Oscar Niemeyer e projeto de capela inspiram no Orfeu Cafés Especiais
Oscar Niemeyer (1907-2012), o arquiteto brasileiro mais conhecido no mundo, já era centenário quando projetou a capela Santa Clara, dentro da Fazenda Rainha, em São Sebastião da Grama, quase na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Agora, os frutos das plantas de café que rodeiam a capela deram origem a um microlote de limitada da Orfeu Cafés Especiais, em homenagem ao arquiteto.
As embalagens em papelão com dobraduras seguem as curvas tão caras a Niemeyer. A fazenda tem mais de 80 anos e foi comprada pela Orfeu em 2005. Na ocasião, ao serem perguntados qual melhoria gostariam que fosse introduzida, os funcionários pediram um local para rezar, como é tradicional nas grandes fazendas. A área total de mil hectares tem café, oliveiras, pastagens, eucaliptos, uma reserva nativa e ali vivem 51 famílias de colonos.
Ao saber desse desejo, Niemeyer, que sempre foi sensível a causas sociais, presenteou-os com o projeto, que inclui um desenho no fundo do altar e o piso de cerâmica também desenhado por ele. O arquiteto não chegou a ver a obra pronta, mas logo na entrada há uma frase dele: “Trata-se de um homem a olhar, surpreso, este universo fantástico que nos cerca. Neste uma cruz se destaca a lembrar, aos que chegam, a ideia de Deus, que tudo criou”.
Não deixa de ser instigante o fato de que Niemeyer, assumidamente ateu e comunista, tenha projetado tantos templos religiosos. “O tema religioso sempre foi muito significativo para o Oscar”, diz seu bisneto Ricardo Niemeyer, diretor executivo da Fundação Oscar Niemeyer. “A igreja da Pampulha foi um de seus primeiros trabalhos autorais, temos a Catedral de Brasília e ele chegou a fazer o projeto de uma mesquita que acabou por não ser construída.”
Para Ricardo, o arquiteto conseguiu fazer da capela Santa Clara um santuário que transmite espiritualidade e remete a alguma coisa meditativa. “Você olha aquela igrejinha branca no alto da colina em contraste com o céu e ela provoca uma busca de transcendência.”
A família acompanhou a obra e agora foram cerca de um ano e meio de negociações entre a Orfeu e a Fundação para que se desse uma edição final ao lançamento que acaba de chegar ao mercado. “A parceria é muito conveniente porque oferece a oportunidade do público ter contato com mais um recorte da obra do Oscar numa escala mais residencial, menos monumental, quando as pessoas estão acostumadas a ver seus trabalhos de grande porte. Mas mesmo nessa escala pequena a arquitetura dele se manifesta”, diz Ricardo.
Por outro lado, ele acha que a edição é uma forma de divulgar o café brasileiro de qualidade. “Produção de café e arquitetura são duas coisas que trazem a essência brasileira.”