Mercado físico brasileiro praticamente paralisado por toda a semana
Santos, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
Em mais uma semana de ajustes após o término, na semana passada, da rolagem para maio dos contratos de arábica com vencimento em março próximo na ICE Futures US, as cotações do café em Nova Iorque e Londres trabalharam em queda. Nesta sexta-feira, após abrirem o dia em alta, esses contratos acabaram fechando com pequenas quedas, com os mercados globais pressionados por um “bate-boca” entre os presidentes dos EUA e da Ucrânia. Aqui no Brasil, além da pressão dos mercados globais, o dólar e os juros futuros aceleraram a alta, com os mercados locais reagindo negativamente à escolha de Gleisi Hoffmann na articulação política do governo Lula (fonte: jornal Valor Econômico).
Como temos repetido semana após semana, em nossa opinião, os fundamentos do mercado de café permanecem os mesmos. Os estoques são baixos, tanto nos países produtores como nos consumidores, e os problemas climáticos, com eventos extremos, se sucedem em todo o mundo, sem previsões de que diminuirão em 2025. No Brasil, temos um cenário apertado neste segundo semestre do ano-safra brasileiro (janeiro a junho), indicando dificuldades para abastecermos o consumo interno e nossas exportações nos próximos meses. Há um consenso no mercado brasileiro, de que é muito pouco o que ainda resta de café da safra atual em mãos dos cafeicultores. Com esse final de estoques, teremos de atender até maio o consumo interno brasileiro, de aproximadamente 1,7 milhão de sacas por mês, e nossas exportações de março, abril, maio e junho. Nossa nova safra 2025, não será maior que a 2024.
Uma nova onda de calor deve ocorrer no Brasil de hoje, 28 de fevereiro até 6 de março. Segundo a Climatempo, o Sudeste e o Centro-Oeste terão um Carnaval de calor extremo causado por sistema de alta pressão em médios níveis na atmosfera, o que intensificará a circulação de ar de cima para baixo, inibindo a formação de nuvens e favorecendo o aumento nas temperaturas. Esta é a quinta onda de calor que atinge o país no ano. No período, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, parte de Goiás e do Mato Grosso do Sul marcarão temperaturas de ao menos 5ºC a 7ºC mais quentes que a média prevista para o mês de março (fonte: CNN. Veja a matéria no clipping de nosso site).
A disparada dos preços do café está afetando não apenas o bolso dos consumidores. Comerciantes do grão de regiões produtoras que negociaram café nos últimos meses acreditando que haveria freio na alta, têm tido dificuldade de honrar compromissos. Os casos são pontuais, mas geram preocupação no mercado, pelo temor de que se ampliem. Ao menos quatro empresas, todas de Minas Gerais, tiveram problemas recentes. São elas: Atlântica e Cafebrás, do grupo Montesanto Tavares, um dos maiores exportadores de café do Brasil, a Central do Café e a Cooperativa Central de Muzambinho. O problema acontece porque alguns comerciantes fecharam contratos futuros de venda sem ter o grão ‘em mãos’, esperando uma queda nos preços do café até a entrega. Mas os preços não pararam de subir nas bolsas internacionais e no Brasil. Como resultado, as empresas perderam fluxo de caixa e tiveram prejuízo, ou quebraram os contratos. Há casos também de produtores que entregaram café nos armazéns de comerciantes em contratos prevendo pagamento a prazo, mas não receberam (fonte: revista Globo Rural).
Os contratos de arábica com vencimento em maio próximo na ICE Futures US em Nova Iorque, oscilaram hoje 935 pontos entre a máxima e a mínima, batendo em US$ 3,7905 na máxima do dia, em alta de 535 pontos. Fecharam valendo US$ 3,7305, com perdas de 55 pontos. Ontem caíram 160 pontos e anteontem 70 pontos. Na terça-feira recuaram 890 pontos e na segunda, 445 pontos. Somaram queda nesta semana de 1620 pontos e na semana passada de 1.815 pontos. Na semana anterior à passada subiram 1.070 pontos. Neste mês de fevereiro, esses contratos para maio próximo somaram alta de 170 pontos. No mês de janeiro subiram 5.650 pontos. A alta acumulada em 2025 nos contratos de arábica para maio próximo em Nova Iorque é de 5.820 pontos.
Na ICE Europe, os contratos de robusta para maio próximo bateram, na máxima do dia, em 5.425 dólares por tonelada. Fecharam o pregão valendo 5.330 dólares, em queda de 34 dólares. Ontem caíram 34 dólares e anteontem subiram 3 dólares. Na terça-feira recuaram 143 dólares e na segunda perderam 167 dólares. Caíram nesta semana 387 dólares e na semana passada 9 dólares. Neste mês de fevereiro somaram queda de 364 dólares por tonelada. No mês de janeiro esses contratos subiram 889 dólares. A alta acumulada em 2025 nos contratos de robusta para maio próximo em Londres é de 525 dólares por tonelada.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures US caíram hoje 3.540 sacas. Estão em 805.588 sacas. Há um ano eram de 342.766 sacas. Subiram nesse período 462.822 sacas. Somaram alta nesta semana de 17.589 sacas. Na semana passada caíram 51.400 sacas e na semana anterior à passada 23.339 sacas. Neste mês de fevereiro somaram quedas de 61.994 sacas. No mês de janeiro caíram 112.385 sacas. Portanto, em 2025, os estoques certificados na ICE americana somaram quedas de 174.379 sacas.
O dólar fechou nesta sexta-feira a R$ 5,9160 em alta de 1,49 %. Encerrou a semana passada a R$ 5,7310 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 5,6970.
Em reais por saca, os contratos para maio próximo na ICE Futures US fecharam hoje valendo R$ 2.919,37. Fecharam a última sexta-feira valendo R$ 2.950,89. Encerraram a sexta-feira anterior à passada a R$ 3.070,16.
O mercado físico brasileiro apresentou-se praticamente paralisado por toda a semana. Há interesse para todos os padrões de café, mas nas bases oferecidas pelos compradores, os vendedores recuam e os negócios não são concluídos. O volume de vendas continua abaixo do necessário para atender às necessidades do consumo interno e exportação.
Até dia 28, os embarques de fevereiro estavam em 2.327.601 sacas de café arábica, 194.319 sacas de café conillon, mais 227.557 sacas de café solúvel, totalizando 2.749.477 sacas embarcadas, contra 3.668.618 sacas no mesmo dia de janeiro. Até o mesmo dia 28, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em fevereiro totalizavam 2.982.242 sacas, contra 4.499.988 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 21, sexta-feira, até o fechamento de hoje, caiu nos contratos para entrega em maio próximo 1.620 pontos ou US$ 21,42 (R$ 126,78) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE, fecharam no dia 21 a R$ 2.950,89 por saca, e hoje sexta-feira, a R$ 2.919,37. Hoje, nos contratos para entrega em maio, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 55 pontos.
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