Ano de 2024 foi histórico para o café no Brasil e no mundo
Santos, sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Os eventos climáticos extremos persistem e são globais, prejudicando a produção de café em todos os principais países produtores. Com o consumo mundial em alta, os estoques de segurança se reduziram drasticamente, estão baixos, tanto nos países produtores como nos consumidores. As informações apontam para uma quebra significativa de volume na próxima safra de café 2025 do Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, além de segundo maior consumidor.
Esse quadro torna-se mais preocupante e assustador, quando juntamos a ele o fato de o Brasil ter batido em 2024 seu recorde de volume exportado em um ano calendário. Nossos embarques ficarão perto de 50 milhões de sacas, e mesmo assim, o abastecimento mundial é precário. Como nossa safra 2025 será menor que a de 2024, essa situação tende a ficar ainda mais crítica. Para chegarmos nesse inédito volume exportado, grande parte de nossa safra 2024 já não está mais em mãos de cafeicultores.
Esse cenário explica as cotações recordes dos contratos de café na ICE Futures US e na ICE Europe e não há indicações de normalização no clima mundial.
Hoje, o site da revista Globo Rural traz a matéria “Clima extremo deve continuar em 2025 e preocupa o agronegócio”. Previsões indicam períodos longos de seca intercalados com chuva intensa. Após um ano em que os extremos climáticos causaram perdas humanas e na economia em várias regiões do Brasil, não há, ao menos por ora, expectativa de trégua em 2025. E, mais uma vez, a agropecuária pode sofrer, já que as previsões para o próximo ano apontam para a continuidade de eventos como períodos longos de seca intercalados com chuvas intensas em um curto espaço de tempo, além de temperaturas acima da média.
Não há como prever como se comportarão as cotações do café em 2025.
Mesmo com o Banco Central do Brasil tendo vendido ontem mais US$ 3 bilhões ao mercado, elevando para US$ 30,77 bilhões o total nos leilões realizados nas duas últimas semanas, o dólar voltou a trabalhar em alta nesta sexta-feira. Na semana, o dólar avançou 2 %, fechando hoje a R$ .6,1930. Operadores de mercado estimam que a cotação do dólar deve encerrar 2024 próxima de R$ 6,15, com uma desvalorização acumulada de 27 % neste ano (fonte: jornal Valor Econômico).
Com a chegada do período de festas de final de ano, tivemos uma semana mais calma e desinteressada no mercado de café. Continuou o sobe e desce nos contratos de café. A forte desvalorização do real contribuiu com a queda das cotações em Nova Iorque e Londres, ontem e hoje. Os contratos de arábica na ICE Futures US fecharam nos últimos dias 23 e 24 em alta e ontem e hoje, em queda. Os de robusta, na ICE Europe, fecharam em alta nos dias 23 e 24, ontem não houve pregão, e hoje trabalharam em baixa.
Na ICE Futures US, os contratos de arábica para março próximo oscilaram hoje 710 pontos entre a máxima e a mínima, batendo na máxima do dia em US$ 3,2550 por libra peso, em alta de 85 pontos. Fecharam o pregão valendo US$ 3,2265 por libra peso, em queda de 395 pontos. Ontem caíram 395 pontos e na terça-feira, 24, subiram 135 pontos. Na segunda-feira, 23, apresentaram alta de 225 pontos. Somaram queda de 235 pontos nesta semana. Subiram 550 pontos na semana passada. Na semana anterior à passada caíram 1.075 pontos. Esses contratos subiram 7.255 pontos, 29,5 %, no decorrer do último mês de novembro.
Hoje, na ICE Europe, os contratos de robusta para janeiro, bateram em 5.100 dólares na máxima do dia, em queda de 46 dólares. Fecharam a 5.033 dólares por tonelada, em baixa de 113 dólares. Ontem não houve pregão. Subiram na terça-feira, dia 24, 33 dólares por tonelada, e na segunda-feira, dia 23, tiveram alta de 102 dólares. Somaram alta de 22 dólares nesta semana. Caíram 198 dólares na semana passada. Subiram 56 dólares na semana anterior à passada. Subiram 1.040 dólares por tonelada, 23,8 %, no último mês de novembro. Os contratos para março próximo recuaram hoje 88 dólares e fecharam a semana valendo 4.953 dólares por tonelada. Esses contratos subiram 33 dólares na terça-feira, dia 24, e 6 dólares na segunda-feira, dia 23. Somaram queda nesta semana de 49 dólares.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures US caíram hoje 595 sacas. Estão em 989.800 sacas. Há um ano eram de 246.941 sacas. Subiram nesse período 742.859 sacas. Somaram alta de 3.810 sacas nesta semana. Subiram 45.564 sacas na semana passada e 34.595 sacas na semana anterior à passada. Subiram 48.490 sacas no mês de novembro e 38.059 sacas no mês de outubro. Recuaram 33.874 sacas em setembro.
O dólar fechou a R$ 6,1930, em alta de 0.21 %. Encerrou a semana passada a R$ 6,0720 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 6,0310.
Em reais por saca, os contratos para março próximo em Nova Iorque, fecharam o pregão hoje valendo R$ 2.643,18. Terminaram a sexta-feira passada a R$ 2.610,41. Encerraram a sexta-feira anterior à passada a R$ 2.548,91.
Portanto, apesar do recuo das cotações do café em Nova Iorque esta semana, com a forte alta do dólar frente ao real, em reais, as cotações desses contratos subiram.
Com a chegada dos feriados de final de ano e o dólar instável e sem rumo, o mercado físico brasileiro permaneceu praticamente paralisado. Há muito interesse comprador para todos os padrões de café, para exportação e consumo interno, porém é pequeno o interesse vendedor neste final de ano. Cafés arábica de boa qualidade a finos, bem-preparados e com bom porcentual de peneiras 17 e 18, são cotados a partir de R$ 2.200,00.
Até dia hoje, dia 27, os embarques de dezembro estavam em 1.893.877 sacas de café arábica, 371.803 sacas de café conilon, mais 269.018 sacas de café solúvel, totalizando 2.534.698 sacas embarcadas, contra 4.010.594 sacas no mesmo dia de novembro. Até o mesmo dia 27, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em dezembro totalizavam 3.312.671 sacas, contra 4.792.555 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 20, sexta-feira, até o fechamento de hoje, caiu nos contratos para entrega em março próximo 235 pontos ou US$ 3,11 (R$ 19,25) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE, fecharam no dia 20 a R$ 2.610,41 por saca, e hoje sexta-feira, a R$ 2.643,18. Hoje, nos contratos para entrega em março, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 200 pontos.