Em mercado fortemente estressado, começa se formar um intensa tempestade
Por José Roberto Marques da Costa
O volume de negócios em NY atingiu 36.367 lotes em NY, 21.597 lotes a mais do que no pregão de quinta-feira, o contrato de março fechou em forte alta 16,75 cents ( 5,34% ) a 330,25 cents, variando de 18,00 cents, de 313,70 cents a 331,70 cents, ultrapassando as três resistências do dia em 318,27 cents, 323,03 cents e 330,42 cents, recuperando as perdas de segunda-feira de 22,00 cents, aculumando alta de 12,20 cents nesta semana com forte volatilidade de 41,25 cents ( 14,2% ). O volume em Londres atingiu 18.220 lotes, 2.681 lotes a mais que quinta-feira, contratos futuros de café robusta em janeiro teve alta de US$ 258, fechando em US$ 5.117/t, variando US$ 280, de US$ 4.913/t a US$ 5.117/t, ultrapassando também as três resistências do dia em US$ 4.917/t US$ 4.962/t e US$ 5.040/t, nos últimos três pregões valorizou 10,8% depois da queda de 16,87% nos pregões de sexta, segunda e terça-feira e na semana acumula perda de R$ 256.
O relatório da CFTC referente a 02 de dezembro mostram que os grandes fundos diminuíram suas posições compradas ( - 1.071 lotes ) e diminuíram suas posições vendidas (- 390 lotes), neste período a variação de março passou de 308,85 cents a 295,50 cents, queda de 14,35 cents. Os dados mostraram queda de 1,7% nas posições líquidas compradas dos grandes fundos. As posições abertas tiveram queda de 1,3%, passando 260.017 lotes para 256.527 lotes. Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 39.045 posições líquidas compradas, sendo 50.398 posições compradas e 11.353 posições vendidas no último dia 02. No relatório anterior, referente a 26 de novembro, eles tinham 51.469 posições líquidas compradas sendo 51.467 posições compradas e 11.743 posições vendidas. No resumo, 81,6% aposta na alta e 18,4% na baixa.
Na analise técnica da Economies de quinta-feira mencionava "o preço do café formou uma recuperação corretiva de baixa após registrar o nível de 335,00 cents, observando o teste do suporte principal em 288,00 cents, seguido pelo início da renovação das tentativas de alta, fixando-se perto de 301,00 cents. A flutuação estocástica atual perto do nível 20 pode forçar o preço a fornecer algumas negociações laterais até reunir o momentum positivo novamente, para conseguir formar novas ondas de alta e atingir 311,60 cents, seguido pelo alcance da máxima registrada em 335 cents, a fim de encontrar uma maneira de retomar a alta no próximo período". Com o gráfico indicando recuperação depois manteve suporte de 288,00 cents com a mínima da semana em 294,05 cents, quando começou novo rally, ultrapassar 301,00 cents, 311,60 cents, 318 cents, 325 cents e fechando nesta sexta-fira acima de 330,00 cents.
Caso não tenha nenhuma influencia extrema e a bolsa de NY não aumentar ainda mais a quarantias dos contratos como aconteceu na sexta-feira passada (29), quando reajustou em mais de 30% para US$ 9 mil, retirando muitos especuladores do mercado de café em NY ( este foi o grande motivo da queda de 22 cents na segunda-feira). Londres, também reajustou sua quarantia para US$ 5,6 mil, um dia antes, na quinta-feira (28) da semana passada, tudo indica que pode buscar a máxima da semana passada acima de 335,00 cents e tentar buscar duas resistências, que estão em 336,73 cents e 343,22 cents, a terceira está em cents 354,73 cents. Os suportes estão em 318,73 cents, 307,22 cents e 300,73 cents.
Segundo The Business Times, o prêmio do café arábica sobre os grãos robusta aumentou para o maior nível desde abril de 2023 em meio a preocupações com a escassez de oferta da variedade mais cara. A diferença de preço expandiu para mais de 96 cents. O contrato mais ativo em Nova York subiu mais de 11% nos últimos três dia preocupações com a menor produção no Brasil. Os suprimentos globais de café estão diminuindo após vários anos de safras decepcionantes na nação sul-americana. A seca extrema no início deste ano prejudicou as perspectivas para a colheita que começa em maio, levando os preços ao maior nível em quase cinco décadas no mês passado. A ampliação da arbitragem “certamente dará início à conversa sobre a mudança de demanda”, disse Tomas Araujo, um associado comercial da StoneX.
