Fogo atinge lavouras de café da fazenda das famílias Quércia e Pagliaroni
O fogo que atinge a região de Pedregulho (SP) há 15 dias pulou na tarde desta quinta-feira (5/9) para os cafezais da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, de 1.024 hectares, que é cercada por canaviais e pertence à família do ex-governador Orestes Quércia, morto em 2010.
Um barracão existente na propriedade que guarda maquinários também foi atingido e moradores de casas próximas da propriedade tiveram que deixar suas moradias por precaução.
Romildo Batista de Freitas, secretário de Segurança de Pedregulho e chefe da Defesa Civil, disse à Globo Rural que o fogo que já estava em matas, canaviais e pastagens da região pulou para a fazenda e consumiu rapidamente uma grande área, provocando a interdição da rodovia que liga Pedregulho a Buritizal. Não houve vítimas.
Atuaram no combate ao fogo a brigada da fazenda, caminhões-pipa da Prefeitura de Pedregulho e da usina Buriti, além de bombeiros, integrantes da Defesa Civil e da Guarda Civil, brigada de incêndio do Parque ecológico Furnas do Bom Jesus e voluntários. No total, foram usados 29 caminhões-pipa, mas o fogo que começou por volta de 11h só foi controlado às 21h30.
A reportagem tentou falar com o gerente agrícola Guilherme Diniz, mas não conseguiu retorno. A fazenda é uma das sete propriedades da família que produz o café exportação da marca O’Coffee. Segundo Freitas, que já trabalhou na fazenda, o prejuízo na Nossa Senhora Aparecida foi grande.
O chefe da Defesa Civil informou ainda que 5.000 hectares já foram queimados na região de Pedregulho desde o meio de agosto. Ele diz que já pediu um avião para a Defesa Civil estadual, mas a aeronave ainda não chegou.
“Hoje (sexta) de manhã estava tranquilo e de repente começou tudo de novo, com muito fogo em canaviais da usina Buriti. Já queimaram cerca de 5.000 hectares na região. O calor, a vegetação muito seca, a umidade baixa e o vento estão alimentando o fogo por aqui. Já tivemos muitos incêndios em anos anteriores, mas não com essa intensidade.”
Outra fazenda atingida foi a da família Pagliaroni, também em Pedregulho. Em agosto, Marco Pagliaroni, quinta geração de cafeicultores, relatou à reportagem as perdas de café com a geada repentina. Menos de um mês depois, ele assistiu ao fogo queimando os pés de café da propriedade, que tem 350 hectares.
Segundo ele, os incêndios começaram brandos na quarta-feira (4/9), mas se espalharam muito rápido, ficando difícil de controlar. "Já resolvemos bem o que estava queimando há alguns dias. O fogo vinha avançando de outras reservas e fazendas e na quarta ele tomou uma velocidade absuda. Em cerca de 30 minutos, o fogo se movimentou mais de 1 quilômetro, alcançando nossa fazenda. Pegou principalmente a parte de reserva ambiental", descreve.
Os vizinhos que plantam cana-de-açúcar, acrescenta, vivenciaram uma velocidade do incêndio ainda maior. Houve uma força-tarefa da vizinhança e da prefeitura da cidade com caminhões-pipa para apagar as chamas.
Foram cerca de 50 mil pés de cafés atingidos."É um baita prejuízo, mas pelo tamanho do fogo que estava, a gente considera uma quantia pequena perto do que poderia ter acontecido", observa.
Marco conta que, mesmo apagando o fogo dos cafezais e das reservas da vizinhança, as chamas continuaram "andando até chegar ontem em outras fazendas", como a da família Quércia.
Nesta sexta-feira (6/9), ainda há focos de fogo, mas menores em Pedregulho e região, acrescenta ele. A força-tarefa continua atuando para evitar a propagação, em especial nas plantações de cana e nas de mata de reserva.