Preço impensável, saca do café conilon pode ultrapassar R$ 1.700,00
Por José Roberto Marques da Costa
Com volume de 32.935 lotes, os contratos futuros de café arábica no dezembro fecharam com forte queda de 8,20 cents ( 3,26% ) a 236,00 cents, menor nível desde 13 de agosto, variando de 235,30 cents a 243,90 cents, rompendo dois suportes do dia em 241,45 cents e 238,70 cents e encostando no terceiro em 235,15 cents, acumulando na semana perda de 8,05 cents. O volume em Londres atingiu 10.464 lotes, novembro fechou com forte queda de US$ 141 a tonelada ( 2,87% ) a US$ 4.770/t, variando de US$ 4.750/t a US$ 4.925/t, rompendo os três suportes do dia em US$ 4.866/t, US$ 4.821/t e US$ 4.771/t, acumulando perda de US$ 178 a tonelada. A diferença entre os dois pregões base arábica em dezembro de 2024 e base robusta em novembro de 2024 caíram esta semana a 20,89 cents nesta quinta, menor nível da história, a 12 meses atrás estava em mais de 90,00 cents.
Com o principal fundamento, o estresses climático nas regiões de café dos principais produtores mundiais, Brasil, Vietnã e Colômbia foram totalmente ignorados nesta semana, nos últimos pregões o mercado ficou esperando pela divulgação do "payroll" (relatório oficial de empregos dos Estados Unidos) de agosto nesta sexta-feira (6). Os dados ficaram abaixo do esperado, além de ficar abaixo, teve uma revisão para baixo do mês de julho e junho, alimentando um clima de "aversão ao risco" provocando liquidação pelos investidores na grande maioria das commodities, o café perdeu 3,36% em NY e 2,87% em Londres, em meio a apostas de que o Federal Reserve deve iniciar seu ciclo de afrouxamento monetário de forma mais agressiva. Os investidores devem ficar cautelosos com a próxima reunião do Fed que irá debater o futuro dos juros no país. A redução das taxas tende a ter impacto positivo para as cotações de ativos considerados de risco, como é o café.
O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou nesta sexta-feira que a contratação aumentou para 142 mil empregos no mês passado, abaixo das expectativas de analistas consultados pelo “The Wall Street Journal”, de 161 mil vagas. A taxa de desemprego caiu para 4,2% em agosto, de 4,3% em julho, em linha com as estimativas. O Departamento do Trabalho informou também que as vagas de emprego criadas em julho foram revisadas de 114 mil para 89 mil, e as de junho tiveram revisão de 206 mil para 118 mil. O salário médio por hora no setor privado somou US$ 35,21 em agosto. A taxa de crescimento do rendimento médio por hora trabalhada avançou para 0,4% no mês passado, de 0,2% em julho, o que corresponde a uma taxa anual de 3,83% (de 3,6% anteriores). A previsão era de alta de 0,3% em base mensal e de 3,7% em base anual.
O radar dos investidores deve começar a mudar nesta semana, o foco da economia dos EUA provocou um clima negativo ao mercado. Na próxima semana, o radar será focado no clima nas regiões produtoras de café. Segundo a meteorologista Giovani Dolif da Cemaden, a situação ainda tende a se agravar até novembro, a perspectiva a médio prazo é ruim e tudo indica que a estação seca vai durar mais tempo do que a média.
A estiagem prolongada que tem atingido o Sul de Minas, principal região de café do Brasil, que está impactando a produção de café. Em grande parte da região as últimas chuvas foram registradas no final de março. Conforme o Clima Tempo, as lavouras sem irrigação estão sentindo a falta de chuvas, afetando a etapa de florada do café, que vai impactar diretamente na safra. Além da falta de chuvas, as altas temperaturas têm causado danos nas lavouras. De acordo com os meteorologistas da Climatempo, o tempo seco e o calor intenso vão continuar sobre as áreas cafeeiras do Sul de Minas. Ainda conforme o Clima Tempo, a próxima semana será marcada novamente pelo predomínio do tempo seco e do calor na maior parte das áreas produtoras de café. A umidade continua em alerta as temperaturas seguem acima da média. O norte de São Paulo e parte do Triângulo Mineiro, também estão em alerta para baixas umidades, com possibilidades de mais incêndios na região.
