Em mercado intranquilo com os cafezais fortemente estressados, devido a longa estiagem que variam de 130 dias a 150 dias nas principais regiões de café, os contratos futuros de café arábica em NY e robusta em Londres fecharam com boa alta nesta sexta-feira na esteira da queda dos juros dos Treasuries e do dólar no exterior. O setembro em NY fechou em alta de 5,55 cents a 245,45 cents acumula na semana valorização de 11,40 cents ( + 4,8% ). Em Londres, setembro teve alta de US$ 94 fechando a US$ 4.665/t, valorizando na semana US$ 337 ( + 7,83% ) a tonelada.
Em mais um dia menos agitado em NY, o volume atingiu 38.556 lotes, 48.541 a menos que da terça-feira, o setembro fechou em alta 5,55 cents para 245,45 cents, variando de 238,55 cents a 245,80 cents a 249,45 cents, acumula na semana valorização de 11,40 cents ( + 4,8% ). O dezembro teve alta de 6,05 cents, fechando a 244,10 cents, variando de 236,45 cents a 244,45 cents, ultrapassando as duas primeiras resistências do dia em 240,18 cents e 242,32 cents, acumula na semana a valorização de 13,85 cents ( + 6% )
Com bom volume de 20.381 lotes, o setembro em Londres fechou em alta de US$ 94 a US$ 4.665/t, variando de US$ 4.536/t a US$ 4.691/t, novo recorde histórico, valorizando na semana US$ 337 ( + 7,8% ) a tonelada. O novembro teve alta de US$ 74 fechando a US$ 4.452/t, variando de US$ 4.343/t a US$ 4.485/t, ultrapassando as duas primeiras resistência do dia em US$ 4.426/t e US$ 4.474/t, valorizando na semana US$ 290 (+ 6,9% ) a tonelada.
O mercado continua a registrar avanços interessantes e conseguiu romper o nível de 240,00 cents, um nível considerado relevante. As rolagens de posições remanescentes foram identificadas, c om o setembro já tendo uma liquidez consideravelmente esvaziada. A atividade do terminal se mostra atrelada basicamente a fatores gráficos, com os compradores continuando na linha de frente, com a busca de patamares mais consistentes. Se até há pouco o frio estava na agenda dos operadores, agora o foco se volta para a continuidade do clima seco. Várias regiões do Brasil continuam a registrar uma disponibilidade hídrica muito baixa e a expectativa é de que os próximos dias continuem a ter esse cenário, aliado também a temperaturas altas, bastante acima da média histórica para o período.
O cenário externo que contribuiu para uma amenização dos ganhos no pregão de quinta-feira se mostra menos contundente nesta sexta-feira, com os players continuando a avaliar a possibilidade de a economia dos Estados Unidos ter o início de um processo de diminuição das taxas de juros, consideradas por vários players com efetivamente altas por tanto tempo. As perspectivas são de que níveis mais consistentes possam ser buscados, com o patamar acima de 250,00 cents sendo um target bastante crível no momento.
O relatório da CFTC referente a 13 de agosto mostram os grandes fundos diminuíram levemente suas posições compradas ( 363 lotes ) e aumentaram suas posições vendidas ( 558 lotes), neste período a variação de setembro passou de 235,95 cents a 232,70 cents, queda de 3,25 cents. Os dados mostraram queda de 2,3% ( 921 lotes) nas posições líquidas compradas dos grandes fundos. Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 38.960 posições líquidas compradas, sendo 49.976 posições compradas e 11.016 posições vendidas. No relatório anterior, referente a 06 de agosto, eles tinham 39.881 posições líquidas compradas sendo 50.339 posições compradas e 10.458 posições vendidas.
Os revendedores disseram que geadas leves em algumas partes do Brasil durante os últimos dias aumentaram as preocupações com a safra do próximo ano, enquanto o clima mais seco que o normal também prejudicou as perspectivas. O mercado está intranquilo, devido à preocupação de que as recentes condições de seca no Brasil podem levar à floração prematura dos cafeeiros, o que pode reduzir a produtividade da safra de café de 2024/25 do Brasil com os cafezais estressados, a grande maioria das regiões produtoras no Brasil não tiveram chuvas significativas variam de 130 dias a 150 dias, se não chover nos próximos 30 dias, os cafezais da Mogiana, Triângulo e Cerrado Mineiro vão completar 180 dias de estiagem.
O site Barchart destaca que a cotação do produto seguiu apoiada em preocupações com o clima na safra brasileira. Os preços do café subiram já que as recentes condições de seca no Brasil podem levar à floração prematura dos cafeeiros, o que pode reduzir a produtividade da safra de café de 2024/25. Recentemente, a Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), disse que os cafeeiros continuam sob estresse climático, pois várias regiões produtoras não tiveram chuvas significativas nos últimos 120 dias. As geadas recentes em áreas produtoras também são um fator a mais de alerta para o mercado, pois podem prejudicar o desenvolvimento da próxima safra.
Segundo dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), até dia 116 de agosto, os embarques brasileiros do mês totalizaram 1.494.141 sacas (média diária de 93.375 sacas), queda de 13,5%, sendo 1.026.141 sacas de café arábica, 360.152 sacas de café conillon e 107.218 sacas de café solúvel. Os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque de agosto totalizavam 1.841.670 sacas, queda de 15,9%, sendo 1.241.866 sacas de arábica, 432.625 sacas de conillon e 167.179 sacas de solúvel. As projeções indicam que em agosto os embarques devem chegar a 3,36 milhões de sacas, queda de 8,5% ante as exportações de 3,673 milhões de sacas em agosto do ano passado.
