Alta de 41,2% no robusta e 20,4% no arábica no primeiro semestre de 2024
Por José Roberto Marques da Costa
Os preços dos contratos futuros do café arábica encerraram sexta-feira com leve alta de 0,45 cents ao passo que os investidores avaliavam os aguardados dados de inflação do índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos Estados Unidos, que deu sinais de que está caminhando para a meta do Federal Reserve (Fed). Divulgado mais cedo, o PCE exibiu taxa anual de 2,6% e se aproximou da meta de inflação a 2% do Fed. O indicador é a medida inflacionária favorita do banco central americano para formulação se sua política monetária. O recuo nos rendimentos dos Treasuries visto nesta sexta-feira (28) também favoreceu o café na última parte da sessão.
O dólar encerrou a sessão desta sexta-feira em alta forte, chegando a se aproximar do patamar de R$ 5,60. O pregão foi marcado por forte desvalorização do real, em dia que o euro também se aproximou do nível de R$ 6. A dinâmica se descolou do cenário externo, em dia de recuperação da maioria das moedas de mercados emergentes. Com a piora de ontem, o dólar teve valorização de 2,71% na semana; 6,46% no mês de junho; e de 15,17% no primeiro semestre de 2024. Fechado o mercado, o dólar comercial teve valorização de 1,46%, a R$ 5,5884, depois de ter encostado na mínima de R$ 5,4843 e encostado na máxima de R$ 5,5982. Já o euro comercial teve valorização de 1,52%, a R$ 5,9847.
Com volume de negócios de 25.908 lotes, o café arábica de setembro teve leve alta de 0,45 cents fechando a 226,80 cents variando de 222,05 cents a 228,55 cents, rompendo dois suportes do dia em 224,28 cents e 222,22 cents, faltando apenas 0,15 cents para ultrapassar a primeira resistência do dia em 228,70 cents. Em junho acumula alta de 4,45 cents e no primeiro semestre de 2024, a valorização foi 20,4% ( 38,50 cents ). Os estoques de certificados diminuíram 790 sacas para 807.394 sacas, esperando certificação 42.485 sacas. No mês de junho acumula alta de 22.653 sacas e no primeiro semestre teve alta de 554.250 sacas
Nos pregões da última semana de junho, a "briga" foi intensa em 236,40 cents, nível que a Agnocafé define como "divisor de água" e durante o mês variou 24,80 cents, de 215,00 cents ( 12 ) di do vencimento das opções a 239,80 cents ( 06 ). Nesta semana a variação foi 15,50 cents, mínima 222,05 cents ( 28 ) a 237,55 cents ( 24 ) e nos últimos 12 pregões, o setembro está encontrando forte suporte acima de 223,00 cents e forte resistência acima de 236,00 cents.
Segundo o analista técnico Andrew Hecht os futuros do café arábica em um ano subiram desde a mínima de outubro de 2023. O gráfico destaca o padrão de negociação de alta que elevou os contratos futuros do café arábica para julho em 67,3%, de 146,65 cents em 10 de outubro de 2023, para 245,40 cents em 18 de abril de 2024. Perto do nível de 240,00 cents, os futuros do café permanecem mais próximos da máxima e em uma tendência de alta. A máxima histórica nos futuros de café arábica da ICE foi de 337,50 cents em 1977. Os futuros de café arábica atingiram máximas mais baixas de 318,00 em 1997 e 306,25 cents em 2011.
A primeira meta técnica para os futuros do café arábica ICE é o pico de fevereiro de 2022, o gráfico de vinte anos, a resistência técnica está em 260,45 cents. Depois de atingir a mínima do contrato contínuo de 142,05 cents em janeiro de 2023, os futuros do café apresentam tendência de alta, com a máxima de fevereiro de 2022 como meta técnica com resistência positiva final superior ao nível de 300 cents. Os grãos arábica não são negociados acima do nível de 300 cents há treze anos.
O relatório da CFTC referente a 25 de junho mostra alta nas posições compradas ( 2.725 lotes) e queda nas posições vendidas (1.667 lotes) dos grandes fundos, neste período a variação de maio passou de 225,25 cents a 229,30 cents, alta de 4,05 cents. Os dados mostraram alta de 10,15% ( 4.393 lotes) nas posições líquidas compradas dos grandes fundos. Em resumo 82,45% dos grandes investidores apostam na alta e 17,55% apostam na baixa
Segundo os números, os grandes fundos possuíam 47.713 posições líquidas compradas, sendo 60.617 posições compradas e 12.904 posições. No relatório anterior, referente a 18 de junho, eles tinham 43.220 posições líquidas compradas sendo 57.892 posições compradas e 14.571 posições vendidas. As empresas comerciais aumentaram suas posições líquida vendidas, registravam 98.829 posições líquidas vendidas, sendo 50.135 posições compradas e 148.980 vendidas. No relatório anterior do dia 18, possuíam 95.076 posições líquidas vendidas, sendo 48.653 posições compradas e 143.730 vendidas.
