Temor com oferta impulsiona preços do cacau e café na bolsa de Nova York
O cacau foi mais uma vez a commodity agrícola mais valorizada nas bolsas americanas em abril, com a cotação ainda fortalecida por uma oferta restrita e demanda persistente. Os contratos futuros do café também tiveram alta expressiva na bolsa de Nova York no mês passado, acompanhando a valorização do café robusta negociado na bolsa de Londres.
Por mais um mês, os futuros de cacau alcançaram níveis nunca antes vistos na bolsa. A cotação do contrato de segunda posição atingiu a marca de US$ 11.878 a tonelada em 19 de abril, impulsionada por dados de processamento na Europa considerados robustos mesmo em meio a preços recordes. No fechamento de abril, o contrato de segunda posição subiu 34,35%, para US$ 10.039 a tonelada, na média, segundo o Valor Data.
Na Europa, principal mercado para a amêndoa, a moagem de cacau caiu 2,2% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2023, com o processamento de 367 mil toneladas. O número superou as estimativas de analistas, que esperavam um declínio entre 3% e 6%.
Para Rafael Borges, analista de inteligência de mercado da StoneX, como existe uma defasagem entre o preço negociado na bolsa e aquele pago pelas indústrias, a demanda ainda pode se beneficiar desse cenário. No entanto, acrescenta, o recorde do preço ainda impactará os dados de moagem no restante do ano.
“Os problemas de oferta apertada persistem, e isso não deve mudar drasticamente até o início da próxima safra [2024/25] em outubro”, avalia Borges. Ele projeta um cenário considerado “normal” para os preços do cacau na bolsa, e prevê uma cotação entre US$ 6 mil e US$ 7 mil a tonelada nos contratos com vencimento em setembro.
O café arábica também subiu, e majoritariamente influenciado pela cotação do robusta. O preço em Nova York avançou 18,13%, negociado a US$ 2,1863 a libra-peso, na média, segundo o Valor Data. As preocupações com a oferta de café robusta no Vietnã, maior produtor mundial, levaram o preço a um recorde na bolsa de Londres no dia 25 de abril, de US$ 4.304 a tonelada.
A falta de chuvas e as altas temperaturas no país asiático têm alimentado a expectativa de quebra na safra 2024/25, que será colhida a partir de novembro. Os ataques de rebeldes houthis, do Iêmen, no Mar Vermelho, também têm contribuído para a alta do robusta, já que prejudicam as rotas de escoamento do produto que sai da Ásia.