Relatório "sureal" dos traders mostra a "sinuca de bico" do mercado
Por José Roberto Marques da Costa
Começo hoje meu artigo com relatório dos traders que mostra a "sinuca de bico" do mercado que defino como "sureal" desta sexta-feira, no período os contratos futuros em NY tiveram queda de 8,30 cents ( 3,47% ). Devido a forte queda, se esperava queda nas posições liquidas compradas dos grandes fundos e aumento nas posições liquidas vendidas dos comerciais. Os grandes fundos diminuíram suas posições compradas, a primeira surpresa foi que diminuíram suas posições vendidas em 12,2%. Mas, o surrealismo está na performance dos comercias neste período, que além de diminuir em 5,9% suas posições liquidas vendidas, aumentaram em 8,4% suas posições compradas. O relatório reflete, de forma contundente, os "mais arraigados medos do mercado".
O relatório da CFTC referente a 30 de julho mostram os grandes fundos diminuíram suas posições compradas para 3.964 lotes e diminuíram suas posições vendidas ( 1.810 lotes) dos grandes fundos, neste período a variação de setembro passou de 239,10 cents a 230,80 cents, queda de 8,30 cents. Os mostraram queda de 4,9% ( 2.154 lotes) nas posições líquidas compradas dos grandes fundos. As posições abertas tiveram forte alta, passando 286.209 lotes para 297.044 lotes devido ao vencimentos das opções na próxima semana
Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 41.570 posições líquidas compradas, sendo 54.534 posições compradas e 12.964 posições vendidas no último dia 30. No relatório anterior, eles tinham 43.724 posições líquidas compradas sendo 58.498 posições compradas e 14.774 posições vendidas. As empresas comerciais diminuíram suas posições líquidas vendidas para 87.638 posições líquidas vendidas, sendo 76.881 posições compradas e 164.857 vendidas. No relatório anterior possuíam 93.183 posições líquidas vendidas, sendo 70.891 posições compradas e 163.774 vendidas. Em resumo 80,8% dos grandes investidores apostam na alta e 19,2% apostam na baixa
Com volume de 45.173 lotes, o café arábica em NY no setembro fechou em alta de 3,25 cents a 230,50 cents, acima do importante suporte da média-móvel dos 50 dias em 228,35 cents, tendo variado 5,30 cents, de 226,45 cents a 231,75 cents, rompendo a primeira resistência do dia em 230,52 cents. Na semana variou 10,15 cents de 225,25 cents a 235,40 cents, acumulando alta de apenas 0,25 cents. Os estoques de certificados aumentaram 7.275 sacas para 830.094 sacas e 47.411 sacas esperam certificação e durante a semana acumula alta de 15.293 sacas.
Os temores de recessão nos Estados Unidos vieram à tona na quinta-feira e assombraram os mercados globais. Após o Federal Reserve (Fed) ter sido vocal ao abrir a porta para os juros americanos caírem em setembro, uma rodada de dados bem mais fracos que o esperado nos Estados Unidos levantaram preocupações sobre a saúde da economia americana e afetaram o humor dos investidores, com reflexos sobre o câmbio: o dólar subiu para R$ 5,7350, ao maior nível desde dezembro de 2021, provocando alta de 1,21% no fechamento da Ptax desta sexta-feira a R$ 5,7366.
Já havia uma desconfiança de parte do mercado após a indicação do presidente do Fed, Jerome Powell, de que uma redução nos juros já foi discutida na reunião desta semana. E, com o aumento no número de pedidos de seguro-desemprego na semana passada e a fraqueza da indústria americana em julho, de acordo com dados do ISM, o mercado passou a ficar desconfiado em torno de uma possível recessão nos EUA.
Nesta sexta-feira, os números fracos do relatório de empregos (“payroll”) em julho, a possibilidade de uma redução de 0,5 ponto percentual nos juros americanos pelo Federal Reserve (Fed) em setembro se tornou majoritáriao o que fez os rendimentos dos Treasuries afundarem.
Seca e altas temperaturas têm sido vilãs para as lavouras cafeeiras do Brasil e especialistas já vislumbram consequências na qualidade dos grãos da próxima safra 2025/26. As condições climáticas que se arrastam desde agosto de 2023 no Brasil são o principal alerta dado a produtores e a agentes de mercado durante o Fórum Café e Clima da Cooperativa Regional de Cafeicultores (Cooxupé). "Para o próximo ano agrícola, a possibilidade de chuvas mais regulares a partir do final de setembro pode contribuir com a safra, entretanto o cenário ainda é de precaução devido às altas temperaturas e os estresses térmico e hídrico enfrentados pelas plantas de café", informou a cooperativa.
