva de todos os degustadores. Mesmo forte, o café se mostrou equilibrado, com acidez e amargor agradáveis. Com mais notas sensoriais, mais qualidade foi percebida. O jornalista David Lucena disse que beberia o produto em casa por ser saboroso, predicado também notado por outros participantes. Mesmo com um pouco de adstringência, as qualidades da doçura e acidez se sobressaíram.
Preço: R$ 21,99 (50g, 10 cápsulas) no Pão de Açúcar.

Dolce Gusto
 Produto da Nestlé, o expresso foi aprovado pelos jurados. Equilibrado, o sabor apresentou doçura, notas frutadas e amargor baixo, de acordo com eles. Seria melhor, porém, se fosse mais potente, segundo os jurados. "O café chegou sem crema, por isso reforçou a percepção de que não veio como expresso", disse Giuliana Bastos. A falta de corpo atrapalhou o potencial do produto, que foi considerado mais um coado encorpado.
Preço: R$ 19,99 (10 cápsulas), no Extra.

Illy
 O expresso clássico da empresa italiana foi classificado como um dos mais equilibrados da degustação. O aroma, com notas de chocolate, caramelo e fruta, combinou com o amargor médio baixo. "O mais limpo até agora, que desce mais redondo", disse Giuliana Bastos. Apesar do equilíbrio, alguns jurados esperavam mais dele. Os repórteres David Lucena e Gabriela Bonin qualificaram o café como neutro ou esquecível. "Não incomoda, mas também não é grande coisa", disse a última.
Preço: R$ 28,49 (57g, 10 cápsulas) no Pão de Açúcar.

L'or
 Na versão forza importada da França, o café da marca cumpriu o papel de ser um expresso mediano, mas a qualidade não foi unânime entre o grupo. O repórter David Lucena sentiu picância e amargor, característica que se estivesse controlada melhoraria o produto, segundo ele. Já o sabor não incomodou tanto Mariana Agunzi, que viu mais defeitos no aroma. "O sabor estava aceitável, não gostei tanto, mas tomo sem fazer careta", disse. Gabriela Bonin fez avaliação similar e disse que ele não chega a ser maravilhoso, mas que não desagrada em nenhum quesito.
Preço: R$ 19,90 (50g, 10 cápsulas) no Sacolão.

Nespresso
 Produzida na Suíça com grãos brasileiros e colombianos, a versão capriccio da marca foi avaliada como equilibrada e leve por todos os jurados, mas havia o que melhorar. "Tem um amargor gostoso que não persiste por muito tempo na boca, com pouca intensidade, mas senti falta de doçura", disse a jornalista Giuliana Bastos. Veredito parecido teve Tiago de Mello: "com doce, a bebida teria mais qualidade". Já para David Lucena, apesar de ser balanceado, o café poderia exibir mais sabor e aroma.
Preço: R$ 32 (48g, 10 cápsulas), em Quiosques da Nespresso em shoppings.

Orfeu
 Os degustadores julgaram a versão clássica da marca, produzida no sul de Minas Gerais com café especial 100% arábica, menos amarga, mas com alguns problemas. "É mais doce e intensa, mas apresenta adstringência muito forte", afirmou David Lucena. Retrogosto desagradável também foi citado como falha por outros degustadores. Mas Giuliana Bastos, por exemplo, não se incomodou tanto com o gosto, já que ele passou rápido pela boca.
Preço: R$ 28,99 (50g, 10 cápsulas) no Pão de Açúcar.

Pilão
 As cápsulas desse expresso tradicional, fabricadas na França com blend das variações robusta e arábica, foram consideradas muito amargas na entrada da bebida e no residual que fica no paladar. O alto amargor, aliado à baixa doçura, desagradou. Nem mesmo o cheiro atraiu os degustadores. "Não é um café que me agrada, mas o aroma foi pior do que o gosto", afirmou Mariana Agunzi. Uma solução para consumir a bebida, segundo Gabriela Bonin, seria combiná-la com sobremesas bem doces para equilibrar.
Preço: R$ 13,99 (52g, 10 cápsulas) no Sacolão.

Qualitá
 A cápsula moderada da marca paulistana foi a que mais recebeu críticas negativas por apresentar problemas tanto no aroma quanto no sabor. "O cheiro me marcou de forma negativa, lembrou mofo", disse Gabriela Bonin, cuja percepção foi corroborada pelos colegas. Na boca, a sensação de azedume se sobressaiu e ofuscou até mesmo o amargor do produto. Tiago de Mello sentiu um retrogosto azedo. "Parece água meio suja que nem leite salva."
Preço: R$ 11,99 (10 cápsulas, 50g cada) no Extra.

Starbucks
 Mais um representante da Suíça e 100% arábico, o café expresso roast da famosa rede de cafeterias desagradou por ter amargor que se sobressai em relação aos outros atributos, mesmo não tenso sido considerado o pior da experiência. Segundo o grupo, o sabor de queimado ou borracha foi marcante. "Tem gosto de fumaça que atrapalha a fruição", disse Tiago de Mello. Opinião semelhante teve Giuliana Bastos: "Não se sente mais nada além do amargor potente, passa muito rápido".
Preço: R$ 29,98 (57g, 10 cápsulas) no Sacolão.

Três Corações
 Com blend de grãos de Minas Gerais na versão expresso pleno, a marca incomodou por ter azedume mais marcante do que o amargor, o que tirou o equilíbrio do café. O único ponto positivo da marca foi ter mais dulçor do que algumas cápsulas anteriores. "Engana melhor", disse David Lucena, que ainda teve a impressão de o café estar passado. A avaliação negativa também veio de Mariana Agunzi. Ela afirmou que o produto amarrou a boca na ponta da língua —sensação que perdurou.
Preço: R$ 18,98 (80g, 10 cápsulas) no Sacolão.

Fonte: Folha de São Paulo

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