Mercado de café extrapolando a sua "soberania" ao enfrentar o clima
Por José Roberto Marques da Costa
Todos os especialistas em café, sempre mencionam que o "mercado é soberano", mas nos últimos pregões estão desesperadamente a procura de um rumo bem diferente, extrapolando a sua "soberania" e ao mesmo tempo "brigando" contra o com o principal fundamento de mercado que é o "clima". Além dos sérios problemas no Vietnã, a Agnocafé está alertando sobre a situação "caótica" dos cafezais brasileiro e hoje outro alerta sobre o "clima", tudo indica que em setembro não deverá chover nas principais regiões de café do Brasil, com regiões que deve atingir de 170 a 180 dias de estiagem e temperatura estremamente alta e também na Colômbia, os dois principais produtores de café arábica.
Nos últimos pregões, os contratos futuros de café em NY e Londres estão operando com forte volatilatilidade, nos últimos três pregões em NY, dezembro teve uma desvalorização de 16,85 cents, com a mínima de 240,55 cents no pregão de hoje, que tudo indica será o piso no curto e médio prazo a 257,40 cents na última quarta-feira. O relatório da CFTC referente a 27 de agosto mostram os grandes fundos estão com 43.197 posições líquidas compradas, sendo 55.788 posições compradas e 12.591 posições vendidas, cerca de 81,58% estão acreditando em alta e 18,42% na baixa.
Nos últimos quatro pregões, a volatilidade de Londres chegou a US$ 516 a tonelada, de US$ 4.664/t no pregão de hoje a US$ 5.180/t na sexta-feira, o impressionante são as volatilidade diária que atingiu um média de US$ 248 a tonelada,na quinta-feira atingiu US$ 211/t, na sexta-feira US$ 242/t, na segunda-feira US$ 312/t ( recorde diário ) e no pregão de hoje US$ 227/t. O relatório CFTC sobre as posições dos traders no mercado de café Robusta de Londres mostra que os grandes Fundos aumentaram a sua posição líquida compradas em 6,67% no relatório de sexta-feira durante o mesmo período, para 33.439 lotes posição longa líquida de compradas.
De acordo com o que mostra o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com exceção do áreas no Triângulo Mineiro e de municípios a sudeste, o estado de Minas Gerais de forma geral tem uma anomalia de precipitação negativa que se estende desde maio e até mesmo desde de abril para algumas localidades.
O engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, Alysson Fagundes, contou que a Estação Meteorológica da Fazenda Experimental de Varginha -MG está vivendo o pior déficit hídrico para este período da história de 50 anos. "É um déficit hídrico muito precoce. As lavouras novas são mais prejudicadas e já perderam e estão perdendo safra. As lavouras mais velhas estão entrando nesse processo de perda de safra agora, nesse momento", apontou o engenheiro
O gestor da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia (FNC), Germán Bahamón Jaramillo, expressou profunda solidariedade aos produtores de café do Brasil que enfrentavam problemas afetaram suas lavouras. “Na primeira semana de agosto, alertei sobre o problema do déficit pluviométrico, expressando também minha solidariedade como cafeicultor por esta difícil situação. Não consigo conceber a celebração de calamidades, sou cafeicultor e entendo meus pares”, disse ele. Da mesma forma, alertou que hoje o estresse hídrico enfrentado na maior parte da Colômbia é registrado com preocupação, antes da colheita principal que acaba de começar. E com isso, acrescentou, o aparecimento de surtos de doenças fúngicas.