Café Girondino: vai reabrir o estabelecimento centenário no centro de SP
Bastam apenas alguns minutos na porta do Café Girondino, Rua Boa Vista, 365, para ouvir a pergunta: "vai reabrir?". Bem, vai sim. A partir de novembro, conforme anunciaram hoje os novos donos do pedaço, a Fábrica de Bares. O grupo em questão já toma conta de outros “medalhões” do centro paulistano, como o Bar Brahma (fundando em 1948), o Bar Léo (fundado em 1940) e o Riviera (fundado em 1949, no bairro vizinho da Consolação).
O investimento para trazer o Girondino de volta à vida não foi revelado, mas foi menor do que, por exemplo, montar um estabelecimento do zero. Portanto, o visual célebre endereço, com seu chão de madeira no primeiro piso e simpáticos azuleijinhos seguem presentes. Aliás, o atual endereço do Girondino, onde a operação está em ritmo de retomada, foi inaugurado em 1998. O endereço original onde a marca surgiu há 149 anos era mais próximo da Praça da Sé, na Rua 15 de Novembro.
— Foi uma oportunidade para nós, inclusive financeira. Estudamos o público que frequentava aqui, 50% vinha para o café da manhã, olha as vitrines e senta no balcão. Por isso, haverá grande oferta de panificação e confeitaria, em grande parte feita aqui dentro — diz um dos sócios Caire Aoas. — Para escolher nossa marca de café (será a Martins Café) pensamos em uma empresa com capacidade de atendimento e de abastecimento. Sabemos pelo volume da casa que não é possível depender de produtores de microlotes da bebida. Num final de semana, chegam a passar mil pessoas num dia aqui. Buscamos um produto que dava para atender qualidade e manutenção de entrega.
O Girondino deve repetir marcas do passado (como a manutenção das queridas receitas de arroz doce e pudim), mas também dar uma guinada mais alinhada com o que outros cafés paulistanos têm feito. Entrarão em cena, portanto, uma panificação interna com opções de fermentação natural e opções de brunch à lá carte. Aliás, o café da manhã seguirá como carro chefe do endereço, que tem o começo do expediente previsto para as 7h.
No horário mais à noite, por sua vez, entrará em cena uma carta de drinks especiais para a casa (como é de se esperar, é prevista a presença de uma opção de espresso martini).
O almoço executivo, outra vocação do Girondino, também está previsto a ser mantido. O pleno funcionamento da casa, porém, deve começar a ocorrer só em 2025.
As conta que não foi possível recontratar nenhum dos 15 funcionários que faziam parte do café quando ele fechou, em junho. Todos foram absorvidos pelo mercado paulistano rapidamente. Informalmente, porém, parte do staff antigo ajudou a repassar alguns segredos da casa. Da localização da caixa d'água à receita do pudim (que não estava escrita e nenhum lugar, foi apenas narrada por um dos ex-funcionários).
Vale dizer que, nesse período sem funcionamento na Rua Boa Vista, o Girondino manteve a operação em andamento no Centro Cultural Banco do Brasil (o CCBB, também no centro), onde há uma segunda unidade. O trabalho por lá será mantido.
Uma vez inaugurado, o lugar deve adotar certa vocação cultural para movimentar o endereço. Há a previsão, por exemplo, de receber mostras temporárias do Museu do Café de Santos (ligado à Secretaria Estadual de Cultura), para justamente dar destaque ao grão como elemento importante no estabelecimento da cidade de São Paulo.
Outro plano é requalificar uma praça em frente, onde neste momento há obras do metrô. A ideia é que haja a possibilidade de atendimento na calçada. Apresentações musicais também devem fazer parte da programação do novo Girondino (que manterá o nome e a marca).