Entidade debate cupping e negócios realizados com cafés diferenciados
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu uma live para debater o “Cupping e Negócios de Cafés Diferenciados 2024” e as oportunidades de mercado para a espécie canéfora.
O cupping é uma iniciativa realizada pelo Sistema CNA/Senar, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e vai ocorrer durante a Semana Internacional do Café, de 20 a 22 de novembro, em Belo Horizonte.
Produtores interessados podem se inscrever até o dia 1º de outubro, por meio do link: http://cnabrasil.org.br/cuppingcafe24 . Já os compradores têm até o dia 15 de novembro para preencher a ficha de manifestação de interesse.
Na live, o assessor técnico da CNA, Carlos Eduardo Meireles, explicou que o cupping é uma oportunidade para os produtores exporem seus cafés especiais e se conectarem com potenciais compradores.
“Esse projeto tem o objetivo de ir além dos limites da qualidade sensorial dos cafés e evidenciar outros diferenciais que agregam valor ao produto, como a localidade, práticas sustentáveis, a história e o processo da produção”, disse.
Em seguida, a especialista em cafés especiais e parceira do cupping, Helga Andrade, informou que a iniciativa surgiu de uma dificuldade dos produtores em encontrar compradores de cafés com qualidade superior, que ultrapassam a pontuação mínima exigida nos laudos, mas que ainda não estão posicionados com destaque no mercado.
“Durante a feira, em Belo Horizonte, teremos a presença de vários compradores potenciais que são entrevistados previamente pela nossa equipe para conhecer as preferências. Ou seja, quando convidamos para a reunião de negócios, apresentamos apenas as amostras que os interessam”, destacou Helga.
Jonas Orletti, produtor de cafés e Q Robusta Grader, profissional certificado que avalia a qualidade do café verde e torrado, participou do debate e falou sobre as principais características e técnicas de produção da espécie canéfora e como ela tem ganhado espaço no mercado doméstico e internacional.
“Por muitos anos o canéfora foi considerado commodity, então os produtores se preocupavam mais com a produtividade do que com a qualidade, principalmente pela ausência de tecnologias, estudos e incentivos específicos para a espécie. Esse cenário mudou quando as novas gerações de famílias tradicionais da cafeicultura começaram a se interessar em produzir cafés especiais e quando a indústria enxergou uma oportunidade de reduzir o custo, sem perder a qualidade do café”.
Segundo Jonas, o investimento em novas técnicas adaptadas à realidade do café canéfora foi uma virada de chave para os produtores e tem refletido no preço pago atualmente. “Agora o desafio é transformar a qualidade em quantidade para atender cada vez mais a indústrias, torrefações e cafeterias, pois a demanda é crescente”.
Jonas Orletti participou da 2ª edição do Cupping e Negócios de Cafés Diferenciados em 2023 e avaliou que a iniciativa auxilia o produtor a encontrar o público-alvo certo. “É importante o produtor saber identificar os itens que ele pode aproveitar para agregar valor ao café e se comunicar com o consumidor e cupping é a melhor opção dentro da Semana Internacional do Café”.
Já a coordenadora de Sustentabilidade da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), Christianne Monteiro, destacou que o café canéfora vem conquistando um novo espaço no mercado. “Antes a gente percebia na formação dos blends percentuais de canéfora em torno de 10 até 30%. Hoje, já conseguimos ver cafés 70% e até 100% canéforas no mercado e certificados no estilo gourmet”.
Para Christianne, a diversificação dos canéforas é muito interessante e a tendência de mercado continua a abrir espaço para inovações e produtos diferentes. “Os cafés especiais se destacam não só pela nota, mas pelos atributos únicos de perfil de sabor, origem, estilo da bebida, certificações e sustentabilidade”.
De acordo com a coordenadora, já é possível perceber que os consumidores estão mais dispostos a pagar um valor superior por essas características, buscando experiências sensoriais exclusivas e conexão com a história por trás do produto. “Os consumidores não querem apenas uma boa xícara de café, querem uma história, responsabilidade ambiental e um impacto social junto”, disse.