Fundos e especuladores pressionam cotações do café ao longo da semana
Santos, sexta-feira, 20 de setembro de 2024
Com a queda de chuvas pontuais em algumas regiões produtoras de café no Brasil, fundos e especuladores pressionaram ao longo da semana as cotações do café em Nova Iorque e Londres. Hoje, os contratos de arábica na ICE Futures US e os de robusta, na ICE Europe, trabalharam em queda acentuada, derrubando parte dos ganhos acumulados na semana passada.
Em nossa opinião, os fundamentos do mercado de café continuam os mesmos. As chuvas que caíram até agora sobre os cafezais brasileiros, são pontuais, com baixo volume de precipitação. Segundo a meteorologia (veja abaixo a previsão da CLIMATEMPO), as chuvas devem aumentar no decorrer de outubro, e em algumas regiões, apenas a partir de novembro. Quando as chuvas começarem a cair de forma regular em nossos cafezais, deverão diminuir o ritmo dos estragos, mas não recuperarão o que já foi perdido. É certo que já existem danos, e não são pequenos, na formação da próxima safra brasileira de café 2025. A partir do início do período chuvoso, será preciso acompanhar o ciclo das chuvas e as temperaturas médias no decorrer da primavera e verão, para então, a partir de março de 2025, nossos agrônomos avaliarem, com segurança maior, a quebra na produção brasileira de café em 2025. Os problemas climáticos continuam em todo o mundo e prejudicam a produção de café de todos os principais países produtores.
Chuvas mal distribuídas e altas temperaturas atrapalharam o desenvolvimento dos cafezais brasileiros para a atual safra 2024/2025. Como resultado, a Conab - Companhia Nacional de Abastecimento reduziu em 6,8% sua estimativa para a atual safra, para 54,79 milhões de sacas. Se comparada a 2023/2024, a colheita nacional deve cair 0,5%, conforme o 3º levantamento para a safra deste ano, divulgado nesta semana.
Hoje, sexta-feira, os contratos de arábica para dezembro próximo na ICE Futures US, oscilaram 1.440 pontos entre a máxima e a mínima, batendo na máxima do dia em US$ 2,6210 por libra peso, em alta de 45 pontos. Fecharam o dia valendo US$ 2,5075 por libra peso, em queda de 1.090 pontos. Ontem caíram 275 pontos e anteontem 10 pontos. Na terça-feira subiram 595 pontos e na segunda recuaram 90 pontos. No balanço desta semana caíram 870 pontos. Esses contratos subiram na semana passada 2.345 pontos, encerrando a sexta-feira, 13, a US$ 2,5945 por libra peso.
Os contratos de arábica, com vencimentos em março de 2025 na ICE americana, fecharam hoje valendo US$ 2,4865 em queda de 1.105 pontos.
Na ICE Europe, em Londres, os contratos de robusta para novembro, bateram em 5.279 dólares na máxima do dia, em alta de 31 dólares. Fecharam valendo US$ 5.059,00 por tonelada, em queda de 189 dólares. Ontem caíram 86 dólares e anteontem subiram 31 dólares. Na terça-feira tiveram alta de 57 dólares e na segunda recuaram 21 dólares. Esses contratos tiveram queda de 208 dólares nesta semana e somaram alta de 497 dólares na semana passada.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures subiram hoje 880 sacas. Fecharam o dia em 838.536 sacas. Há um ano eram de 440.853 sacas. Subiram neste período 397.683 sacas. Esses estoques caíram nesta semana 17.733 sacas. Subiram na semana passada 12.422 sacas e caíram na semana anterior à passada 4.026 sacas. No mês de agosto subiram 32.949 sacas e no mês de julho 7.530 sacas.
O dólar encerrou o dia a R$ 5,5210 em alta de 1,83 %. Encerrou a sexta-feira passada a R$ 5,5680.
Em reais por saca, os contratos para dezembro próximo em Nova Iorque, fecharam o pregão hoje valendo R$ 1.831,27. Terminaram a sexta-feira passada a R$ 1.910,94.
No mercado físico brasileiro, os compradores diminuíram o valor de suas ofertas ao longo da semana, mantendo esses valores sempre abaixo dos deságios usuais ante as cotações em Nova Iorque. Os negócios em nosso mercado físico foram em número pequeno, abaixo da média para esta época do ano. Hoje, com a forte queda na ICE Futures US e na ICE Europe, o mercado físico brasileiro apresentou-se paralisado. Nas bases de preços oferecidas pelos compradores houve pouco interesse vendedor ao longo da semana. As cotações em reais, do conilon e do arábica de boa qualidade, estão no mesmo patamar, com pequena vantagem para o conilon.
Os preços do café conilon alcançaram esta semana, pela primeira vez, a marca de R$ 1.500 por saca de 60 quilogramas, renovando recordes reais desde o final da semana passada. Segundo dados do Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo, essa alta é observada desde o último trimestre de 2023, quando o Indicador CEPEA/ESALQ do grão estava em torno de R$ 740 por saca, representando uma valorização de 100% até o momento (revista Globo Rural).
Uma frente fria que está avançando pela região Sul deve alcançar a costa do Sudeste durante o final de semana e deve propagar instabilidades sobre o interior de São Paulo e áreas mais ao sul de Minas Gerais. Nas áreas produtoras de café desses estados estão previstos episódios bastante isolados e de uma forma geral com baixos acumulados de precipitação. Essa chuva ainda não garante homogeneidade de umidade no solo, mas deve trazer um alívio para o tempo seco e quente. Episódios isolados de chuva também são esperados, ao longo do final de semana, sobre áreas produtoras de Rondônia e do sul do Espírito Santo. Até o final de mês de setembro são esperados apenas episódios isolados nas áreas produtoras do centro sul do Brasil e também do estado de Rondônia. Nas áreas do Espírito Santo, Cerrado e Bahia as chances para ocorrência de chuvas são ainda menores. As chuvas devem aumentar gradualmente sobre o centro-sul do país e em Rondônia no decorrer do mês de outubro. Nas demais áreas os episódios ainda serão mais espaçados e devem ganhar mais intensidade no final de outubro e principalmente em novembro (CLIMATEMPO).
Até dia 20, os embarques de setembro estavam em 1.633.734 sacas de café arábica, 471.575 sacas de café conilon, mais 206.250 sacas de café solúvel, totalizando 2.311.559 sacas embarcadas, contra 2.136.667 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 20 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 2.916.288 sacas, contra 2.500.478 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 13, sexta-feira, até o fechamento de hoje, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 870 pontos ou US$ 11,51 (R$ 63,54) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE, fecharam no dia 13 a R$ 1910,94 por saca, e hoje sexta-feira, a R$ 1831,27. Hoje, nos contratos para entrega em dezembro, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 1090 pontos.