Ainda que os preços estejam em patamares altos, a safra atual enfrenta dificuldades significativas, devido à uma combinação de estresses térmico e hídrico nas 300 cidades do Sul e Cerrado de Minas Gerais, média mogiana do estado de São Paulo e Matas de Minas, que a entidade atua. “A continuidade das condições climáticas desfavoráveis poderá acarretar perdas consideráveis na safra 2025”, alertou. Como as altas temperaturas desde o ano passado impactaram o armazenamento de água no solo, os produtores relatam as mudanças no peso do grão e da peneira.
Segundo o Sistema de Monitoramento Meteorológico da Cooxupé, desde março até agora são cerca de 120 dias não há precipitações significativas, o que continua a provocar a identificação de grãos menores e não tão doces para bebida. Teixeira observou, ainda, que o estresse térmico está consumindo a energia produzida pelas plantas, provocando reflexos na produtividade. Em regiões de menor altitude, os desafios se agravam, acrescentou.
No artigo na CNN feito por Erika Tulfo menciona que os custos de produção mais altos podem levar à inflação do preço do café: os amantes do café podem ter que desembolsar mais no futuro, à medida que os preços aumentam. Torrefadores e especialistas em café também estão sinalizando que os preços podem permanecer mais altos por mais tempo, à medida que fatores como mudanças climáticas reduzem o fornecimento global de café. Devido alterações climáticas aumentam os preços, o café é mais sensível a mudanças de temperatura do que muitas outras culturas. E eventos climáticos recentes não estão ajudando a produção. A mudança climática está piorando. Imagine um clima mais severo, temperaturas mais altas e o efeito direto sobre as pessoas que trabalham nas plantações de café e provavelmente para (os consumidores), o café vai ficar mais caro.”
“O café é uma commodity muito complicada. Parte dessa razão é porque você tem múltiplas estruturas de oferta e demanda impactando o preço”, disse Ryan Delany, fundador e analista chefe da Coffee Trading Academy. E, ele disse, simplesmente não há café suficiente no mundo. Neil Rosser, diretor e consultor de commodities especializado em café na Bison Luxley Commodities, observou que, embora o Arábica seja normalmente a força dominante no café, este ano são os custos crescentes do Robusta que estão elevando o preço geral do café. “Há uma batida de tambor no fundo que é a mudança climática, e isso está causando problemas”, ele disse. “Isso afetará a estabilidade do mercado e não vai desaparecer por muito tempo.”
Em seu artigo de Robert Cyran publicado nesta semana pela Reuters, ele afirma que o mercado do café sofreu um grande abalo. Os preços do café Robusta subiram ligeiramente, permanecendo perto de níveis recordes. Os amantes do café expresso podem ainda não estar a ficar amargos, mas o aumento da procura e os efeitos relacionados com o clima estão a criar problemas para a indústria de 200 bilhões de dólares. A procura de Java está a aumentar a nível internacional à medida que os rendimentos mais elevados atraem novos consumidores.
A oferta não consegue acompanhar, no entanto. O Vietname produz cerca de 40% do robusta mundial e a seca está a afetar duramente. Como resultado, os contratos de robusta para setembro quase atingiram US$ 5.000 por tonelada no início de julho, antes de caírem para cerca de US$ 4.300 por tonelada, devido às esperanças de uma boa safra brasileira. Os preços do Arábica atingiram o nível mais alto em uma década no início deste ano.
Os clientes do Starbucks não deveriam estar sofrendo muito. Alguns produtos são rapidamente afetados pelos preços das commodities. A gasolina, por exemplo, oscila com o mercado petrolífero em grande parte porque o crude representa cerca de metade da carga na bomba. Em uma xícara de café de US$ 5, entretanto, os grãos não torrados custam cerca de 7 centavos. Os consumidores de alternativas em pó e cristalizadas sentem o aperto mais cedo.
Segundo a teoria econômica básica, as insuficiências encorajam mais produção. E as grandes casas comerciais estão de fato a investir em novas plantações. Os pequenos produtores também tendem a responder melhor aos sinais dos preços do que, por exemplo, com o cacau, porque há menos interferência governamental e as cooperativas têm boas ligações com os exportadores. Considerando que pode levar quatro anos para que os cafeeiros atinjam a maturidade, pode até ocorrer um excesso.
