Impactos dos recentes eventos macroeconômicos nos preços do café
Por Natália Gandolphi, analista de Café da hEDGEpoint
De acordo com análise do relatório da hEDGEpoint Global Markets, os eventos macroeconômicos desta semana causaram impactos nos preços das commodities, e o café foi uma das principais commodities afetadas.
“Na sexta-feira (08), foram divulgados os dados de empregos e desemprego nos Estados Unidos, mostrando que, embora as contratações tenham se mantido em um ritmo constante - sugerindo que ainda há resiliência no mercado de trabalho dos EUA - a taxa de desemprego atingiu o maior nível em dois anos. Neste relatório, analisaremos os dados da economia americana e seus possíveis impactos nos preços do café”, diz Natália Gandolphi, analista de Café da hEDGEpoint;
“Primeiramente, os próprios resultados. A taxa de desemprego e os empregos não agrícolas desde 2021. Embora ambas as séries estejam em queda em comparação com três anos atrás, os mercados concordam que o mercado de trabalho dos EUA tem sido peça central no complicado quebra-cabeça da inflação persistente. Apesar dos empregos não agrícolas de fevereiro terem superado as expectativas (275 mil em comparação com os esperados 200 mil), os resultados de dezembro e janeiro foram revisados para baixo (uma redução combinada de 167 mil), e a taxa de desemprego mais alta confirma o sentimento do ajuste nos empregos”, explica a analista.
E segue: “A história, no entanto, continua na próxima semana, com a divulgação dos dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) na terça-feira (12). Será o primeiro dos três esperados até a reunião do Fed em junho, com uma probabilidade combinada de 78% de corte na taxa-alvo do Fed (em comparação com a probabilidade combinada de 25,7% de corte em maio, e uma aposta sólida em taxas inalteradas para a próxima reunião em 20 de março)”, ressalta.
Para referência, espera-se que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) mês/mês seja de 0,4%, já um pequeno aumento em comparação com o último resultado (0,3%), e a estimativa anual é atualmente de 3,1%, inalterada em relação ao resultado anterior. É importante notar que as cifras mensais mostram mais resistência, uma vez que na comparação anual alguns componentes exerceram menos pressão, como energia e itens alimentícios.
“Ainda assim, junto com uma correção a partir do fechamento de quinta-feira, os resultados afetaram negativamente o café, especialmente o arábica. O segundo contrato fechou em 192,20 c/lb, o valor mais alto desde dezembro de 2023, mas há também um componente técnico: uma resistência de médio prazo em 192,10 c/lb. Com os elementos combinados de cautela em relação aos números do mercado de trabalho dos EUA e marcadores técnicos, os preços do café responderam negativamente”, observa.
Segundo Natália, “o arábica foi o mais afetado, mas não sem razão, os fechamentos diários para o Índice do Dólar e a taxa de câmbio USD/BRL. A moeda brasileira perdeu terreno, refletindo as expectativas internas - principalmente, discussões sobre gastos públicos impactando o balanço comercial deste ano, bem como resultados mais fracos da Petrobras. Portanto, há uma pressão maior para o arábica em comparação com o robusta”, conclui.