O relatório da CFTC referente a 03 de setembro mostram que os grandes fundos diminuíram suas posições compradas em 2.197 lotes e aumentaram suas posições vendidas em 1.849, neste período a variação de dezembro passou de 249,65 cents a 242,80 cents, queda de 6,85 cents. Os dados da CFTC (Commodity Futures Trading Commission) mostraram 9,48% nas posições líquidas compradas dos grandes fundos. Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 39.101 posições líquidas compradas, sendo 53.591 posições compradas e 14.490 posições vendidas no último dia 03. No relatório anterior, referente a 27 de agosto, eles tinham 43.139 posições líquidas compradas sendo 55.788 posições compradas e 12.591 posições vendidas.
Segundo Antônio Pancieri Neto, da Clonal Corretora de Café, em meio ao forte recuo nos preços nesta sexta, o grão ainda está sujeito às variações de clima, especialmente no Brasil. Já existe uma certeza de que haverá perda de rendimento na safra do ano que vem, e os incêndios que atingiram de forma pontual algumas áreas no país colocam em xeque as condições de solo para a produção em 2026. A tendência é de preços em alta para o café no terceiro trimestre, principalmente pela escassez na disponibilidade que está se desenhando, com muitos países formando estoques antes da lei antidesmatamento da União Europeia entrar em vigor".
O Brasil está enfrentando a maior seca das últimas sete décadas, segundo dados Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). É a primeira vez que a estiagem afeta de forma intensa uma região tão ampla do País. A situação ainda tende a se agravar até novembro. Para o meteorologista Giovani Dolif, pesquisador no Cemaden, a perspectiva a médio prazo é ruim. Tudo indica que a estação seca vai durar mais tempo do que a média, dificultando a recuperação.
“Teremos um atraso no início da estação chuvosa ou ainda uma estação chuvosa muito irregular. Os reservatórios devem baixar ainda mais, gerando todo tipo de problema”, diz o cientista Marcelo Seluchi, também do Cemaden. “A agricultura certamente vai sofrer, Talvez seja necessário atrasar um pouco o início dos plantios. Por outro lado, os incêndios ainda vão durar algum tempo, destruindo floresta nativa, trazendo problemas para a saúde da população”, acrescenta.
A Tranding Economics analisou que, embora os atuais preços refletiram o enfraquecimento do real brasileiro, há uma histórica elevação que dinamiza as negociações em Nova York, também sob influência das altas cotações do robusta em Londres. Uma vez que as condições climáticas adversas continuam a ameaçar as colheitas de café, os fundamentos restritivos pesam sobre os preços, disse o boletim da consultoria. “Aumentam as preocupações de que a seca prolongada possa levar ao florescimento prematuro dos cafeeiros, diminuindo potencialmente a produtividade da safra de café 2024/25 do Brasil”, alertou a Trading Economics.
Para os comerciais, o mercado de café está vivendo uma "crise" que deve se prolongar por vários meses ou anos devido a queda não esperada da safra brasileira que está se petrificando abaixo 60 milhões de sacas este ano e muito dúvidas no tamanho da próxima safra devido ao clima que deve gerar um forte déficit mundial de café. O maior motivo desta " crise" vem do Vietnã. No próximo mês, começa a colheita do principal produtor de café conilon e pelas últimos dados da Vicofa, a safra do país deve ficar entre 21 e 22 milhões de sacas, sem contar a queda de rendimento. Esta queda de rendimento devido ao tamanho dos grãos deve começar aparecer durante a colheita, como aconteceu na safra deste ano do Brasil. Devido ao fator climático durante um período importante da formação dos grãos naquele país, a queda pode ser significativo gerando um aumento da " crise" que será o aumento do déficit global de café.
A varias semanas tenho mencionando um realidade nunca imaginada pelos mais otimista do mercado " pelo andar da carruagem o preço da saca do café conilon deve ultrapassar o arábica" e segundo o analista Ensei Uejo o considerado impensável se materializou e essa saga continuou durante esta semana, como que consolidando uma nova era. Nos primeiros meses do ano, o diferencias nas bolsas entre café conilon e arábica estava acima de 0,90 cents e desde março vem caindo e nesta semana chegou a 0,20 cents, menor nível da história. "Pelo continuação do andar da carruagem" o diferencial deve continuar caindo e deve ficar negativo no meio prazo, a diferença de preço no Brasil que está entre R$ 50,00 a R$ 60,00, deve continuar crescer e superar em mais de R$ 200,00 a saca do arábica no meio prazo devendo ultrapassar, o preço impensável de R$ 1.700,00 a saca.
