Nova pesquisa aponta risco zero entre café e enfermidades cardíacas
Siga em frente e tome a sua segunda, terceira ou quarta xícara de café sem culpa. Um novo estudo acaba de revelar que tomar grandes quantidades de café não eleva o risco de se padecer de enfermidades cardíacas.
A pesquisa, realizada em um grupo de 128 mil homens e mulheres ao longo de 20 anos, mostrou que tomar café de filtro — não o expresso ou o do tipo francês — não aumenta o risco de o consumidor contrair um problema cardíaco.
Os grandes tomadores de café tendiam a fumar e tomar álcool com maior frequência e esses dois fatores elevam, em muitos casos, o perigo de uma doença cardíaca, apontaram os pesquisadores da revista Circulation.
"Cremos que esse estudo mostra claramente que não existe relação entre consumo de café filtrado e a enfermidade cardíaca coronariana", manifestou Esther Lopez-García, professora da Escola de Medicina da Universidade Autônoma de Madri, que coordenou a equipe de trabalho.
"Essa falta de efeito colateral é uma boa notícia, já que o café é uma das bebidas mais consumidas no mundo", destacou a pesquisadora.
Os integrantes do projeto também descobriram que não há uma correlação entre a enfermidade cardíaca e a quantidade de cafeína, de café ou de cafés descafeinado que as pessoas tomam.
Contudo, isso não significa que todos podem tomar doses altas de café de forma impune, expressou Rob van Dam, da Harvard School of Public Health em Boston. "Não podemos excluir o vínculo entre o consumo de café e o risco de uma enfermidade cardíaca em pequenos grupos de pessoas", declarou.
Em março, um estudo publicado no Journal of the American Medical Association mostrou que as pessoas com uma versão "lenta" de uma enzima hepática particular tinham um maior risco de contrair enfermidades cardíacas, sem tomar mais café, que aqueles que possuíam uma versão "rápida" de síntese metabólica. As enzimas do fígado metabolizam o café e muitos outros componentes.
Outras pesquisas assinalaram que existe relação entre a enfermidade cardíaca e a ingestão de grande quantidade de café francês, que é obtido com a utilização de um filtro de pano no lugar dos de papel, ou o café obtido através de cafeteiras elétricas.
As equipes de Harvard e Madri utilizaram dados de dois estudos atualmente em curso: o Health Professional Follow-up Study, que desde 1986 avalia apenas homens e o Nurses's Health Study, que desde 1976 analisa exclusivamente mulheres.
Os voluntários de ambas as pesquisas periodicamente respondem a questionários sobre suas dietas, suas práticas de exercícios físicos e outros hábitos vinculados com a saúde, além de se submeter a consultas médicas regulares.
Os especialistas descobriram que mais da metade das mulheres e 30% dos homens que tomavam seis ou mais xícaras de café por dia também eram propensos a fumar tabaco, ingerir bebidas alcoólicas e recorrer à aspirina.
Por sua vez, essas pessoas eram menos inclinadas a tomar chá, realizar exercícios físicos e tomar suplementos vitamínicos.
Uma vez tabulados esses dados, observou-se que não havia diferença no perigo de sofrer um ataque cardíaco aquele que era membro do grupo que tomava pouco café e aquele que não fazia parte.