Segundo dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), até dia 28 de junho, os embarques brasileiros do mês totalizaram 3.045.618 sacas (média diária de 108.772 sacas), queda de 23,2%, sendo 2150.762 sacas de café arábica, 677.066 sacas de café conillon e 217.790 sacas de café solúvel. Os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque de maio totalizavam 3.473.014 sacas, queda de 23,8%, sendo 2.430.954 sacas de arábica, 766.605 sacas de conillon e 275.455 sacas de solúvel. A projeção indica que no mês de junho deve ser exportada 3,8 milhões de sacas. Com a performance no acumulado da safra 2023/24, o Brasil chega a exportações de 47,5 milhões de sacas novo recorde das exportações da safra, superando o maior volume histórico até então, obtido na temporada 2020/21, quando o país comercializou 45,7 milhões de sacas.
De acordo com com artigo da Bloomberg de quinta-feira, o Brasil está no caminho certo para colher uma colheita mais fraca do que o esperado, num desenvolvimento frustrante para os já apertados mercados globais. Os agricultores estão colhendo grãos menores do que o normal depois que as árvores passaram por um período de calor e seca que prejudicou o desenvolvimento. Embora a extensão do impacto seja incerta, a preocupação já está a estimular algumas revisões em baixa nas estimativas de produção do arábica. “Há certamente uma preocupação com o déficit de produção”, disse Simão Pedro Lima, executivo da cooperativa Expocacer, que acrescentou que o tamanho médio dos grãos provavelmente será inferior ao dos anos anteriores na principal região produtora do Cerrado Mineiro.
Os futuros do Arábica estão a caminho do quarto ganho mensal consecutivo e subiram cerca de 20% este ano devido a preocupações com a oferta. Os preços da variedade robusta também subiram, saltando mais de 40% em 2024, à medida que a produção do principal produtor, o Vietname, sofre uma seca. A JM Smucker Co., cujas marcas incluem Folgers, Café Bustelo e Dunkin’, disse este mês que a empresa deverá aumentar os preços à medida que enfrenta custos mais elevados do café. Este mês, o Marex Group Plc. reduziu suas perspectivas para a safra brasileira para 44 milhões de sacas de grãos arábica na atual temporada 2024-25. Isso se compara à estimativa de março de 46,6 milhões.
A colheita mais fraca está a confirmar os receios dos agricultores. As altas temperaturas que ocorreram no final de 2023 foram prejudiciais ao desenvolvimento inicial dos grãos, disse Regis Ricco, consultor que atende diversos produtores de café nas maiores áreas produtoras do Brasil. Ele acredita que a produção será 10% a 15% menor do que o esperado anteriormente, já que os produtores precisarão usar mais grãos para encher uma saca de café.
Com a colheita no Brasil ainda em andamento, é possível que os agricultores notem alguma melhora nos próximos meses. Ainda assim, há dúvidas se qualquer alívio futuro seria suficiente para compensar as perdas já reportadas. Mais revisões para baixo nas estimativas de mercado poderão ocorrer em breve, disse Albert Scalla, vice-presidente sênior de negociação da StoneX. “A contagem de grãos está caindo – os rendimentos estão diminuindo”, disse ele. “Muito provavelmente, a próxima volatilidade que você poderá ver no mercado é que muitas das estimativas publicadas, algumas delas bastante agressivas no lado alto, podem ter que cair para refletir esta redução dos rendimentos.”
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estimou nesta sexta-feira que os reservatórios de hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste chegarão ao final de julho em 61,9% da capacidade. O nível previsto é 5,6 pontos percentuais inferior ao registrado nesta sexta-feira no principal subsistema do país para armazenamento das hidrelétricas. Já as chuvas que deverão chegar às hidrelétricas do país devem ficar abaixo da média histórica em todas as regiões em julho, já em meio ao período seco, com 53% da média no Sudeste/Centro-Oeste, 80% no Sul, 41% no Nordeste e 53% no Norte.
O presidente do Sindicato Rural de Jaguaré, Gedson Geraldo Salarolli, fez alerta nesta sexta-feira que a safra de café conillon no norte do Estado do Espírito Santo deverá ter uma quebra significativa na temporada 2024/2025. Pelas sondagens junto os cafeicultores associados e outros cafeicultores do norte do Espírito Santo, estimamos uma redução de safra entre 35% e 40%, decorrente de uma má formação dos frutos, que estão miúdos e de baixa qualidade devido à má granação.
As causas principais dessa redução na produção foram as altas temperaturas, juntamente com os períodos de longa estiagem durante o enchimento dos frutos, logo após a fase de chumbinho e durante o crescimento dos frutos. Durante meses, as lavouras de café conillon foram severamente afetadas pela falta de chuvas, resultando em um déficit hídrico substancial que comprometeu a fenologia e o desenvolvimento adequado dos frutos.
