No mercado de café os fundamentos permanecem os mesmos
Santos, sexta-feira, 7 de março de 2025
Nesta semana, tivemos intensas oscilações na ICE Futures US e na ICE Europe. Os contratos de café subiram forte nos três primeiros dias da semana e recuaram ontem e hoje. Depois de todo o “sobe e desce”, fecham a semana com balanço positivo. Os contratos de arábica, em Nova Iorque, somaram alta de 1.135 pontos, 3 %, e os de robusta, em Londres, subiram 23 dólares, 0,43 %.
Em nossa opinião, as oscilações desta semana foram, em grande parte, reações dos operadores, à divulgação pelo presidente americano, de medidas econômicas e políticas, ainda não devidamente esclarecidas. No mercado de café os fundamentos permanecem os mesmos. Os estoques são baixos, tanto nos países produtores como nos consumidores, e os problemas climáticos, com eventos extremos, se sucedem no Brasil e em todo o mundo, sem previsões de que diminuirão em 2025. No Brasil, temos um cenário apertado neste segundo semestre do ano-safra brasileiro (janeiro a junho), indicando dificuldades para abastecermos o consumo interno e nossas exportações nos próximos meses. Há um consenso no mercado brasileiro, de que é muito pouco o que ainda resta de café da safra atual em mãos dos cafeicultores. Com esse final de estoques, teremos de atender até maio o consumo interno brasileiro, de aproximadamente 1,7 milhão de sacas por mês, e nossas exportações de março, abril, maio e junho. No melhor dos cenários, nossa nova safra 2025 não será maior que a 2024.
O governo federal anunciou na noite de ontem, quinta-feira, um pacote de medidas para tentar reduzir o preço dos alimentos no país. Serão zerados impostos de importação de vários itens, como café, açúcar e carnes. Também foram divulgadas iniciativas regulatórias e incentivos para a produção de itens da cesta básica no próximo Plano Safra. Serão zeradas as alíquotas de importação de carne (atualmente em 10,8%), do café (9%), açúcar (14%), milho (7,2%), óleo de girassol (9%), azeite de oliva (9%), sardinha (32%), biscoitos (16,2%) e massas alimentícias (14,4%). Segundo a ABICS – Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel, a medida do governo para conter inflação de alimentos é inócua. Zerar alíquota de importação sem ter autorização sanitária para entrar não gera nenhum tipo de repercussão ou vantagem.
“A medida é inócua porque qualquer produto de origem vegetal ou animal, para entrar no Brasil, precisa passar por análise de risco fitossanitário do Ministério da Agricultura e Pecuária. Tornar a alíquota de importação de café zerada, sem ter autorização sanitária para entrar, não gera nenhum tipo de repercussão ou vantagem”, avaliou Aguinaldo Lima, diretor de relações institucionais da ABICS. Ele acrescentou que, no caso de produtos vegetais como o café, é necessário fazer análise de risco de pragas e, atualmente, só há dois países de onde o Brasil pode importar café, Peru e Vietnã.
O Vietnã, maior produtor de robusta do mundo, teve problemas na safra, que cresceu em relação à temporada passada, mas ficou abaixo das previsões iniciais. No primeiro bimestre do ano, as exportações de café do país recuaram 23,5% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. As exportações do Peru, por sua vez, recuaram 77% em volume em janeiro (fonte dessas informações: Revista Globo Rural).
Os contratos de arábica com vencimento em maio próximo na ICE Futures US em Nova Iorque, oscilaram hoje 1.300 pontos entre a máxima e a mínima, batendo em US$ 3,9205 na máxima do dia, em alta de 490 pontos. Fecharam valendo US$ 4,8715, com perdas de 275 pontos. Ontem caíram 2.280 pontos e anteontem subiram 1.155 pontos. Na terça-feira fecharam em alta de 1.175 pontos e na segunda apresentaram ganhos de 1.360 pontos. Somaram alta nesta semana de 1.135 pontos. Caíram na semana passada 1620 pontos e na semana anterior à passada 1.815 pontos. No mês de fevereiro, esses contratos para maio próximo somaram alta de 170 pontos. No mês de janeiro subiram 5.650 pontos.
Na ICE Europe, os contratos de robusta para maio próximo bateram, na máxima do dia, em 5.478 dólares por tonelada. Fecharam o pregão valendo 5.353 dólares, em queda de 74 dólares. Ontem caíram 216 dólares e anteontem 2 dólares. Na terça-feira subiram 159 dólares e na segunda tiveram ganhos de 156 dólares. Somaram alta de 23 dólares nesta semana. Caíram na semana passada 387 dólares e na semana anterior à passada 9 dólares. No mês de fevereiro somaram queda de 364 dólares por tonelada. No mês de janeiro esses contratos subiram 889 dólares.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures US subiram hoje 3.145 sacas. Estão em 797.826 sacas. Há um ano eram de 410.877 sacas. Subiram nesse período 386.949 sacas. Somaram alta nesta semana de 7.762 sacas, e na semana passada, de 17.589 sacas. Na semana anterior à passada caíram 51.400 sacas. Em 2025, até o dia de hoje, esses estoques certificados recuaram 182.141 sacas.
O dólar subiu hoje 0,52 % frente ao real, fechando o dia a R$ 5,7900. Encerrou a semana passada a R$ 5,9160 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 5,7310.
Em reais por saca, os contratos para maio próximo na ICE Futures US fecharam hoje valendo R$ 2.944,12. Fecharam a sexta-feira passada valendo R$ 2.919,37.
O mercado físico brasileiro permaneceu calmo, praticamente paralisado por toda a semana. Há interesse para todos os padrões de café, mas nas bases oferecidas pelos compradores, os vendedores recuam e os negócios não são concluídos.
Neste final de semana o tempo seco e quente vai continuar predominando sobre as áreas produtoras de café de São Paulo, Minas Gerais e interior da Bahia. Nessas áreas o calor deve se intensificar ainda mais até o domingo, acentuando o estresse térmico para os cafezais. (CLIMATEMPO).
Até dia 7, os embarques de fevereiro estavam em 2.587.036 sacas de café arábica, 202.593 sacas de café conilon, mais 274.149 sacas de café solúvel, totalizando 3.063.778 sacas embarcadas, contra 3.858.121 sacas no mesmo dia de janeiro. Até o mesmo dia 7, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em fevereiro totalizavam 3.113.722 sacas, contra 4.589.953 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Até dia 7, os embarques de março estavam em 239.192 sacas de café arábica, 7.527 sacas de café conilon, mais 20.840 sacas de café solúvel, totalizando 267.559 sacas embarcadas, contra 210.519 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o mesmo dia 7, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 448.424 sacas, contra 294.512 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 28, sexta-feira, até o fechamento de hoje, alta nos contratos para entrega em maio próximo 1135 pontos ou US$ 15,01 (R$ 86,93) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE, fecharam no dia 7 a R$ 2.919,37 por saca, e hoje sexta-feira, a R$ 2.944,12. Hoje, nos contratos para entrega em maio, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 275 pontos.
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