Treasuries disparam, jogando "balde de água fria" no mercado em NY e Londres
Por José Roberto Marques da Costa
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries) dispararam nesta terça-feira (13) após o mercado receber com pessimismo o dado de inflação ao consumidor (CPI) do país referente a janeiro, que veio acima do esperado e a forte valorização do dólar com o índice DXY chegando ao nível registrado pela última vez em 15 de novembro, jogando "balde de água fria" nos contratos futuros de café arábica em NY e de robusta em Londres, mesmo diante fundamentos positivos e um cenário de recorde histórico nas posições compradas dos grandes fundos.
Além do mercado do café, outras commodities tambem tiveram performance negativa, o ouro caíu abaixo do nível chave de US$ 2 mil por onça, atingindo o menor nível em dois meses. " Esse não era o relatório que o mercado queria ver", disse Tai Wong, um analista independente de metais de Nova York. Segundo ele, a inflação surpreendentemente teimosa reduziu as chances de um corte na taxa em maio para menos de 50% no momento.
Em época de rolagens de posições, volume em NY atinge 51.466 lotes, março teve queda de 2,60 cents fechando na importante resistência técnica de 193,00 cents, maio caiu 3,10 cents fechando a 188,05 cents, variando de 186,60 cents a 192,30 cents, rompendo o primeiro suporte do dia em 187,02 cents. estoques de certificados diminuíram 25 sacas para 297.445 sacas, com 57.250 sacas espera certificação. Com volume de 17.240 lotes, maio em Londres teve queda de US$ 29 a tonelada fechando a US$ 3.163/t, variando de US$ 3.157/t a US$ 3.210/t, rompendo o primeiro suporte do dia em US$ 3.160/t
O movimento vem na esteira de uma forte queda dos títulos diante da expectativa de frustrada (agora em definitivo) de início de cortes de juros nos EUA ainda no primeiro trimestre. O papel mais afetado foi o de dois anos, considerado mais representativo das expectativas de política econômica de curto prazo: neste caso, o rendimento disparou quase 14 pontos-base, para 4,611% anuais. O retorno dos mais longos, com vencimento em 30 anos, subiu mais de 7 pontos-base, 4,447% ao ano.
“Os títulos estão muito caros se a inflação ainda for um problema e o mercado não puder continuar a subir se as taxas continuarem mais altas por mais tempo – especialmente se a suposição de que o Fed já parou de aumentar as taxas for incorreta”, observa Chris Zaccarelli, da Independent Advisor Alliance, em comentário à Bloomberg.
Especialistas já recomendavam que investidores seguissem reservando parte do portfólio de 2024 para ativos de renda fixa americanos, em tendência que pode ser reforçada se o movimento de alta dos retornos perdurar. Até pouco tempo, as recomendações eram de aportes em títulos com vencimento acima de cinco anos, considerados em melhor posição para capturar benefícios em um cenário de queda de taxas.
O relatórios dos trader que deve ser publicado na sexta-feira vai mostrar a 16ª semanas consecutiva que os grandes fundos aumentaram suas posições compradas, variação de março passou de 188,20 cents a 193,00 cents, alta de 4,80 cents e neste período a máxima chegou a 198,65 cents. No último relatório, grandes fundos possuíam 56.425 posições compradas e 21.425 posições vendidas e com a forte volatilidade dos últimos cinco pregões deve mostrar os fundos com mais de 62 mil lotes compradas que vai representa recorde histórico, segundo os dados da Agnocafé, o maior nível foi no dia 08 de abril de 2021 quando chegaram a 61.452 lotes.