Os suprimentos de grãos robusta também permanecem apertados no curto prazo, já que os fazendeiros estocam grãos e as chuvas atrasam a colheita no principal produtor, o Vietnã. Os preços voláteis podem ter desencorajado as vendas e o comércio à vista no país tem sido tranquilo, mas os grãos podem começar a chegar a granel nas próximas duas semanas, escreveu o analista da ADM Investor Services, Mark Bowman, em uma nota de quinta-feira. O mercado também está monitorando dificuldades financeiras na indústria, já que os comerciantes de café lutam para atender às chamadas de margem após o rápido aumento nos preços. Alguns participantes que venderam futuros foram forçados a comprá-los de volta para se afastarem do mercado, enviando os preços ainda mais para cima.
Enquanto isso, especialistas preveem mais um ano de produção fraca de café. O Brasil produz quase metade do arábica do mundo. São grãos de alta qualidade usados principalmente em misturas torradas e moídas. O país sofreu uma das piores secas já registradas neste ano. Especialistas dizem que as árvores estão produzindo muitas folhas e poucas flores que se transformam em cerejeiras. No Vietnã, que produz cerca de 40% dos grãos robusta normalmente usados para fazer café instantâneo, uma seca severa foi seguida por excesso de chuvas desde outubro.
No artigo de Patrícia José Perez, publicado pela Agnocafé, descreve uma situação catastrófica, " o Brasil e o Vietnã, os dois maiores produtores de café do mundo, foram atingidos por eventos climáticos catastróficos que ameaçam reduzir suas colheitas significativamente, enviando ondulações pelo mercado internacional. O déficit previsto na produção levou a um aumento acentuado nos futuros do café. Os preços do café arábica já subiram para seus níveis mais altos em décadas, enquanto os preços do robusta também estão vendo uma subida significativa, atingindo níveis não vistos desde 1977. Como resultado, os especialistas preveem que o preço do café vai disparar no próximo ano, criando uma situação difícil para os consumidores de café e empresas. Os desafios no Brasil e no Vietnã vêm na esteira de interrupções semelhantes em outras commodities agrícolas, levantando preocupações sobre a estabilidade de longo prazo das cadeias de suprimentos globais.
" Analistas financeiros e especialistas do setor estão monitorando de perto esses desenvolvimentos, observando que o futuro dos preços do café dependerá da rapidez com que esses países podem se recuperar de suas crises atuais e se os contratempos relacionados ao clima continuarão a afetar a produção nos próximos anos. Os efeitos combinados das condições climáticas adversas no Brasil e no Vietnã, juntamente com fatores econômicos mais amplos, estão se moldando para criar um mercado de café volátil. O aumento de 25% no preço previsto para 2025 sinaliza uma tempestade se formando que pode remodelar a forma como o café é consumido ao redor do mundo, com consumidores e empresas enfrentando custos mais altos e potenciais escassez".
Segundo, Eduardo Carvalhaes, desde a alta pós-geada de 1975, não se assistia um movimento de alta tão rápido e forte no mercado de café, como o que presenciamos nas últimas semanas, apesar de citar que esta comparação atende a uma perspectiva histórica, já que foram 47 anos de mudanças na economia e na gestão das commodities. De todo modo, os problemas climáticos globais persistem, prejudicando a produção de café, os estoques de segurança baixos e a resistência de produtores brasileiros em vender o grão nos meses finais deste ano configuram o sinal vermelho deste mercado. “Há estimativas de que apenas 20% da atual safra 2024 ainda esteja na mão de produtores.
Segundo a Trading Economics, as cotações condensam uma sequência de aumentos impulsionados por um dólar mais fraco e por correções de mercado após recentes quedas acentuadas.“Entretanto, persistiram preocupações sobre potenciais danos a longo prazo nas culturas de café no maior produtor, o Brasil, devido às condições climáticas adversas ao longo do ano. Embora as chuvas tenham chegado em outubro, a umidade do solo permanece baixa e os especialistas dizem que as árvores estão produzindo demasiadas folhas e poucas flores, que se transformam em cerejas”, diz o boletim.
Segundo sócio da consultoria Pine, Vicente Zotti, a valorização do grão pode continuar e chegar a romper a barreira dos 340 cents. O impacto maior é para o bolso do consumidor brasileiro, que já sente o repasse do pacote de café moído e torrado nas prateleiras dos supermercados. Apesar de os fundamentos não terem mudado, as negociações do café estão regidas por especulações e dúvidas sobre a quebra da oferta global diante de um potencial aquecimento da demanda, em especial nos países da Europa e nos Estados Unidos, onde a estação é a invernal, que corrobora para o aumento de consumo de café. A situação no Brasil é a oposta e pode equacionar o déficit de fornecimento. As exportações continuarem recordes e os danos nas plantas do Brasil mostrarem que o tamanho da redução do volume a ser colhido em 2025-26, aí sim o grão pode atingir novos recordes.
