Já há danos, e não são pequenos, na formação da próxima safra brasileira de café
Santos, sexta-feira, 27 de setembro de 2024
As cotações do café subiram forte esta semana. Apenas hoje, sexta-feira, os contratos de arábica na ICE Futures US, em Nova Iorque, e os de robusta na ICE Europe, em Londres, recuaram e fecharam em queda, em um movimento de realização de lucros e ajustes.
As chuvas previstas para este final de semana sobre parte das áreas produtoras de café no Brasil, serão esparsas e com baixo acumulado, mas levaram fundos e especuladores a realizarem lucros, após as fortes altas acumuladas no decorrer desta semana.
Em nossa opinião, os fundamentos do mercado de café continuam os mesmos. As chuvas devem aumentar no decorrer de outubro, e em algumas regiões, apenas a partir de novembro. Quando as chuvas começarem a cair de forma regular em nossos cafezais, deverão diminuir o ritmo dos estragos, mas não recuperarão o muito que já foi perdido. É certo que já existem danos, e não são pequenos, na formação da próxima safra brasileira de café 2025. A partir do início do período chuvoso, será preciso acompanhar o ciclo das chuvas e as temperaturas médias no decorrer da primavera e verão, para então, a partir de março, nossos agrônomos avaliarem, com segurança maior, o tamanho das perdas na produção brasileira de café em 2025.
Os problemas climáticos continuam e são globais. Prejudicam a produção de café em todos os principais países produtores.
Hoje, os contratos de arábica para dezembro próximo na ICE Futures US, oscilaram 855 pontos entre a máxima e a mínima, batendo na máxima do dia em US$ 2,7315 por libra peso, em queda de 75 pontos. Fecharam o dia valendo US$ 2,6915 por libra peso, em baixa de 475 pontos. Ontem esses contratos subiram 480 pontos e anteontem 130 pontos. Na terça-feira apresentaram alta de 415 pontos e na segunda-feira tiveram ganhos de 1.290 pontos. Nesta semana esses contratos somaram alta de 1.840 pontos. Fecharam a sexta-feira passada a US$ 2,5075 por libra peso, caindo 870 pontos nessa semana. Esses contratos subiram na semana anterior à passada, 2.345 pontos, encerrando a sexta-feira, dia 13, a US$ 2,5945 por libra peso.
Os contratos de arábica, com vencimentos em março de 2025 na ICE americana, bateram hoje em US$ 2,7070 na máxima do dia, e fecharam valendo US$ 2,6690 em queda de 485 pontos.
Na ICE Europe, em Londres, os contratos de robusta para novembro, bateram em 5.517 dólares na máxima do dia, em queda de 10 dólares. Fecharam valendo US$ 5.482,00 por tonelada, em baixa de 45 dólares. Esses contratos fecharam ontem em alta de 81 dólares e anteontem de 134 dólares. Na terça-feira subiram 36 dólares e na segunda 217 dólares. Somaram alta nesta semana de 423 dólares. Fecharam a sexta-feira passada a US$ 5.059 por tonelada. Somaram queda de 208 dólares nessa semana e alta de 497 dólares na semana anterior à passada.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures caíram hoje 2.037 sacas. Fecharam o dia em 818.183 sacas. Há um ano eram de 446.518 sacas. Subiram neste período 371.665 sacas. Esses estoques caíram nesta semana 20.353 sacas e na semana passada recuaram 17.733 sacas. Subiram na semana anterior à passada 12.422 sacas. No mês de agosto subiram 32.949 sacas e no mês de julho 7.530 sacas.
O dólar encerrou esta sexta-feira a R$ 5,4360. Encerrou a sexta-feira passada a R$ 5,5210.
Em reais por saca, os contratos para dezembro próximo em Nova Iorque, fecharam o pregão hoje valendo R$ 1.935,39. Terminaram a sexta-feira passada a R$ 1.831,27.
No mercado físico brasileiro, no decorrer da semana, o valor das ofertas oferecidas pelos compradores subiu todos os dias até ontem. Os preços oferecidos continuaram com deságios maiores que os praticados usualmente ante as cotações em Nova Iorque. Saíram negócios, mas os volumes ficaram abaixo do usual para esta época do ano. Hoje, os compradores diminuíram o valor de suas ofertas e o mercado físico mostrou-se paralisado. Nas bases oferecidas pelos compradores não houve interesse vendedor.
Uma frente fria no oceano está se deslocando em direção a costa do Sudeste e propaga instabilidades entre São Paulo, sul de Minas Gerais e faixa leste da região. Entre esta sexta-feira e o sábado aumentam as chances para a ocorrência de chuvas esparsas e de baixo acumulado em áreas produtoras da Alta Mogiana, sul e Zona da Mata Mineira. Até o domingo a probabilidade de chuva aumenta também sobre o Espírito Santo. Porém, de uma forma geral essa chuva não será suficiente para recuperação da umidade do solo. Um novo sistema deve avançar na primeira semana de outubro, mas mais uma vez deve provocar chuvas mais intensas no Sul do Brasil e apenas episódios esparsos em áreas produtoras de café do Sudeste. As chuvas devem aumentar gradualmente no próximo mês, mas os maiores volumes estão previstos para a segunda quinzena do mês, tanto no centro-sul, quanto nas áreas do Cerrado e de Rondônia (CLIMATEMPO).
O atraso de navios acumulou 1,9 milhão de sacas de café não embarcadas em agosto último. Com preço médio de US$ 256,55 por saca exportada no mês passado, a não realização desses embarques impediu a entrada de R$ 2,651 bilhões em divisas ao Brasil, e exportadores tiveram custos extras de R$ 5,364 milhões, conforme apontou levantamento realizado pelo CECAFÉ - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, com associados que respondem por 77% dos embarques totais.
Até dia 27, os embarques de setembro estavam em 2.449.365 sacas de café arábica, 631.572 sacas de café conilon, mais 266.465 sacas de café solúvel, totalizando 3.347,402 sacas embarcadas, contra 2.910.649 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 27 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 3.953.501 sacas, contra 3.251.472 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 20, sexta-feira, até o fechamento de hoje, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 1840 pontos ou US$ 24,34 (R$ 132,31) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE, fecharam no dia 20 a R$ 1831,27 por saca, e hoje sexta-feira, a R$ 1935,39. Hoje, nos contratos para entrega em dezembro, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 475 pontos.