Os preços do café conilon superaram os valores do arábica no Brasil , em momento raro na história, de acordo com dados levantados pela Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP com a menor oferta no Vietnã e na Indonésia, grandes produtores de conilon, e uma safra abaixo do esperado no Brasil, estão dando sustentação aos preços. Os exportadores brasileiros estão recebendo forte demanda do exterior, com os embarques registrando seguidos recordes nos últimos meses, na medida em que estão cobrindo parte da participação dos países asiáticos no mercado global.
Segundo o analista de mercado Ensei Uejo Neto, a cotação dos grãos do conilon superaram a dos arábicas no dia 30 de agosto em aproximadamente 2% pela primeira vez na história, deixando o mercado atordoado. O final do dia foi marcado pela incredulidade dos produtores, de compradores e, até experientes operadores do mercado, pois o que era considerado impensável se materializou. Mais do que uma simples sinalização de preços, essa mudança de liderança tem um significado muito mais profundo do que possa se imaginar, talvez efêmero quanto a florada do cafezal neste primeiro momento, mas de trajetória que, certamente, não terá mais retorno. E essa saga continuou durante esta semana, como que consolidando uma nova era.
Nesta sexta-feira (06), o diferencial em indicador do Cepea/Esalq do conilon e arábica subiu para R$ 51,90, novo recorde histórico. O indicador de café arábica ficou em R$ 1.413,70, queda de 1,82% ( - R$ 26,25 ). No mês acumula queda de 2,38% ( - R$ 34,54 ), no ano teve alta de R$ 396,57. O indicador de café conilon ficou em R$ 1.464,60, queda de 0,75% (- R$ 11,08 ) no mês acumula queda de 1,24% ( - R$ 18,38 ) no ano o acumulado fica com alta de R$ 527,47.
Segundo matéria publicado nesta sexta-feira pela Reuters, os preços recordes do café conilon estão incentivam produtores no Brasil a ampliar a área plantada e a realizar investimentos em renovações de cafezais mais antigos por novos mais produtivos e outras melhorias. Com efeito, a produção de mudas de conilon não está dando conta da demanda nos importantes produtores Rondônia e Espírito Santo, além de outros Estados. "Já faz algum tempo que o pessoal vem plantando bastante café conilon, mas agora com essa alta dos preços virou uma loucura. Agora mesmo estive no Acre e conversei com viveiristas lá, que disseram que estão na sua capacidade máxima de produção de mudas", afirmou pesquisador da Embrapa Rondônia Enrique Alves.
No Espírito Santo, cafeicultores em algumas áreas estão substituindo as lavouras de arábicas pelas de conilon, de olho também na sua produtividade maior. "O conilon está subindo a montanha", disse Fabiano Tristão, coordenador de cafeicultura do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Ele se referia aos produtores de arábicas capixabas, que normalmente plantam a variedade nas terras altas, e estão substituindo as lavouras por conilon. Essa troca acontece nas chamadas áreas "limítrofes", já que o conilon não vai bem em terras muito altas, enquanto o arábica é cultivado acima de 500 metros até 1.200 metros de altitude. Nas terras com altitude em torno de 600 a 700 metros, essa substituição gradual tem ocorrido, disse ele, lembrando que o Estado já não possui mais tantas áreas para expandir.
De acordo com o site de notícias do Vietnam Investment Newspaper publicado em traduzido pela Agnocafé, o jornal online informou que os preços do café têm flutuado continuamente e os padrões da importação estão cada vez mais rigorosos nos mercados. O comércio internacional está criando desafios significativos para a indústria cafeeira vietnamita. Veja a matéria completa no link abaixo
Data: 08/09/2024 15:40 Nome do Usuário: Manuel Pereira Comentário: Continuem a aumentar até não haver dinheiro para o café depois comam no que é o que merecem.tenham consciência, não é onesto.