Os exportadores de café do Brasil de propriedade da Montesanto Tavares Group Participações SA receberam um período de carência de 60 dias para renegociar dívidas com credores. A decisão, vista pela Bloomberg News, foi divulgada sexta-feira pelo juiz Murilo Silvio de Abreu. O juiz recusou no início desta semana um pedido semelhante de carência das duas empresas de propriedade da Montesanto – Atlântica Exportação e Importação SA e Cafebras Comércio de Cafés do Brasil SA.
Na decisão anterior, a Montesanto havia pedido ao tribunal para impedir que os corretores liquidassem as posições de hedge dos exportadores no mercado futuro de café, bem como proteção para os chamados contratos ACC, que envolvem financiamento para exportadores. Após a rejeição inicial, a empresa voltou a solicitar um período de carência sem incluir essas questões, disse Daniel Vilas Boas, advogado das empresas. Um aumento acentuado nos preços do café criou dificuldades para alguns exportadores, que compram e vendem suprimentos físicos de café e usam o mercado futuro para hedge. Com os futuros do café arábica subindo mais de 70% este ano, eles estão tendo que lidar com custos maiores de hedge devido a chamadas de margem mais altas.
A atividade comercial foi fraca no Vietnã, já que grãos de café da safra 2024/25 ainda não chegaram. "Os preços de Londres estão muito voláteis. Tanto fazendeiros quanto comerciantes estão cautelosos com seus movimentos no momento", disse um comerciante baseado no cinturão do café. "O café pode chegar a granel em 10-15 dias. Os agricultores acabaram de colher 30% de sua safra."
De acordo com a Associação Vietnamita de Café e Cacau (VICOFA), depois de mais de um ano de crescimento contínuo, pela primeira vez, o café exportado teve uma diminuição mensal tanto em quantidade como em valor em comparação com o mesmo período do ano passado.Especificamente, em Novembro, as empresas exportaram 50.605 toneladas ( 843.341 sacas ) de café verde, faturando 250,4 milhões de dólares com um preço unitário médio de 4.947 dólares/tonelada. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a produção de café exportado diminuiu 47,4% em volume e 0,5% em volume de negócios. Quanto ao café Robusta, em novembro o Vietnã exportou 45.158 USD/ton, preço unitário 4.914 USD/ton.
As exportações de café diminuíram durante o mês da colheita no Vietnã porque a colheita estava atrasada, os agricultores não tinham pressa em vender e, por isso, a oferta limitada fez subir os preços. O alto preço do café deixa muitos compradores cautelosos e esperam que o preço diminua num futuro próximo, por isso não o compraram para armazenamento. Segundo o analista do Vietmamita Nguyen Quang Binh, a situação do abastecimento de café do Vietnã deixou o mercado preocupado quando o Gabinete Geral de Estatísticas informou que nos primeiros 11 meses de 2024, as exportações de café do Vietname diminuíram 14,3% para apenas 1,2 milhões de toneladas ( 19,992 milhõesde sacas ). A chuva na época da colheita deixa o negócio do café mais preocupado, tanto atrasado quanto preocupado com questões de qualidade.
As informações na midia do Vietnã são contraditória, a meses atrás, a Vicofa estimava que a safra deste ano teria uma queda de 10% ante a safra anterior e ficaria entre 24 a 24,5 milhões de sacas. Nesta semana, a Vicofa, informou que país pode produzir cerca de 28 milhões de sacas de café da colheita de 2024-25, um aumento em relação às estimativas anteriores de 26,7 milhões de sacas em 2023-24. Em menos de 60 dias, a estimativa que era 24 milhões de sacas passou para 28 milhões de sacas, alta de 17%.
Pelos preços dos contratos do café robsta em Londres, o mercado opera com números bem menores que o da Vicofa. Segundo a Bolsa Mercantil do Vietnã, na capital do café, Dak Lak, muitos produtores tiveram uma queda na produtividade de até 50% devido a uma onda de calor prolongada no início do ano. Segundo estatísticas do setor agrícola, Dak Lak é a principal cultura da província com uma área de 212 mil hectares, uma produção de cerca de 354 mil toneladas ( 5,747 milhões de sacas ), representando cerca de 30% da área do país e 33% da área do Planalto Central.
As alterações climáticas, a seca e as pragas provocam um declínio acentuado na produção de café apesar dos preços aumentarem, este ano-safra continua a “fracassar com bons preços”. Segundo dados do Gabinete Permanente do Comité Diretivo Provincial de Prevenção e Controlo de Desastres Naturais e Busca e Salvamento, neste último caso, a província teve mais de 18.700 hectares de café danificados, que representa 9% da área. Destes, mais de 1.000 hectares foram completamente danificados.