Esse cenário impacta diretamente a oferta de café conillon no mercado, com uma redução expressiva na quantidade disponível para comercialização, pois não há estoques remanescentes. nossos associados e à cadeia de comercialização e industrialização que ajustem suas expectativas e façam um novo planejamento dentro da realidade dessa colheita, levando em consideração uma quebra de produção significativa.
O volume de negócios em Londres atingiu 12.413 lotes, o setembro queda de US$ 36 a tonelada fechando a US$ 4.011,variando de US$ 3.981/t a US$ 4.105/t, rompendo o primeiro suporte do dia em US$ 4012/t e ultrapassando primeira resistência em US$ 4.097/t. Em junho teve perda de US$ 105 e no primeiro semestre de 2024 acumula alta de 41,2%, maior rali do primeiro semestre desde 2008. Os estoques de café Robusta certificado na Bolsa de Londres aumentaram 7.833 sacas na semana encerrada em 24 de junho de 2024, registrando um total de 986.500 sacas, das quais o Brasil responde por mais de 90%.
As atividades comerciais permaneceram lentas no Vietnã devido ao fornecimento de produtos finos, com os preços domésticos estáveis em cerca de 120.000 dong por kg, disseram traders na quinta-feira. Os agricultores do Planalto Central, a maior área de cultivo de café do Vietnã, estavam vendendo grãos por 119.000-120.200 dong (US$ 4,67-US$ 4,72) o kg, de R$ 1.566,00 a R$ 1.583 a sacas de 60 quilos, em média R$ 300,00 a mais ante a saca de conilon comercializada no Brasil
“O comércio doméstico de café está bem tranquilo, pois os agricultores ficaram sem grãos e algumas empresas não estão dispostas a importar (grãos) a preços muito altos”, disse Nguyen Ngoc Quynh, vice-chefe da Bolsa Mercantil do Vietnã (MXV). “Os preços do café provavelmente aumentarão nos últimos dias de junho e início de julho.”
As condições climáticas nas principais regiões produtoras de café das Terras Altas Centrais do Vietnã foram afetadas por clima mais seco e calor extremo de março a maio. A MXV Vietnam Commodities informou que esperava que a produção diminuísse de 10% a 16% devido ao clima adverso. condições que ocorreram no início do ano. Segundo estimativas da Vicofa, a produção de café robusta para a safra 23/24 é de cerca de 26,7 milhões de sacas, a próxima safra 24/25 do Vietnã ficará entre 21,40 e 22,70 milhões de sacas.
Como o segundo maior exportador de café, o Vietnã vem expandindo sua produção de café junto com o aumento constante dos preços do café no mercado internacional. No entanto, o padrão climático El Niño deste ano trouxe altas temperaturas e pouca chuva para o Vietnã, criando uma situação difícil para os cafeicultores. A província de Gia Lai é uma grande área de produção de café no Vietnã. Muitos cafeicultores aqui foram seriamente afetados pelo clima extremo causado pelo El Niño. Os agricultores locais aumentaram a irrigação para combater o clima extremo, mas essas medidas não são muito eficazes porque as espécies de café no Vietnã são altamente sensíveis às condições climáticas
NGUYEN VAN HOA Agricultor vietnamita "Este ano, tivemos pouca chuva e um tempo muito seco, por isso espera-se que a produção de café seja reduzida em 30 por cento em comparação com anos anteriores. A minha exploração de café produz normalmente seis toneladas de grãos de café todos os anos, às vezes oito toneladas, mas este ano provavelmente produzirá apenas quatro a cinco toneladas."
LE DUC NIEN Agricultor vietnamita "Definitivamente tivemos menos chuva este ano do que em qualquer outro ano no passado, talvez seis a sete em dez se você calcular em números. A temperatura também é mais alta. A produção diminuirá em 40 por cento ou até mais. Minha estimativa é de 30% a 40%."
TRUONG BA KIEN Vice-diretor, Vietnam Climate Research Center "As plantas de café são muito sensíveis à temperatura e crescem melhor entre 24 e 28 graus Celsius. Quando a temperatura sobe, a produção diminui e a qualidade das flores, dos grãos e da cafeína se deteriora. As infestações de pragas também tendem a se expandir."
No primeiro semestre de 2024, o Vietnã exportou 902.000 toneladas ( 15,038 milhões de sacas ) de café, um queda de mais de 10 por cento. A receita de exportação de café atingiu 3,2 bilhão de dólares americanos, aumentando em mais de 34,5 por cento. No entanto, há pouco estoque de café no Vietnã, então o clima extremo pode prejudicar a produção de café. Espera-se que o preço dos produtos de café aumente ainda mais no futuro próximo.