Liquidações são ampliadas e café fica próximo dos 200 cents na ICE
Os contratos futuros de café arábica encerraram esta sexta-feira com perdas, consolidando uma semana amplamente negativa. Uma significativa parte dos ganhos amealhados ao longo das sessões recentes foram corroídos, com o julho voltando a flertar com o nível psicológico de 200,00 centavos de dólar por libra peso. O cenário de preocupação com a oferta global verificado até há pouco perdeu força, abrindo espaço para readequações e vendas especulativas, com as baixas aflorando. A posição de maior liquidez para o café na bolsa de Nova Iorque, o julho, teve uma semana amplamente negativa, registrando uma retração de consideráveis 10,38%.
O julho variou, ao longo do pregão, dentro de um range de 840 pontos, com a prevalência dos vendedores, com o volume de negócios processados ao final desta sexta-feira se mostrando apenas regular, com em torno de 51 mil lotes tendo trocado de mãos ao final das operações.
O café chegou a ser influenciado, ao longo da semana, pelo cenário macroeconômico, principalmente diante da manutenção das taxas de juros da economia norte-americana, porém, o viés negativo veio notadamente da recomposição das cotações. Os ganhos se mostraram efetivos ao longo dos últimos pregões, com patamares consistentes sendo testados, mas sem uma força mais eloquente para a manutenção de alguns indicadores mais sustentados.
O câmbio não afetou diretamente no comportamento do terminal cafeeiro nesta sexta-feira, com o dólar registrando baixas consideráveis em relação ao real brasileiro.
"No mercado físico brasileiro, os compradores diminuíram as bases de preços ao longo da semana, acompanhando a queda das cotações em Nova Iorque e do dólar frente ao real. O mercado físico permaneceu calmo, praticamente paralisado. Com o recuo no valor das ofertas, os produtores retiraram seus lotes do mercado. Nestes primeiros meses de 2024 esse volume vinha crescendo, mas sempre com negociações difíceis, atrapalhadas pelo “sobe e desce” nas cotações na ICE e pelas incertezas climáticas, que preocupam e trazem muita insegurança aos cafeicultores", indicou o Escritório Carvalhaes, de Santos.
O físico brasileiro viu a finalização da semana com negócios praticamente inexistentes, com um grande volume de players vendedores se mostrando de lado. A ideia de preço para a saca de café de qualidade no sul de Minas ficou no patamar de R$ 1.200.
No encerramento do dia na ICE, a posição julho registrou baixa de 535 pontos, com 200,75 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 208,45 centavos e a mínima em 200,05 centavos por libra, com o setembro tendo oscilação negativa de 525 pontos, com 199,10 centavos de dólar, com a máxima em 206,65 centavos e a mínima em 198,65 centavos por libra. Na ICE Futures Europe, a posição julho registrou perda de 139 dólares, com 3.541 dólares por tonelada, com o setembro tendo oscilação negativa de 147 dólares, atingindo os 3.470 dólares por tonelada.
As atividades do dia se mostraram novamente dentro de um viés gráfico, mas com os vendedores se mostrando mais efetivos, com alguns patamares de preço sendo buscados.
O mercado continuou a trabalhar com olhos voltados para o Vietnã, país que tende a ofertar um volume menor do grão, o que pode afetar diretamente o comportamento da bolsa nova-iorquina.
No dia: a abertura dos trabalhos desta sexta-feira se deu com o julho no nível de 205,95 centavos de dólar por libra peso, com avanço de 15 pontos. As ordens compradoras chegaram a se mostrar mais eloquentes e a máxima do pregão bateu os 208,45 centavos. No entanto, o fôlego desses participantes não foi ais efetivo. Logo, as ordens vendedoras passaram a ser mais consistentes e as baixas apareceram e foram sendo ampliadas. A mínima do dia atingiu o nível de 200,05 centavos.
No segmento externo, dia de altas para as bolsas de valores nos Estados Unidos, com as commodities softs tendo avanços para o algodão, cacau e açúcar, com retração para suco de laranja e café.
A exportação mundial de café alcançou 12,99 milhões de sacas de 60 kg em março, o sexto mês da safra 2023/24. O volume corresponde a um aumento de 8% na comparação com igual mês de 2023 (12,02 milhões de sacas). Os números fazem parte de relatório mensal da Organização Internacional do Café (OIC). Nos seis primeiros meses da safra, os embarques aumentaram 10,4% na comparação anual, para 69,16 milhões de sacas. Nos 12 meses encerrados em março de 2024, a exportação de arábica totalizou 77,92 milhões de sacas, ante 76,63 milhões de sacas nos 12 meses encerrados no período anterior, aumento de 1,68%. Já o embarque de robusta aumentou 4,97% na mesma comparação, de 49,08 milhões para 51,52 milhões de sacas.
Os estoques certificados de café na ICE Futures US tiveram alta de 7.142 sacas, indo para 689.179 sacas.
O julho para os arábicas na ICE Futures US tem resistência em 206,12, 211,48 e 214,52 centavos de dólar por libra, com o suporte em 197,72, 194,68 e 189,32 centavos por libra.