Os fundamentos do mercado de café continuam os mesmos

Santos, sexta-feira, 3 de maio de 2024

Após o término, na segunda-feira da semana passada, da rolagem para julho, dos contratos de café com vencimento neste mês de maio na ICE Futures US, os contratos de arábica na ICE americana, e os de robusta, na ICE Europeia, recuaram com força, em um movimento de correção e ajustes, após as expressivas altas acumuladas desde as últimas semanas de fevereiro. Sem a pressão da rolagem de contratos e com notícias da possível chegada de chuvas sobre as regiões produtoras de robusta no Vietnã e avanços na colheita da safra brasileira de café 2024, fundos e especuladores realizaram lucros e se reposicionaram nestas duas últimas semanas.

 Em nossa opinião, os fundamentos do mercado de café continuam os mesmos: Estoques baixos tanto nos países produtores como nos países consumidores, com seguidos problemas climáticos em todo o mundo, que devem continuar se sucedendo e prejudicando a produção de café em todo os principais países produtores; Aumento de consumo mundial, com um crescimento mais robusto na Ásia, onde a China começa a se destacar, aumentando ano após ano suas importações de café; Nos EUA, maior consumidor de café do mundo, o presidente da NCA, a Associação Nacional de Café do País , informou, em comunicado à imprensa, que o atual consumo americano diário de café é o maior em 20 anos; O consumo de café no Brasil, segundo maior consumidor do mundo, continua crescendo em todos os seguimentos.

 Hoje, na ICE Future US, os contratos de arábica para julho próximo bateram em US$ 2,0845 por libra peso na máxima do dia, oscilaram 840 pontos entre a máxima e a mínima, e fecharam a US$ 2,0075 por libra peso, em queda de 535 pontos. Fecharam ontem em baixa de 990 pontos e anteontem de 65 pontos. Na terça-feira recuaram 1.085 pontos. Terminaram a segunda-feira em alta de 350 pontos. Somaram queda de 2.325 pontos nesta semana. Esses contratos fecharam a sexta-feira passada a US$ 2,2400 por libra peso, recuando 795 pontos nessa semana. Caíram 3.120 pontos nestas duas últimas semanas, depois de somarem ganhos de 5.020 pontos nas cinco semanas anteriores à passada.

 Na ICE Europe, em Londres, os contratos de robusta para julho fecharam hoje valendo US$ 3.541,00 por tonelada, em baixa de 139 dólares. Ontem caíram 298 dólares e anteontem 43 dólares. Na terça-feira recuaram 143 dólares. Na segunda-feira, subiram 13 dólares. Caíram nesta semana 610 dólares por tonelada. Esses contratos para julho próximo somaram alta de 1.109 dólares por tonelada nas oito semanas anteriores.

 Os estoques de cafés certificados na ICE Futures US subiram hoje 7.142 sacas e estão em 689.178 sacas. Há um ano eram de 663.976 sacas, quando eram considerados criticamente baixos. Subiram neste período 25.202 sacas. Nesta semana esses estoques somaram alta de 32.521 sacas. No mês de abril subiram 64.549 sacas. No mês de março somaram alta de 234.662 sacas. Subiram 103.777 sacas no mês de fevereiro. No mês de janeiro caíram 1.395 sacas.

 O dólar caiu hoje 0,86 % frente ao real e fechou a semana a R$ 5,0690. Fechou a sexta-feira passada valendo R$ 5,1160.

 Os preços do café no mercado físico brasileiro subiram fortemente em abril, com as médias dos indicadores Cepea/Esalq do arábica e do robusta aumentando cerca de R$ 200 por saca de 60 quilos em relação ao mês de março. Para o robusta, a média de abril atingiu novo recorde da série histórica do Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP – iniciada em 2001 para a variedade –, e para o arábica, foi a maior, em termos reais, desde setembro de 2022 (com deflacionamento pelo IGP-DI de março de 2024). No dia 30 de abril, o indicador Cepea/Esalq do café robusta apresentava cotação média de R$ 1.134,67 a saca de 60 quilos, o que representa uma alta mensal de 19,14%. Já o preço médio do arábica estava em R$ 1.247,84 a saca, com aumento acumulado de 21,19% no mês.

 Em reais por saca, os contratos para julho próximo em Nova Iorque fecharam hoje valendo R$ 1.346,08. Ontem, terminaram o dia valendo R$ 1,393,95. Encerraram a última sexta-feira a R$ 1.515,91. Fecharam a sexta-feira anterior à passada a R$ 1.594,79.

 No mercado físico brasileiro, os compradores diminuíram as bases de preços ao longo da semana, acompanhando a queda das cotações em Nova Iorque e do dólar frente ao real. O mercado físico permaneceu calmo, praticamente paralisado. Com o recuo no valor das ofertas, os produtores retiraram seus lotes do mercado. Nestes primeiros meses de 2024 esse volume vinha crescendo, mas sempre com negociações difíceis, atrapalhadas pelo “sobe e desce” nas cotações na ICE e pelas incertezas climáticas, que preocupam e trazem muita insegurança aos cafeicultores.

 O tempo seco e quente continua predominando sobre a maior parte das áreas produtoras de café ao longo dos próximos dias, condição que favorece a colheita e a secagem dos grãos. Apenas ES, sul da BA e norte de RO podem ocorrer episódios muito esparsos e fracos de chuva. Há expectativa para uma ligeira mudança no tempo a partir do dia 9 de maio, quando uma frente fria deve avançar de forma oceânica, provocando aumento da umidade sobre áreas produtoras entre o Paraná e Sudeste, mas as chuvas devem ficar restritas apenas a faixa leste entre São Paulo e Rio de Janeiro (CLIMATEMPO).

 Até dia 3 os embarques de abril estavam em 2.834.360 sacas de café arábica, 608.685 sacas de café conilon, mais 289.159 sacas de café solúvel, totalizando 3.732.204 sacas embarcadas, contra 4.100.406 sacas no mesmo dia de março. Até o mesmo dia 3 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em abril totalizavam 4.620.147 sacas, contra 3.813.776 sacas no mesmo dia do mês anterior.

 Até dia 3 os embarques de maio estavam em 10.093 sacas de café arábica, mais 3.020 sacas de café solúvel, totalizando 13.113 sacas embarcadas, contra 973 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 3 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 111.906 sacas, contra 238.339 sacas no mesmo dia do mês anterior.

 A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 26, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 3, caiu nos contratos para entrega em julho próximo 2.325 pontos ou US$ 30,75 (R$ 155,90) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE, fecharam no dia 26 a R$ 1.515,91 por saca, e hoje sexta-feira, dia 3, a R$ 1.346,08. Hoje, nos contratos para entrega em julho, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 535 pontos.

Escritório Carvalhaes

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