É preciso acompanhar o “pegamento” das flores e dos frutos do café
Santos, sexta-feira, 1 de novembro de 2024
A abertura da principal florada do ano nos cafezais brasileiros, com a chegada das chuvas na segunda quinzena de outubro, após um logo período de seca, que em muitas regiões cafeeiras do Brasil ultrapassou os 150 dias, e a forte desvalorização do real frente ao dólar – o dólar fechou hoje no maior nível desde maio de 2020 – levaram a uma semana de fortes oscilações e queda nas cotações do arábica na ICE Futures US e do robusta na ICE Europe. A aproximação da entrada no mercado da nova safra de robusta vietnamita aumenta a pressão sobre as cotações em Londres.
Agora é preciso acompanhar o “pegamento” das flores e dos frutos. Como esperado, as primeiras informações que chegam das regiões produtoras não são boas.
Temos afirmado neste boletim, e repetimos mais uma vez, que a chegada das chuvas, ansiosamente aguardadas pelos cafeicultores brasileiros, em nossa opinião, não muda os fundamentos do mercado, que continuam os mesmos. Essas chuvas são essenciais para a formação das próximas safras brasileiras de café 2025/2026 e 2026/2027 e deverão diminuir o ritmo dos estragos, mas não recuperarão o muito que já foi perdido. É certo que já existem danos, e não são pequenos, na formação da próxima safra brasileira de café 2025. Será preciso acompanhar o ciclo das chuvas e as temperaturas médias no decorrer da primavera e verão, para então, a partir de março de 2025, nossos agrônomos avaliarem, com segurança maior, o tamanho das perdas na produção brasileira de café em 2025.
Para turvar ainda mais o cenário, os problemas climáticos se sucedem, são globais, e sem sinais de normalização à vista.
O aumento do consumo mundial de café nestas primeiras décadas do século 21, ao mesmo tempo que eventos climáticos, a cada ano mais severos, dificultam a produção dos principais países produtores, derrubaram criticamente os estoques mundiais de café, sem perspectivas de recomposição nos próximos anos.
Em um dia de forte desvalorização do real – o dólar subiu hoje, dia 1º, 1,52 %, batendo na máxima do ano - os contratos de café na ICE Futures US e na ICE Europe, fecharam em queda. No Brasil, o dólar acumulou no mês de outubro, alta de 6,14 % frente ao real, contribuindo bastante com a pressão sobre as cotações do café em Nova Iorque e Londres.
Hoje, sexta-feira, os contratos de arábica para dezembro próximo na ICE Futures US, oscilaram 795 pontos entre a máxima e a mínima, batendo na máxima do dia em US$ 2,4925 por libra peso, em alta de 335 pontos. Fecharam o pregão valendo US$ 2,4295 por libra peso, em baixa de 295 pontos. Ontem esses contratos caíram 370 e anteontem subiram 150 pontos. Na terça-feira caíram 425 pontos e na segunda apresentaram alta de 395 pontos. Nesta semana esses contratos somaram queda de 545 pontos. Na semana passada recuaram 890 pontos, e na semana anterior à passada subiram 525 pontos.
Na ICE Europe, em Londres, os contratos de robusta para janeiro, bateram em 4.405 dólares na máxima do dia, em alta de 36 dólares. Terminaram o pregão a US$ 4.279 por tonelada, em queda de 90 dólares. Ontem recuaram 84 dólares e anteontem apresentaram alta de 55 dólares. Na terça-feira caíram 104 dólares e na segunda subiram 91 dólares. Somaram perdas de 132 dólares nesta semana e de 204 dólares na semana passada. Na semana anterior à passada recuaram 63 dólares.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures US subiram 4.365 sacas hoje. Fecharam o dia em 856.423 sacas. Há um ano eram de 380.033 sacas. Subiram nesse período 476.390 sacas. Subiram nesta semana 13.139 sacas. Recuaram na semana passada 6.425 sacas. Na semana anterior à passada somaram alta de 34.622 sacas. No mês de outubro subiram 38.059 sacas e no mês de setembro recuaram 33.874 sacas.
O dólar fechou hoje a R$ 5,8690, em alta 1,52 %. Ontem subiu 0,29 %. Encerrou a sexta-feira passada a R$ 5,7060 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 5,6990.
Em reais por saca, os contratos para dezembro próximo em Nova Iorque, fecharam o pregão hoje valendo R$ 1.886,15. Ontem encerraram o dia a R$ 1.880,42. Terminaram a sexta-feira passada a R$ 1.874,90 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 1.939,69.
No mercado físico brasileiro, os compradores, no decorrer da semana, mantiveram as bases de preços em suas ofertas praticamente estáveis, com as quedas nas cotações dos contratos em Nova Iorque e Londres sendo compensadas pela forte alta do dólar frente ao real, mas o mercado mostrou-se sempre difícil, praticamente travado. O volume de negócios fechados no físico brasileiro ficou abaixo do usual para esta época do ano.
Até dia 1, os embarques de outubro estavam em 3.288.605 sacas de café arábica, 803.935 sacas de café conilon, mais 307.591 sacas de café solúvel, totalizando 4.400.131 sacas embarcadas, contra 4.380.315 sacas no mesmo dia de outubro. Até o mesmo dia 1 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 5.002.705 sacas, contra 4.664.048 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 25, sexta-feira, até o fechamento de hoje, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 545 pontos ou US$ 7,21 (R$ 42,31) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE, fecharam no dia 25 a R$ 1874,90 por saca, e hoje sexta-feira, a R$ 1886,15. Hoje, nos contratos para entrega em dezembro, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 295 pontos.
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