Segundo relatório a Atlântica Coffee, as bruscas oscilações nas cotações do café em NY ICE impactam diretamente nos preços do mercado interno, deixando os preços entre compradores e vendedores distantes e dificultando alguns negócios. No entanto, conforme a necessidade dos compradores, algum volume foi negociado aproveitando os movimentos do mercado. A colheita está praticamente encerrada em todas as regiões produtoras do país. No mercado FOB a semana foi muito tranquila de demandas, com compradores realizando cotações para embarques futuros e ainda encontrando diferenciais firmes por parte dos vendedores, ainda que esperassem certa flexibilização com as altas em NY ICE. A diferença entre graúdo e miúdo segue na casa de 10 centavos por libra peso ou mais em todas as qualidades. Alguns negócios de rio minas em preço fixo para embarque no curto prazo foram reportados.
Os negociantes disseram que as exportações do Vietnã permaneceram bem abaixo do ritmo da temporada passada e que é improvável que haja uma recuperação significativa até a nova temporada, que começou oficialmente em outubro, embora os grãos normalmente não cheguem a granel antes de novembro. O impacto, no entanto, foi parcialmente compensado por um aumento nas exportações de robusta do Brasil. O Vietnã exportou 1,257 milhão de sacas de café em julho, sendo que 85% foram café robusta ( 1,068 milhões de sacas ), o restante café arábica e solúvel. Em julho, as exportações de café do Brasil atingiram 3,774 milhões de sacas, as exportações de robusta somarem 900.818 sacas.
Segundo o analista do Vietnã Kinh Vu, o mercado cafeeiro mundial enfrenta uma conjuntura crítica, com previsões sugerindo que os preços do café permanecerão elevados. Acredita-se que os fatores subjacentes que contribuem para os preços elevados sejam as restrições de oferta e as tendências de consumo em mudança, especialmente na Ásia. O mercado ainda se encontra em um quadro repleto de incertezas desde o clima dos países produtores, das mudanças climáticas globais até a instabilidade geopolítica nos últimos tempos, sem nenhuma melhora observada. Portanto, qualquer informação adversa neste momento trará flutuações bastante grandes ao mercado sensível. A interação entre a escassez da oferta e o aumento da procura está a criar uma tempestade perfeita que está a fazer subir os preços do café. Algumas análises preveem que os preços do café nos supermercados aumentem até 30% até 2025. Prevê-se que este aumento se deva a uma combinação de escassez de oferta e procura crescente, especialmente nos mercados asiáticos que estão a adoptar a cultura do café. A dinâmica do mercado conduzirá, portanto, provavelmente a mudanças significativas tanto no comportamento do consumidor como nas estratégias de preços de retalho.
De acordo com estatísticas da Mibrand, o Vietnã tem atualmente mais de 500.000 cafeterias, desde pequenas cafeterias de bairro até redes modernas, gerando 1,46 bilhão de dólares em receita. Além das tradicionais cafeterias de rua, o mercado viu o surgimento de cafés mais independentes e de marca, com designs impressionantes e bebidas de alta qualidade. Embora grandes redes como Highlands Coffee, The Coffee House e Starbucks dominem, muitas marcas menores também estão se expandindo rapidamente e ganhando espaço em áreas importantes. O café vietnamita é famoso por seu sabor ousado e métodos de preparo únicos. Uma das variedades mais populares é o cà phê sữa đá , um café forte coado servido com gelo e leite condensado adoçado.
Importantes organizações sem fins lucrativos e comerciais focadas em café emitiram recentemente apelos separados aos líderes europeus para que tomem medidas imediatas em relação à nova lei da UE sobre cadeia de suprimentos livre de desmatamento (EUDR). Em uma declaração pública em 9 de agosto , a organização focada em agricultores Fairtrade International alertou que certos produtores podem ser “cortados do comércio com o mercado da UE ou empurrados para fora das cadeias de suprimentos por produtores maiores, não porque cultivam em terras desmatadas, mas porque enfrentam desafios na coleta, gerenciamento e envio dos dados necessários”.
Uma carta separada enviada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen — assinada pela Plataforma Global do Café , a Federação Europeia do Café, o Fórum Mundial dos Produtores de Café e outras organizações de café — pedia uma “intervenção urgente” para evitar “consequências não intencionais para os pequenos produtores de café e empresas menores”. Ambas as declarações pedem intervenções imediatas por parte da UE antes da aplicação da nova lei, que está programada para entrar em vigor em 30 de dezembro deste ano.
Projetada para evitar o desmatamento nas cadeias de fornecimento de produtos europeus associados a café, cacau, gado, óleo de palma, soja e madeira, a lei prevê penalidades financeiras e outras relacionadas ao mercado para empresas europeias que não cumprirem os requisitos de diligência e relatórios. Desde que a lei foi aprovada no final de 2022 , vários analistas da indústria do café e grupos de defesa dos produtores alertaram que ela pode ter consequências adversas não intencionais , principalmente para pequenos agricultores que podem não ter capacidade de conformidade e relatórios e, portanto, representam um risco maior.
Na carta ao chefe da Comissão Europeia, o consórcio de grupos de café disse que representa toda a cadeia de fornecimento de café, “respondendo por mais de 90% do café importado, fabricado, vendido e exportado para a UE anualmente”. “Compartilhamos a visão da Comissão Europeia para a sustentabilidade ambiental”, declarou o grupo. “No entanto, atingir essas ambições requer colaboração e um cronograma realista. É crucial evitar a criação de um mercado de dois níveis e garantir que não existam brechas que possam levar à superprodução em áreas de baixo risco.”