Vacina contra o câncer já está sendo testada em doentes no Reino Unido
De acordo com uma notícia do Independent, a farmacêutica Moderna está a produzir uma nova vacina contra o câncer de ARNm.
De acordo com o Dr. David Pinato da Imperial College Healthcare NHS Trust, esta tecnologia de ARNm, que foi anteriormente adaptada para se produzir as vacinas contra a COVID-19, funciona também para ajudar o organismo a reconhecer e a combater as células cancerígenas.
"As imunoterapias atuais estão a remover o manto de invisibilidade que faz com que o cancro se esconda no organismo. O interesse das vacinas contra o cancro reside no facto de poderem ser muito mais específicas." diz Dr. David Pinato
Uma vez no organismo, este material “ensina” o sistema imunitário as diferenças entre as células cancerosas e as células saudáveis e mobiliza-o para as destruir.
ARNm vacina contra o cancro
A vacina produzida pela Moderna destina-se a pessoas com cancro no pulmão e outros cancros de tumores sólidos, considerados em estado avançado, e encontra-se a ser testada por doentes oncológicos britânicos.
Num desenvolvimento mais recente, os doentes encontram-se a experimentar uma vacina denominada mRNA-4359 no âmbito de um ensaio clínico em fase inicial que, em uma primeira fase, pretende analisar a segurança e a eficácia.
Existem casos isolados em que as vacinas são criadas especificamente para o doente em laboratório, utilizando a sua própria informação genética, enquanto outras são vacinas mais gerais destinadas a tipos específicos de câncer.
Durante a fase de ensaio, a vacina é testada isoladamente e em combinação com um medicamento existente, o pembrolizumab, um tratamento de imunoterapia aprovado, também conhecido como Keytruda.
Este ensaio, denominado Mobilize, está a ser alargado e estão a ser recrutados pacientes em todo o mundo, incluindo Espanha, EUA e Austrália.
Mas qual a diferença entre a vacina ARNm e o tratamento tradicional?
Segundo o Professor Peter Johnson, diretor clínico nacional do NHS para o cancro, as vacinas contra o cancro são diferentes da imunoterapia, que também ajuda o sistema imunitário a reconhecer e a atacar o cancro.
As imunoterapias atuais estão a remover o manto de invisibilidade que faz com que o câncer se esconda no corpo, mas esta remoção é muito inespecífica. As vacinas contra o câncer podem ser muito mais específicas, podendo dar instruções específicas ao sistema imunitário
A vacina que está a ser testada no ensaio é uma "vacina pronta a usar" e não uma vacina adaptada a cada doente. Embora as vacinas personalizadas possam ser muito eficazes, a sua produção pode demorar semanas e depende de uma grande amostra de tumor.
A vacina da Moderna está a analisar características específicas de uma série de tumores, procurando saber qual é o alvo mais frequente que se pode atingir no câncer.
O Dr. Pinato afirma ainda que não é claro porque é que alguns doentes beneficiam da imunoterapia e das vacinas contra o câncer e outros não. Pode acontecer que alguns doentes não consigam utilizar bem estas vacinas, pelo que o sistema imunitário ainda é tão fraco que não beneficiaria, mesmo com instruções precisas.
Porém, apesar de todas as descobertas científicas e do desenvolvimento de uma série de medicamentos para o câncer, nunca haverá um que faça tudo.