Contudo, as alterações climáticas são importantes. Cerca de metade das terras mais adequadas para a produção de arábica não se qualificarão como tal até 2050. O aumento das temperaturas leva os agricultores a subir montanhas para campos mais frios e precipitações mais imprevisíveis. Tais pressões já estão a levar à mudança para o robusta. Estes café também são vulneráveis, como evidenciado pelas lutas recentes do Vietname. O grupo comercial da indústria World Coffee Research prevê que em menos de duas décadas a procura ultrapassará a oferta em 35 milhões de sacas, ou quase metade da produção atual. O negócio está destinado a se tornar uma verdadeira crise financeira.
Segundo a Atlantica Coffee, as incertezas climáticas e a oferta global reduzidas são fatores que sustentam as cotações. O Vietnam, como maior produtor de robusta, tem tido papel de destaque nas altas das cotações mundiais do café tanto Arábica como Robusta, visto que NY tem acompanhado Londres. Os preços no mercado doméstico seguem firmes, com os vendedores sem muita apetite para vender, em um cenário de NY desvalorizando e dólar fortalecido. De acordo com algumas fontes diversas de pesquisa, acredita-se que a safra esteja entre 84 e 88% já colhida, estando mais avançado que o mesmo período da safra passada. Para os conilons está praticamente finalizada.
No mercado FOB a semana foi tranquila, sem grandes demandas, onde os diferenciais de graúdo e miúdos seguiram cotados com diferenças de cerca de 10 centavos por libra peso. Alguns negócios de rio minas ocorreram para embarque no curto prazo, visto os melhores preços em flatprice para os compradores. bebida dura bica good cup na casa de R$1.410, bebida dura bica fine cup por volta de R$1.450,Rio Minas bica corrida na casa de R$1.160 e 600 defeitos chegou a ser cotado a R$1.280,00.
O indicador de café do arábica da safra 23/24 da Agnocafé com 15% fica estável em R$ 1.480,0 nesta sexta-feira (02) e café livre a R$ 1.460,00. No mês acumula fica estável, durante o ano 2024 teve alta de R$ 445,00 e em dólar fica em US$ 259,24. O peneira 17/18 pronto para embarque R$ 1.700,00, cereja a R$ 1.510,00, café certificado a R$ 1.520,00. O indicador para café com 10% a R$ 1.490,000, 20% a R$ 1.470,00, com 25% a R$ 1.460,00 com 30% a R$ 1.450,00. Para os café de baixa qualidade Duro/riado R$ 1.410,00, duro/riado/rio, R$ 1.380,00, rio a R$ 1.330,00 com 15%. Café duro para consumo a R$ 1.280,00 repasse de beneficiamento a R$ 1.320,00 e riado a R$ 1.270,00 e escolha fica em R$ 18,20 o quilo de aproveitamento
Mercado interno no Vietnã travado devido à escassez de café
Com volume de 13.693 lotes, o café robusta em Londres no setembro teve alta de apenas US$ 2 a tonelada a US$ 4.227/t, variando de US$ 4.197/t a US$ 4.245/t, não tendo força para romper o primeiro suporte em US$ 4.163/t a a primeira resistência em US$ 4.282/t. Na semana variou US$ US$ 160 a tonelada, de US$ 4.158/t a US$ 4.318/t, acumulando queda de US$ 75. Os estoques de certificado de robusta aumentaram em 11.500 sacas na semana encerrada em 29 de julho de 2024, registrando um total de 1.075.000 sacas, das quais o conilon brasileiro representou mais de 90%.
As atividades comerciais permaneceram lentas no mercado de café do Vietnã no final da temporada devido à prolongada escassez de suprimentos, enquanto os preços caíram na Indonésia com a abundância de suprimentos durante a colheita, disseram os comerciantes na quinta-feira. Os agricultores do Planalto Central, a maior área de cultivo de café do Vietnã, estavam vendendo os grãos por 123.000-123.500 dongs ( US$ 4,88 a US$ 4,90) entre R$ 1.679 a R$ 1.686 a saca de 60 quilos.
"O mercado está calmo agora", disse um trader na região produtora do café. "Os preços globais caíram significativamente na semana passada. As notícias sobre a redução das exportações do Vietnã impediram que os preços caíssem ainda mais." O Vietnã exportou 964.000 toneladas métricas de café nos primeiros sete meses deste ano, uma queda de 13,8% em relação ao ano anterior, segundo dados do governo.
Os dados comerciais do governo indonésio de Sumatra, a principal ilha produtora de café da Indonésia, informaram que as exportações de café robusta da ilha em junho foram de 130.367 sacas, 51,89% inferiores em relação ao ano passado. A nova safra de café de abril de 2024, da qual aproximadamente 85% é Robusta e o restante Arábica, tem previsão conservadora de uma média provável de 10,90 milhões de sacas.