Bolsas oscilam fortemente todos os dias, desorientando operadores e analistas
Santos, sexta-feira, 12 de julho de 2024
As cotações do café na ICE Futures US e na ICE Europe subiram forte esta semana. Oscilaram com intensidade e rapidez todos os dias, desorientando operadores e analistas. Fecharam esta sexta-feira com boas altas, encerrando mais uma semana de ganhos expressivos.
Os fundamentos permanecem os mesmos. As preocupações com a oferta global de café são crescentes e inquietam o mercado. Ninguém mais dúvida da quebra na produção brasileira de café 2024/2025. O debate agora é sobre o volume das perdas, que varia conforme a região deste país de dimensões continentais. Para turvar mais o quadro, o final do período de chuvas nas regiões cafeeiras do Brasil começou mais cedo este ano, entre a segunda quinzena de abril e início de maio, conforme o Estado produtor, mas as temperaturas continuaram acima da média, aumentando as perdas de umidade por evaporação nos cafezais. O longo período de seca e a chegada do La Niña no segundo semestre, levam os cafeicultores brasileiros a olhar com apreensão para a próxima safra 2025/2026. Nesse cenário, mostram cautela na venda de seus cafés.
Com a divulgação esta semana dos embarques brasileiros em junho último, as exportações brasileiras de café alcançaram o recorde histórico de 47,300 milhões de sacas de 60 kg no ano-safra 2023/2024 (julho de 2023 a junho de 2024). Acumularam alta de 32,7% na comparação com as 35,632 milhões de sacas embarcadas de julho de 2022 a junho de 2023. Nossas 47,300 milhões de sacas foram enviadas para 120 países e representam crescimento de 3,6% sobre nosso recorde anterior, de 45,675 milhões de sacas, no ciclo 2020/2021. Também tivemos aumento de 20,7 % na receita cambial obtida com os embarques realizados nos últimos 12 meses encerrados em junho último. O valor saltou de US$ 8,142 bilhões, na temporada 2022/2023, para os atuais US$ 9,826 bilhões. Essa cifra é a maior na história do levantamento das exportações brasileiras de café, iniciado em 1990.
De acordo com o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, “o Brasil, com uma safra melhor, após dois ciclos de produção menor, ampliou seu market share no comércio global, ocupando espaços deixados por oferta reduzida de outros produtores, como Indonésia e Vietnã, principalmente com o conilon e o robusta nacionais”.
A espécie canéfora é o principal destaque do ano safra 2023/2024, elevando sua participação para 17,4% do geral. Foram embarcadas 8,238 milhões de sacas dos cafés conilon e robusta brasileiros, o que representa alta de 461,1% ante o ano safra anterior.
“A exportação recorde dos cafés canéforas resulta de investimentos de décadas em pesquisa e tecnologia, que elevaram a qualidade e a produtividade, através de cultivo sustentável, possibilitando que essa espécie e suas variedades possuam volumes e atributos sensoriais para o Brasil ampliar seu share no mercado global, atendendo à crescente demanda mundial. Em menor proporção, os arábicas também vêm desempenhando esse papel”, avalia o presidente do Cecafé (Fonte: Cecafé - Relatório mensal junho 2024).
O aumento de nossas exportações, em substituição aos canéforas de outras origens, abre novos mercados, ao apresentar aos industriais e consumidores dessas regiões a qualidade e o sabor diferenciado de nossos conilons e robustas.
Hoje, os contratos de arábica para setembro próximo na ICE americana, fecharam o dia valendo US$ 2,4875 por libra-peso, em alta de 390 pontos. Ontem subiram 130 pontos e anteontem caíram 640 pontos. Na terça-feira subiram 1.555 pontos e na segunda apresentaram alta de 545 pontos. Acumularam ganhos de 8,6 % nesta semana, somando 1.980 pontos de alta. Fecharam a sexta-feira passada a US$ 2,2895, com alta de 215 pontos nessa semana.
Na ICE Europe, em Londres, os contratos de robusta para setembro fecharam o dia valendo US$ 4.617,00 por tonelada, em alta de 41 dólares. Ontem subiram 99 dólares e anteontem caíram 157 dólares. Na terça-feira subiram 286 dólares e na segunda aumentaram 163 dólares. Acumularam ganhos de 10,3 % na semana, somando 432 dólares de alta. Fecharam na sexta-feira passada a US$ 4.185 por tonelada, ganhando 174 dólares por tonelada na semana.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures caíram hoje 3.535 sacas. Fecharam o dia em 805.366 sacas. Há um ano eram de 545.823 sacas, quando eram considerados criticamente baixos. Subiram neste período 259.543 sacas. Caíram nesta semana 5.993 sacas. Subiram na semana passada 3.965 sacas. No mês de junho subiram 22.623 sacas. No mês de maio subiram 125.013 sacas e no mês de abril cresceram 64.549 sacas.
O dólar fechou hoje a R$ 5,4310, em queda de 0,20 %. Fechou a sexta-feira passada a R$ 5,4620. Em reais por saca, os contratos para setembro próximo em Nova Iorque fecharam esta sexta-feira valendo R$ 1,787,05. Terminaram a sexta-feira passada a R$ 1.654,19.
No mercado físico brasileiro, com as cotações do café nas bolsas, americana e londrina, em alta, os compradores subiram o valor das ofertas ao longo da semana, mas o volume de negócios fechados continuou pequeno para esta época de entrada de safra. Os produtores, assustados com a quebra da nova safra, vendem apenas o necessário para cobrir suas despesas mais próximas, e o mercado físico brasileiro teve mais uma semana de poucos negócios.
O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil informou que no último mês de junho foram embarcadas 3.573.013 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 35,7 % (939.947 sacas) mais que no mesmo mês de 2023 e 19,2 % (848.491 sacas) menos que no último mês de maio. Foram 2.479.934 sacas de café arábica (queda de 21,9 %, ou 697.205 sacas em relação a maio de 2024) e 817.832 sacas de café conilon (queda de 6,68 % ou 58.553 sacas em relação a maio de 2024), totalizando 3.297.766 sacas de café verde embarcadas, que somadas a 272.473 sacas de solúvel e 2.774 sacas de torrado, totalizaram 3.573.013 sacas exportadas em junho último.
Até dia 12 os embarques de julho estavam em 751.668 sacas de café arábica, 267.228 sacas de café conilon, mais 105.297 sacas de café solúvel, totalizando 1.124.193 sacas embarcadas, contra 975.579 sacas no mesmo dia de junho. Até o mesmo dia 12 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 1.593.228 sacas, contra 1.354.155 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 5, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 12, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo 1980 pontos ou US$ 26,19 (R$ 142,25) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE, fecharam no dia 5 a R$ 1.654,19 por saca, e hoje sexta-feira, dia 12, a R$ 1.787,05. Hoje, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou em alta de 390 pontos.
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